Oi (OIBR3): UBS BB reduz preço alvo da ação de R$ 6 para R$ 1,35 e mantém recomendação neutra

Banco avalia que empresa terá dificuldades em renegociar sua dívida bruta de R$ 22 bilhões

Mitchel Diniz

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O UBS BB reduziu o preço-alvo dos papéis ordinários da Oi (OIBR3), alegando que a empresa ainda tem muitos pontos a resolver, ainda que tenha saído da recuperação judicial. O corte foi de R$ 6 para R$ 1,35, redução de 78%. A casa reiterou recomendação neutra para o papel.

O relatório do UBS BB, assinado por Leonardo Olmos e sua equipe, dá destaque à dívida bruta de R$ 22 bilhões da Oi, o que representa uma alavancagem de mais de 10 vezes da dívida líquida/Ebitda da companhia. Também observa que a empresa não conseguiu entrar em qualquer acordo definitivo com seus credores.

Na avaliação dos analistas da casa, a renegociação dos débitos vai ser fundamental para a Oi no curto prazo. Mas convencer os credores não vai ser uma tarefa fácil, já que as negociações começaram com a empresa pedindo um desconto de 50% e uma injeção de capital de R$ 1 bilhão.

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Arestas na venda de ativos móveis da Oi também estão no radar da equipe de análise. TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro reivindicam um ajuste pós-fechamento da aquisição de R$ 3 bilhões.

Nem mesmo a forte queda de 77% papel nos últimos seis meses deu alívio à avaliação do UBS BB. Os analistas afirmam que a empresa continua negociando com prêmio em relação a outros operadoras de telefonia fixa.

“Isso implica em uma visão baixista para o fluxo de caixa da companhia, mas que também é justificada pela fatia positiva da Oi na V.Tal”, diz o relatório.

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Às 12h55 (horário de Brasília), os papéis OIBR3 subiam 2,34%, a R$ 1,31. As ações OIBR4 avançavam 2,46%, a R$ 3,75.

Santander já havia rebaixado avaliação sobre a Oi

No último dia cinco de janeiro, a equipe de research do Santander Brasil rebaixou a recomendação das ações ordinárias da Oi de “manutenção” para “abaixo de mercado” (equivalente à venda). Também atualizaram o preço-alvo do papel, de R$ 0,90 para R$ 0,15, antes do grupamento dos ativos de 10 para 1, que passou a vigorar no dia 9 de janeiro. Fazendo a equivalência, o preço-alvo seria de R$ 1,50.

A justificativa principal para a redução foi a queima de caixa maior do que a esperada nos nove primeiros meses de 2022, além da redução do consenso para os resultados operacionais no curto prazo.

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No terceiro trimestre de 2022, por exemplo, a Oi queimou R$ 1,4 bilhão de caixa – com destaque, principalmente, para os investimentos no novo negócio da companhia, que deve continuar a trazer gastos e com resultados ainda distantes.

O braço de fibra óptica da Oi deve crescer de forma acelerada, com a empresa esperando praticamente dobrar o número de residências atendidas até 2025, saindo das atuais 18 milhões para 34 milhões. Do outro lado, porém, a venda dos demais ativos, como da Oi Móvel, deve levar a uma queda do faturamento.

Por fim, além do lado operacional, o Santander vê também a alavancagem financeira da tele como um problema, com a relação entre a dívida líquida, de R$ 18 bilhões, e o Ebitda em dois dígitos, e as despesas com credores ainda elevadas. No terceiro trimestre, a Oi teve R$ 2 bilhões em gastos financeiros.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados