Petrobras afirma que não vai mudar política de preços; ações fecham em alta

Coletiva de imprensa foi convocada de última hora pela estatal, o que gerou aversão ao risco no mercado

Mitchel Diniz

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A Petrobras (PETR3; PETR4) reiterou na tarde desta segunda-feira (27) que não haverá mudança na política de preços da companhia. A declaração foi dada por Joaquim Silva e Luna, presidente da estatal, em coletiva sobre os preços de combustíveis e vem no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou ter conversado com com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre como “melhorar ou diminuir” o preço dos combustíveis, um dos principais vilões da atual escalada inflacionária.

“Vemos um conjunto de fatores que nos impactam diretamente, quase como uma tempestade perfeita. Mas não há nenhuma mudança na política de preços da Petrobras“, disse Silva e Luna. Após a fala, as ações da Petrobras engataram ganhos. Os papéis ordinários (PETR3) fecharam em alta de 1,56%, a R$ 27,99. Os preferenciais avançaram 0,89% a R$27,14.

Mais cedo, quando foi anunciada a coletiva, as ações zeraram os ganhos com preocupação sobre interferência na política de combustíveis da estatal. Porém, o objetivo da entrevista era apenas explicar a formação de preço dos combustíveis e divulgar ações da empresa de combate à crise energética.

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Silva e Luna lembrou que a Petrobras está sujeita a rigorosas regras de governança e é acompanhada por órgãos públicos e de mercado.

As ações da Petrobras foram impulsionadas desde cedo pela alta do preço petróleo no mercado internacional. O barril do Brent com vencimento em novembro está sendo negociado a US$ 79,39, com alta de 1,66%. O WTI sobe 1,88% a US$ 75,37. É a quinta sessão de consecutiva de alta para os preços do petróleo, em meio às preocupações com a oferta. As interrupções na produção global forçaram empresas de energia a retirar grandes quantidades de petróleo dos estoques.

O presidente da Petrobras destacou que o patamar do Brent está elevado e indicou a necessidade “algum movimento”. A diretoria executiva da empresa não descarta novos ajustes no preço dos combustíveis. “Os preços estão defasados e estamos avaliando um reajuste de preços. Isso passa por uma avaliação técnica, interna, e depende de uma evolução de cenários”, afirmou Claudio Mastella, diretor de comercialização e logística da estatal.

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Já sobre o subsídio do GLP (gás natural), Silva e Luna afirmou que esse é um tema de governo, sendo que a Petrobras só participa das discussões.

Me acusaram de interferir

A declaração de Bolsonaro sobre possíveis intervenções na estatal foi feita em evento da Caixa Econômica Federal que lançou uma nova linha de crédito para “comemorar” os mil dias de governo.

“Hoje falei com o ministro Bento, conversando sobre a nossa Petrobras, o que nós podemos fazer para melhorar ou diminuir o preço na ponta da linha, onde está a responsabilidade”, declarou Bolsonaro durante o evento.

Ele ainda voltou a defender sua decisão, anunciada no início do ano, de indicar um novo nome para a Petrobras – no caso, Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco.

“Me acusaram de interferir. É um direito meu”, ressaltou o chefe do Executivo, ponderando que não tem poder de decidir as coisas dentro da empresa. “Aqui, o grande acionista é o governo federal, mas temos regras, a lei da paridade.”

Na tentativa de se defender sobre a alta dos preços dos combustíveis, Bolsonaro citou avanço das cotações também nos Estados Unidos e afirmou que é preciso “ter conhecimento do que está acontecendo antes de culpar quem quer que seja”.

Ainda assim, reconheceu que qualquer fala sua equivocada ou distorcida mexe com a Bolsa ou com o preço do dólar, com potencial de impactar ainda mais o preço dos combustíveis.

Também hoje, o ministro da Economia Paulo Guedes indicou que plano do governo para um horizonte de dez anos contempla privatizar estatais de maneira irrestrita, incluindo a Petrobras e o Banco do Brasil.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados