Petrobras (PETR4) ganha R$ 35 bi e BB (BBAS3) R$ 8 bi em valor de mercado após 1º turno; ações de Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQS3) caem

Ações de bancos privados também reagem, ainda que de forma mais tímida, ao primeiro turno mais apertado do que esperado entre Lula e Bolsonaro

Lara Rizério

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Como já indicado no movimento do pré-mercado da Bolsa de Nova York nesta segunda-feira (3), as ações das empresas estatais federais (assim como algumas estaduais) reagiram forte ao resultado do primeiro turno das eleições da véspera.

O grande destaque ficou para Petrobras (PETR3;PETR4), com alta de 8,86%, a R$ 36,01 para PETR3, enquanto PETR3 saltou 7,99%, a R$ 32,18, levando a um ganho de valor de mercado de mais de R$ 35 bilhões em apenas uma sessão, de R$ 413 bilhões para R$ 448,3 bilhões. Banco do Brasil (BBAS3) disparou 7,63%, a R$ 41,46, com ganho de valor de mercado de R$ 8,4 bilhões (de cerca de R$ 110,4 bi na sexta para R$ 118,8 bilhões na segunda), puxando papéis de outros bancos privados como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) para ganhos respectivos de 6,08% e 6,91%.

Cabe ressaltar que o mês de setembro foi de queda de cerca de 10% para os ativos da Petrobras, com os investidores repercutindo, além do desempenho das commodities, as falas de candidatos sobre a política de preços da companhia.  Lula, durante toda a campanha, tem dado declarações de que é contrário à política de preços da Petrobras, baseada na paridade internacional.

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Os ativos da estatal também repercutiram a alta de cerca de 4% do petróleo brent, com os investidores à espera da reunião da Opep+ nesta semana. A organização considera reduzir a produção em mais de 1 milhão de barris por dia (bpd), como forma de sustentar os preços com o que seria seu maior corte desde o início da pandemia de Covid-19.

De acordo com análise da XP, o resultado das eleições mostra uma eleição muito mais apertada do que era esperado inicialmente. “Isso trará possivelmente acenos mais ao centro por parte dos dois candidatos, na tentativa de atrair o eleitor de centro e ainda indeciso. Para os preços de ativos brasileiros, vemos esse cenário de uma eleição mais próxima possa ser recebido positivamente pelos investidores”, avalia a XP.

Na mesma linha, Ivo Chermont, sócio e economista-chefe da gestora Quantitas, destacou para o InfoMoney que “a primeira grande conclusão que se tira desses números é de que Lula, chegando ao segundo turno com uma margem mais apertada, precisará se direcionar mais ao centro do que imaginava. Lula ainda é o favorito, pois conquistou 48% dos votos, mas precisará suar a camisa”.

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Leia também: Como o mercado deve reagir ao resultado mais apertado que o previsto no 1º turno da eleição?

Além disso, aponta a XP, as eleições do Congresso nacional também indicam uma força relevante dos partidos de Centro e de Direita. Isso indica que o próximo presidente, seja ele Lula ou Bolsonaro, terá que seguir negociando com a Câmara e o Senado nas pautas mais importantes.

“Porém, vale lembrar que o cenário global e externo segue desafiador, o que pode também seguir pesando nos ativos brasileiros nas próximas semanas, durante o 2º turno. Nos últimos dias, notícias sobre possíveis dificuldades em alguns bancos europeus foram o destaque”, ressaltam os analistas.

Na visão da XP, o pleito segue em aberto para o 2º turno, e o mercado deve acompanhar de perto as próximas evoluções dos candidatos e suas propostas. Isso pode vir a elevar um pouco a volatilidade do mercado, que segue em um patamar baixo em relação ao histórico durante períodos eleitorais, afirma.

Os papéis e setores que tendem a ser mais sensíveis às eleições são as estatais, como Petrobras e Banco do Brasil, e setores domésticos como educação, imobiliário e varejistas.

Entre as poucas baixas do Ibovespa no dia, que avançou 5,54%, estiveram as ações do setor de educação, com Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3). Os ativos chegaram a despencar, amenizaram bem as perdas, mas ainda assim fecharam em queda, as únicas do índice, de 1,59% para YDUQ3 e de 0,34% para COGN3.

Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, já havia indicado ontem ao InfoMoney que setores que se beneficiaram com a perspectiva de um resultado mais favorável a Lula podem sofrer – caso do setor de educação, que vinha reagindo com a perspectiva de que um eventual governo petista voltasse a fortalecer programas como o ProUni e o Fies.

“Com a indicação de que é possível que Bolsonaro reverta o quadro para o segundo turno, empresas como Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3), que subiram em setembro, podem sofrer um pouco”, destacou na véspera.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.