Os setores e as ações da Bolsa que podem ser afetados se a guerra Israel-Hamas perdurar

Impacto no petróleo, por enquanto, é o mais relevante, mas especialistas monitoram aéreas, produtoras de armas e outras questões

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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O estouro do conflito entre Hamas e Israel no sábado colocou investidores em modo de alerta, com investidores monitorando os possíveis impactos do conflito no mercado – inclusive em ações brasileiras.

No primeiro momento, o resultado mais óbvio dos ataques foi a alta dos papéis das petroleiras, na esteira do preço do petróleo. Ontem, o brent e o WTI subiram mais de 4% com os ataques. Nessa segunda, os papéis ordinários da PetroRecôncavo (RECV3) ganharam 8,70%, os da PRIO (PRIO3), 8,78%, e os da 3R Petroleum (RRRP3), 6,01%. As ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) tiveram altas de, respectivamente, 4,10% e 4,30%.

“Se a guerra escalar, podemos esperar mais altas de empresas de petróleo. Em resumo, por conta de possíveis sanções ou cortes de produção do petróleo do Irã”, diz Leandro Petrokas, diretor de research da Quantzed.

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Segundo ele, as suspeitas são de que o Irã ajudou a planejar o ataque junto ao Hamas. Com isso, é possível que haja sanções ou cortes de produção do país, que é, atualmente, o oitavo maior produtor de petróleo do mundo.

“Esses cenários podem fazer com que o preço do petróleo avance. Caso haja um conflito direto entre Irã e Israel a situação pode piorar ainda mais com o petróleo disparando”, explica o especialista.

A questão do Irã, por enquanto, é a mais monitorada. Hoje pela manhã, o perfil oficial de Israel no X, antigo Twitter, chegou a fazer uma ameaça ao país persa.

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“Frigoríficos e agro, em um primeiro momento, não devem sofrer impacto, somente se houver a extensão do conflito para outros países. Preço de commodity é oferta e demanda. O petróleo é uma commodity diretamente afetada pela região, já os grãos, por exemplo, não teriam impacto significativo, já que os países não têm relevância nesse setor”, contextualiza Petrokas.

Além dos impactos macroeconômicos

Para ele, no entanto, a Embraer (EMBR3) também é uma companhia a ser monitorada de perto, dessa vez por um motivo mais ligado ao micro.

“No setor aéreo, Embraer é um papel que pode subir, pois se a guerra escalar, pode surgir uma necessidade de jatos e caças”, fala.

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Ainda falando de companhias aéreas, mas mais na prestação de serviços, os papéis da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4) podem sofrer com a alta do petróleo – já que boa parte dos custos dessas companhias está nos combustíveis.

Ygor Araújo, analista do setor de transportes da Genial Investimentos, explica que as aéreas devem sentir pressão nas margens do quarto trimestre de 2023, por conta do combustível mais caro. Na semana passada, a Petrobras elevou o preço médio do querosene de aviação (QAV) em 5,3%.

O efeito cascata de uma restrição na oferta de petróleo, por sua vez, tende a chegar no câmbio que, segundo Araújo, tem sido o grande detrator de valor das companhia aéreas.

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“A Azul tinha câmbio de R$ 5,20 para 2023. Eu acho que ainda está dentro do que eles tinham de cenário possível”, afirma o analista.

Ele acredita que as aéreas brasileiras não devem sofrer impacto relevante de restrição de voos, como ocorreu com as companhias americanas.

“Embora as aéreas brasileiras tenham acordos de code share, as rotas estão mais concentradas na parte ocidental da Europa”, afirma o analista.

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Bruce Barbosa, sócio-fundador e analista de Ações da Nord Research, destaca que ontem empresas produtoras de armas tiveram suas ações avançando mundo afora. A brasileira Taurus (TASA4), contudo, surfou pouco no movimento. “É uma companhia que fabrica mas revólveres, acaba não se beneficiando tanto”, menciona.

Ele, por fim, explica que, no caso de o conflito escalar, daí sim, mais empresas tendem a sofrer.

“O impacto por enquanto é bem baixo. Com o petróleo subindo, pode-se argumentar que a inflação sobe e que, então, as economias ficarão mais fracas. Talvez precise de juros ainda mais altos, mas por enquanto a observação é que eles não devem subir tanto. Não vejo muitos impactos, mais no petróleo; É pouca coisa para o Brasil”, comenta.

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“Acaba sendo uma guerra mais localizada. Uma guerra maior, digamos assim, seria com o envolvimento dos Estados Unidos e do Irã. Aí podemos ter um cenário mais preocupante”, pontua.