Os 3 fatores que levaram o Ibovespa à máxima histórica e o dólar à mínima em mais de um mês

Mercado teve um desempenho muito positivo perto do fim do ano graças a boas notícias no front externo e melhora da economia

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa renovou máxima histórica nesta quinta-feira (12) e o dólar bateu mínima desde início de novembro. Foram três os fatores que movimentaram o mercado: o tão esperado acordo comercial entre Estados Unidos e China, a revisão da perspectiva do rating brasileiro pela Standard & Poor’s e a sinalização do Banco Central de que novos cortes de juros podem ocorrer em 2020.

Para o analista técnico da XP Investimentos, Gilberto Coelho, a projeção de Fibonnacci no gráfico do Ibovespa coloca a perspectiva de que o índice suba a 113.464 pontos ou 115.370 pontos em uma ou duas semanas.

“Para longo prazo, de dois a seis meses, Fibonnacci já projeta alta até 121.500 pontos”, avalia. De acordo com o analista, o ponto de stop dessa figura gráfica é a perda dos 109 mil pontos. A projeção foi realizada em vídeo no grupo de Telegram do InfoMoney.

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O principal índice da B3 teve alta hoje de 1,11%, a 112.199 pontos com volume financeiro negociado de R$ 21,558 bilhões. O segundo maior patamar de fechamento do Ibovespa foi atingido em 6 de dezembro, quando terminou cotado em 111.126 pontos. Já a máxima intradiária anterior era a do dia 9 deste mês (111.453 pontos).

Já o dólar comercial caiu 0,68% a R$ 4,092 na compra e a R$ 4,0931 na venda. No dia 6 de novembro, o câmbio fechou a R$ 4,0818. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2020 registrava perdas de 0,74%, a R$ 4,096.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 caiu seis pontos-base a 4,55% e o DI para janeiro de 2023 avançou cinco pontos a 5,76%.

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Confira o que movimentou o mercado:

1. Guerra comercial

Saiu à tarde uma notícia da Bloomberg de que negociadores dos EUA chegaram aos termos de um acordo comercial com a China. O acordo dependeria apenas da aprovação do presidente Donald Trump e poderia ser anunciado ainda hoje.

As informações vieram depois de Trump afirmar pelo Twitter que está muito próximo de um “acordo grande” com a China.

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Também foi veiculada uma notícia da Dow Jones de que os EUA estariam dispostos a aceitar uma redução de 50% nas tarifas impostas contra produtos chineses até agora.

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Segundo Alberto Bernal, estrategista-global da XP, os impactos do acordo serão sentidos principalmente no câmbio.

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“Níveis mais baixos de aversão ao risco e a necessidade das autoridades chinesas fornecerem um sinal claro de boa vontade provavelmente permitirão que o dólar se aprecie em relação ao yuan nos próximos pregões. Acreditamos que esse provável desenvolvimento de câmbio não tenha sido precificado pelos mercados como o de dólar contra o real”, afirma.

Analistas entendem que o limite para a realização de um acordo entre os dois países é domingo (15), quando passa a valer o aumento de 10% para 15% nas tarifas americanas sobre US$ 156 bilhões em mercadorias da China.

2. S&P

Por aqui, animou os investidores a S&P, que revisou a perspectiva para a nota de risco de crédito do Brasil de estável para positiva.

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Ontem, a S&P afirmou que o Brasil segue implementando medidas de consolidação fiscal destinadas à redução do déficit, que permanece grande, o que justificou a revisão. Este pode ser o primeiro passo na tão aguardada rodada de elevações no rating do País, que já está bem defasado em relação ao CDS, que na prática é um seguro contra o calote da dívida pública, e que já precifica o Brasil como um país com grau de investimento.

A nota de crédito do país na S&P continua em BB-, considerada grau especulativo. É possível que haja uma atualização do rating nos próximos dois anos, mas isso “se houver mais progresso — seja priorização, aprovação ou execução — na ampla agenda fiscal e de crescimento do governo, permitindo uma redução mais rápida dos déficits fiscais do Brasil e uma estabilização dos dinâmica da dívida.”

Hoje, o CDS brasileiro despencou para 103,1 pontos, o menor nível desde maio de 2013.

3. Copom

Além disso, o apetite por risco também se beneficia da decisão de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom), de reduzir os juros de 5% para 4,5% ao ano sem indicar que esse seria o fim do ciclo de cortes nas taxas.

Com os juros na mínima histórica e o comunicado não descartando totalmente novas baixas, ao contrário do que boa parte do mercado acreditava que aconteceria, a economia é estimulada pelo menor custo de crédito e a renda variável ganha atratividade em relação à renda fixa.

Os juros em 4,5% ao ano significam que quem investir em alguns fundos e títulos atrelados à Selic ou ao CDI pode já não ter mais retornos reais (acima da inflação). Ou seja, quem busca rentabilidade deve buscar mais risco, o que impulsiona o mercado de ações.

4. Mais destaques

No exterior, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter sua política monetária na primeira reunião sob o comando de Christine Lagarde, que sucedeu o italiano Mario Draghi na presidência da instituição no começo do mês passado.

Como previam analistas, o BCE manteve a taxa de refinanciamento em 0% e a de depósito em -0,50%.

Já no noticiário corporativo, a MRV (MRVE3) Engenharia informou que encerrou com sucesso a primeira oferta pública de cotas do Luggo Fundo de Investimento Imobiliário, com a captação de R$ 90 milhões. Segundo a MRV, a oferta obteve a captação máxima, com quase dois mil cadastros de pessoas físicas.

Já o Banco do Brasil (BBAS3) comunicou que reorganizará a sua estrutura de comando, através da redução da diretoria executiva e da reatribuição das suas funções.

A Hering (HGTX3) comunicou aos acionistas que distribuirá juros sobre o capital próprio, no valor de R$ 18,1 milhões. O pagamento aos acionistas será feito no dia 30 de dezembro.

(Com informações da Agência Estado)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.