XP projeta Ibovespa em 149 mil pontos ao fim do ano, mas enxerga juro alto como risco

Analistas da corretora comentam ainda que momento de incerteza beneficia empresas pagadoras de dividendos e de qualidade

Vitor Azevedo

Ao completar 12 anos, o veículo entrega rentabilidade acumulada, até o fechamento do mês de março deste ano, de 138% do CDI

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Apesar de o mês de abril ter perpetuado o momento difícil para o Ibovespa, com os juros nos Estados Unidos — e também no Brasil — pressionando as performances dos ativos de risco, os analistas da XP continuam vendo o principal índice da Bolsa brasileira fechando 2024 nos 149 mil pontos, o que configura uma alta de cerca de 18% frente à fechamento de abril.  No entanto, o time também cita que enxerga riscos no caso de as taxas se manterem altas por mais tempo. 

“A narrativa do ‘pouso suave’ foi substituída em abril por “juros altos por mais tempo” depois que a inflação ao consumidor nos EUA veio acima das estimativas pelo terceiro mês consecutivo. Como resultado, as ações globais recuaram 3,4% em abril, mas ainda subiram 4,1% no acumulado do ano”, explica a equipe, composta por Fernando Ferreira, Jennie Li e Júlia Aquino.

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Cabe ressaltar que, na quarta-feira, feriado na B3, o Fed manteve juros à faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, como o esperado, indicou que um aumento das taxas é improvável ( oque animou o mercado), mas poderá demorar mais tempo para decidir cortar a taxa básica de juros dos EUA. Após a decisão, as apostas voltaram a indicar chance de início de corte dos juros americanos em setembro.

Juros mais altos nos EUA acabam refletindo nas Bolsas em todo o mundo, principalmente nas de países emergentes, como o Brasil. Investidores, neste cenário, tendem a preferir aportes nos títulos americanos ou em contratos privados do país, que oferecem mais segurança.

Fora isso, os especialistas da corretora também chamam a atenção para a questão geopolítica. Os ataques entre Irã e Israel, eles lembram, levantaram preocupações se tensões maiores no Oriente Médio, que poderiam escalar ainda mais o conflito atual, impactando os preços de commodities e pressionando a inflação. 

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“A recente série de dados mais aquecidos e preocupações com preços de commodities levaram os mercados a reprecificar o ciclo de corte de juros do Federal Reserve. Agora, o consenso espera entre um e dois cortes de juros em 2024, sendo que a expectativa era de sete cortes no início do ano”, expõem.

Os especialistas mencionam também, por fim, a deterioração fiscal brasileira ao citar o recuo do Ibovespa. “A recente revisão das metas de resultado primário levantaram dúvidas se essas metas serão alcançadas. Dessa forma, as ações brasileiras, novamente, tiveram um desempenho pior do que seus pares globais, caindo 1,7% em reais e, com uma forte desvalorização contra a moeda americana, caiu 5,1% em dólares”.

Ibovespa foi impulsionado por commodities

Considerando tudo, porém, a visão é de que o Ibovespa ainda se comportou bem, beneficiando-se da alta das commodities, já que 37% do índice responde a empresas desse setor. 

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Fora isso, há algum tempo, as exportadoras de produtos não-manufaturados também têm ganhado espaço entre as principais pagadoras de dividendos. “Quanto ao desempenho, é esperado que o índice dividendos tenha retornos superiores em cenários em que os investidores estão mais avessos ao risco, como estamos vendo em 2024”, explicam. 

Boa parte do índice de boas pagadoras de dividendos é formada também pelas empresas de utilidade pública, que são mais procuradas por investidores em períodos de incertezas. 

O time da corretora explica que em momento de juros elevados é necessário se posicionar em qualidade, de olho em lucros, crescimento, e alavancagem.