Para presidente do Itaú, há risco de “bolha” na Bolsa brasileira – mas não no curto prazo

"Não vejo sinais de bolha ainda, mas vejo razões para estarmos atentos", avalia Cândido Bracher

Estadão Conteúdo

Cândido Bracher (Divulgação/Itaú)

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O presidente do Itaú Unibanco (ITUB4), Candido Bracher, disse, em conferência sobre os resultados do banco em 2019, que a “corrida” das pessoas físicas à Bolsa, motivada pelos juros historicamente baixos, ainda não pode ser classificada como uma “bolha”. Ele disse, porém, que a manutenção dessa situação por um período muito longo pode abrir espaço para a formação de um excesso de dinheiro alocado em renda variável.

“Não vejo sinais de bolha ainda, mas vejo razões para estarmos atentos e o fenômeno pode e tende a ocorrer com taxas de juros muito baixas e por muito tempo”, disse. O presidente do maior banco privado da América Latina admitiu, porém, que o interesse pelo mercado de capitais – que embute um risco maior do que as aplicações de renda fixa – também reflete a melhora sensível nos resultados das companhias nacionais. “Os múltiplos de lucro e índices de preços em valor patrimonial estão bastante aceitáveis.”

A alocação de capital em renda variável deve chegar a um recorde em 2020, caso as projeções do mercado financeiro se concretizem. O banco Morgan Stanley, por exemplo, espera um número recorde de aberturas de capital para este ano – acima do total de 74 registrado em 2007. O movimento se justifica pela forte queda da taxa básica de juros, a Selic, que foi reduzida para 4,25% pelo Banco Central (BC) na semana passada.

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Na terça-feira, 11, Bracher citou que alguns fatores podem afetar os lucros dos bancos brasileiros em 2020. Os principais são o limite para os juros do cheque especial, a manutenção da Selic em patamares historicamente baixos e o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Todos esses fatores devem pesar também sobre os papéis das instituições financeiras.

Em relação ao aumento das concorrências, com o crescimento das fintechs, o executivo disse que o ambiente segue competitivo “como sempre”. “A competição sempre foi intensa. Não lembro na minha carreira de ter momentos de respiro. A concorrência, agora, se mostra igualmente intensa. Não chega a ser fundamentalmente diferente daquilo que já vivemos”, frisou.

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Quanto à economia, as previsões do Itaú Unibanco continuaram em 2,2% para 2020 – uma aceleração em relação à expectativa de 1,2% para o ano passado (os números do PIB de 2019 só devem ser divulgados pelo IBGE em março). “A impressão vista de hoje ainda é bastante boa”, afirmou Bracher.

IRB

O presidente do Itaú disse que o banco não tem nenhum desconforto com as demonstrações da resseguradora, que têm sido questionadas pela gestora carioca Squadra. Na segunda-feira, os papéis do IRB (IRBR3) caíram mais de 16% após novas críticas da Squadra. O banco tem participação de 11% na companhia e nomeou um membro no conselho de administração.

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