O que esperar para o Ibovespa em 2023? Confira as projeções de analistas para o índice no ano

Projeções mais pessimistas são de Ibovespa abaixo dos 110 mil e mais otimistas são de acima dos 130 mil; juros e fluxo estrangeiro no radar

Equipe InfoMoney

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As primeiras semanas de 2023 trouxeram forte volatilidade para o mercado. O início do ano foi de queda para o Ibovespa com as indicações iniciais do governo bastante negativas para o mercado. Contudo (e com uma força expressiva do investidor estrangeiro), o benchmark da Bolsa registra ganhos de cerca de 4% no acumulado do ano até a sessão de quarta-feira, na casa dos 114 mil pontos, apesar do cenário incerto tanto quanto à adoção de políticas pelo novo governo quanto pelo cenário internacional.

Ao olhar para as projeções de analistas de mercado sobre o que esperar para 2023, a maior parte dos analistas fez projeções para uma alta do Ibovespa neste ano.

Casas como a XP, o Bradesco BBI e Ativa projetaram o Ibovespa a 125 mil pontos, enquanto Safra e JPMorgan destacaram a projeção do índice a 130 mil pontos.

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Confira as expectativas para o Ibovespa em 2023:

Casa de análise Projeção
Genial 109.700
Citi 120.000
XP 125.000
Morgan Stanley 125.000
Bradesco BBI 125.000
Safra 130.000
JPMorgan 130.000
BB Investimentos 133.000
Guide Investimentos 150.000
Média 127.522

A XP destacou em relatório de perspectivas ver 2023 como um ano desafiador, mas também de oportunidades, apontando a importância de ter seletividade na Bolsa.

“Lá fora, os riscos de recessão ainda permanecem altos em meio a juros das principais economias em território contracionista [que busca conter a inflação], o que pode levar a novas revisões de lucros das empresas para baixo”, afirmou em relatório de projeções Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research da XP. “Na economia doméstica, a trajetória de política fiscal ainda é bastante incerta, o que deve manter a volatilidade no mercado em alta”, avaliou.

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Em meio ao cenário de incertezas domésticas e globais, as apostas da XP dentro da Bolsa brasileira estão focadas principalmente no setor de commodities – especialmente no segmento de óleo e gás, que deve se beneficiar da dinâmica de oferta e demanda ainda favorável para os preços de energia no médio prazo.

Ferreira também apontou que ainda estão no radar para 2023 empresas com teses pouco relacionadas com o crescimento econômico e companhias de qualidade negociadas a preços razoáveis e com perfil mais resilientes a uma perspectiva macro desafiadora.

O Bradesco BBI, por sua vez, destacou em seu relatório de perspectivas para 2023 ter reduzido um pouco a sua exposição a Brasil e elevando em México na carteira da América Latina, mas mantendo exposição acima da média (overweight) no mercado doméstico. Os estrategistas ficaram de olho  riscos diante da falta de um uma âncora fiscal crível.

“As ações brasileiras … continuam sendo um caso de alto risco na ausência de uma âncora fiscal confiável”, afirmaram, mas destacando que o novo governo provavelmente apresentará uma nova regra fiscal ao Congresso. “A principal preocupação é se o novo quadro fiscal abrirá espaço para cortes nas taxas de juros em 2023.”

Em termos de setores, eles afirmaram estar overweight em ações de consumo defensivas e nas chamadas ‘bond proxies’, com avaliação ‘neutra’ no setor financeiros e underweight em papéis atrelados a commodities e mais cíclicos.

No portfólio para a América Latina, foram adicionadas as brasileiras PRIO (PRIO3), Santos Brasil (STBP3) e Carrefour Brasil (CRFB3), enquanto Petrobras (PETR4), CCR (CCRO3) e Assaí (ASAI3) foram excluídas. A carteira do Bradesco BBI ainda inclui, no caso do Brasil, Itaú Unibanco (ITUB4), Vamos (VAMO3), B3 (B3SA3), Vibra Energia (VBBR3), Lojas Renner (LREN3), Rede D’Or (RDOR3) e Vale (VALE3).

O JPMorgan, por sua vez, tem no seu cenário-base o Ibovespa a 130 mil pontos. Os estrategistas apontam que há ruídos significativos em termos do que a política fiscal da nova administração, mas há uma razoável chance de algum tipo de arranjo fiscal que permita taxas mais baixas através de uma combinação da pressão do mercado e do Congresso. O país também é muito beneficiado com a eventual reabertura da China.

Posteriormente, o JP reforçou sua visão positiva para as ações brasileiras. Em fala recente em evento organizado pelo Brazil-Florida Business Council, a diretora e estrategista para Brasil e América Latina do JPMorgan, Emy Shayo, disse que a posição overweight ocorre diante do impulso esperado do cenário externo para o País.

“Estamos vendo um ambiente global que é realmente único para o Brasil neste momento por: ‘a’, a reabertura da China; ‘b’, estamos chegando ao pico do ciclo do Fed Federal Reserve, o banco central americano, quando o Fed vai parar de subir os juros”, disse Shayo. “Mais importante, podemos estar vendo o fim do ‘regime de dólar forte’, e não vimos isso desde 2014 na América Latina.”

Há também quem esteja mais cauteloso com o mercado brasileiro. No final de novembro do ano passado,  o Morgan Stanley rebaixou o Brasil de overweight para neutro dentro de sua carteira para América Latina por causa de riscos fiscais que estão sendo observados para 2023, projetando um Ibovespa a 125 mil pontos no fim do ano.

No fim de janeiro, o banco reforçou a sua posição: “no Brasil, nossa postura neutra em relação às ações locais reflete nossas preocupações fiscais estruturais. Acreditamos que o novo governo Lula deve ter contas fiscais mais frouxas, o que deve levar a a) uma taxa de juros mais alta e b) rendimentos reais dos títulos mais altos, o que deve c) minar a história de valuation aparentemente atrativa para as ações locais. Se estivermos corretos em nossa avaliação, os próximos anos devem ser bons para os ativos de renda fixa brasileiros, mas não para as ações”. Na carteira para a América Latina, destacaram gostar de ações de Vale (VALE3), expostas à reabertura da China, e também das beneficiárias com as taxas de juros mais altas por mais tempo, como Itaú (ITUB4), Porto (PSSA3) e BB Seguridade (BBSE3).

Em evento no fim de 2022, Eduardo Miszputen, chefe de mercados globais do banco Citi, apontou que o Ibovespa poderia chegar a 120 mil pontos no fim de 2023, em um ano que apontou como de muita incerteza e volatilidade (como 2022). “Não vemos um claro movimento de mercado otimista ou pessimista. Vemos ciclos e oportunidades de curto prazo”, apontou.

“Continuamos achando que ações brasileiras estão baratas em relação às concorrentes ao redor do mundo, mas o ambiente de bolsa, em um cenário de desaceleração da economia e juro alto, nunca é positivo”, destacou. Para ele, o fluxo de investidores da renda variável para a renda fixa deve continuar em 2023.

Já nos cenários extremos, a Guide apareceu como a mais otimistas das casas, projetando um Ibovespa a 150 mil pontos em 2023 com a projeção de fim das altas de juros e com o crescimento dos lucros das empresas. Os cenários da casa variam entre 119 mil pontos (pessimista) e 189 mil pontos (otimista).

A Genial, por sua vez, mostrou cautela em suas projeções, destacando que o cenário internacional traz preocupações, mas os maiores riscos são os domésticos. A pontuação justa para o índice, aponta a casa, é de 112.400 mil pontos. Contudo, com o maior pessimismo da casa com o cenário doméstico, vê o Ibovespa a 109.700 pontos.