Parceria entre Cogna e TIM para ensino pelo celular: o que as duas empresas têm a ganhar?

Cogna pode traçar novas avenidas de crescimento, enquanto a TIM explora o seu maior ativo, a sua base de clientes

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O anúncio de uma parceria ganhou destaque no noticiário corporativo na noite da última quarta-feira (8).

A Kroton, empresa de ensino superior do grupo Cogna Educação (COGN3) e a operadora TIM (TIMS3) anunciaram uma associação para criar uma nova companhia que fará a oferta de cursos de Ensino à Distância (EaD) pelo celular.

De acordo com o comunicado, haverá mais de 400 opções de cursos livres e mais de 250 de graduação e pós-graduação. Esta nova empresa usará a plataforma da Ampli, criada pela Kroton no ano passado com um investimento de R$ 240 milhões, e que tem 15 mil alunos matriculados.

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A marca busca a base de 50 milhões de clientes da TIM para crescer. A Kroton estima que poderá elevar em 20% sua captação anual de alunos em EaD, que superou os 400 mil alunos em 2020. O valor da mensalidade da graduação na Ampli é de R$ 150.

O comunicado informa ainda que por meio de um mecanismo de remuneração baseado em objetivos a TIM poderá se tornar acionista minoritária com até 30% do capital da nova empresa dependendo de quantos alunos conseguir captar.

Segundo a TIM, “no plano definido, há a expectativa de a Ampli buscar no futuro um IPO (oferta pública inicial de ações)”.

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Conforme aponta a Guide, o anúncio é positivo, pois permitirá que a Cogna atue na extensa base de clientes da TIM (cerca de 50 milhões de usuários), possibilitando que a companhia aumente sua base de alunos no segmento EAD. A equipe de análise avalia que o grupo deve começar a se beneficiar com a reabertura da economia a partir do segundo semestre.

A Levante Ideias de Investimentos também destaca que a notícia é positiva para ambas as companhias.

A TIM começa a explorar melhor um de seus principais ativos, sua vasta base de clientes. Para a companhia, o acordo representa sua segunda parceria neste modelo, sendo a primeira com o banco digital C6 realizada no ano passado.

O acordo com o banco possibilita que a TIM fique com até 15% do banco digital e, desde então, já originou mais de 2,8 milhões de contas. Em breve a companhia deve anunciar mais uma parceria no setor de saúde.

Já do lado da Cogna, ela consegue um forte canal de vendas para intensificar seus esforços de digitalização. A companhia de educação ainda foca em novas avenidas de crescimento.

Isso em um cenário em que o seu principal negócio, o ensino superior presencial, vem sofrendo desde o encerramento de um programa de financiamento estudantil mais forte por parte do governo em 2018 e também devido à elevada taxa de desemprego. A pandemia do coronavírus representou um forte revés ainda para os números da companhia.

Contudo, vale destacar que, apesar da notícia ser considerada positiva, a maior parte dos analistas segue cética com as ações da Cogna: de treze casas que cobrem o ativo, onze possuem recomendação neutra e duas possuem recomendação de venda.

Em recente análise, o Itaú BBA avalia que o setor de educação em geral pode seguir lutando com uma menor entrada de novos alunos enquanto as restrições à pandemia continuarem afetando o Brasil, potencialmente impactando o lucro até o final do ano.

Ao realizarem uma análise estimando os passos para a recuperação da taxa de matrícula, os analistas veem que, do ponto de vista relativo, a Cogna terá um caminho mais difícil para se recuperar e voltar aos níveis pré-pandêmicos, de 2019, além de destacarem o elevado grau de endividamento. Assim, possuem atualmente recomendação neutra para os ativos COGN3, com preço-alvo de R$ 6 por papel (ainda que um valor cerca de 44% do fechamento da véspera, de R$ 4,17).

Os economistas do Bradesco avaliam que o setor de educação está em recuperação, mas a captação de alunos ainda é um desafio. No ensino básico, a demanda tem apresentado alguma melhora e, como consequência, os ajustes das matrículas e as renegociações de parcelas cessaram. No ensino superior, a captura de alunos ainda é um grande desafio, mas a recuperação da atividade e do emprego devem impulsionar o segmento nos próximos trimestres, ainda que de forma gradual, apontam.

Assim, mesmo com a notícia positiva, a sessão desta quinta-feira (8) é de queda para as ações da Cogna, com baixa de 1,44%, a R$ 4,11, acumulando perdas de cerca de 11% no ano. O papel TIMS3 também tem perdas, até mais expressivas, de 2,58%, a R$ 11,34.

A sessão é negativa para o Ibovespa, com baixa de cerca de 1% para o índice, com os investidores repercutindo principalmente as preocupações sobre a retomada global em meio às novas variantes do coronavírus. O cenário impacta principalmente ações de empresas bastante atreladas à recuperação econômica, como as de educação. A Cogna está dando passos em busca de novas alternativas de crescimento, mas ainda inspira cautela para os investidores.

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