Forte alta dos lucros deve guiar temporada de resultados do 2º trimestre: confira ações e setores que podem se destacar

Segundo consenso Bloomberg, projeção é de alta do lucro por ação de 255% frente 2020; commodities, tecnologia, varejo e bancos devem ser destaque, aponta XP

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A temporada de resultados do segundo trimestre de 2021 tem início nesta terça-feira (20), ainda começando morna com os números da Neoenergia (NEOE3) após o fechamento do mercado, enquanto a semana ainda conta com os dados da Indústrias Romi (ROMI3), além de Hypera (HYPE3) na sexta.

A expectativa é de forte alta dos lucros para as empresas em geral, conforme apontam em relatório os estrategistas Fernando Ferreira e Jennie Li, da XP.

“Com a melhora nas perspectivas econômicas e redução de riscos ao longo do segundo trimestre, as projeções de lucro continuam a mostrar crescimento. E é importante lembrar que os lucros gerados pelas empresas são os fatores que impulsionam a Bolsa no médio e longo prazo”, ressaltam os estrategistas.

Ebook Gratuito

Como analisar ações

Cadastre-se e receba um ebook que explica o que todo investidor precisa saber para fazer suas próprias análises

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Citando o consenso Bloomberg, Fernando e Jennie apontam a expectativa do consenso de mercado de alta de 255% do lucro por ação na comparação anual para as companhias que compõem o Ibovespa, parcialmente explicado pela base de comparação “mais fácil” no ano passado, quando os lucros das companhias foram severamente afetadas pela crise da pandemia do coronavírus.

Quanto à receita das empresas, ela deverá vir forte, com avanço de 30,6%. Já para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), a expectativa de consenso é de uma desaceleração significativa do salto visto nos primeiros três meses do ano, mas ainda um crescimento forte em 70,3% na base anual.

Quatro setores em especial devem se destacar no período, aponta a XP: i) o de commodities, beneficiados pela demanda global aquecida; ii) tecnologia, principalmente no segmento de e-commerce e, mesmo devendo ver uma desaceleração por conta da flexibilização das medidas de restrição, as empresas ainda devem registrar um crescimento sólido dos resultados iii) varejo, em particular o tradicional, que foi duramente afetado pela pandemia e deve se beneficiar diretamente da aceleração da vacinação e do afrouxamento das restrições de mobilidade e iv) bancos, com os resultados devendo ser impulsionados por menores provisões, volumes maiores com a gradual retomada da economia, além de redução de custos.

Continua depois da publicidade

A expectativa de consenso para o crescimento do LPA é de alta de 697% para o setor de matérias-primas na base anual, de 157% para tecnologia, de 149% para petróleo e gás, de 141% para a indústria e de 79% para o setor financeiro. Já entre as quedas no lucro por ação, a projeção é de baixa de 10% para consumo básico, de 11% para serviços de comunicação, de 40% para consumo discricionário, de 46% para energia e saneamento e de 62% para o setor de saúde.

A projeção do Morgan Stanley também é de forte recuperação: em dólares, a expectativa é de que as empresas brasileiras de cobertura do banco registrem uma alta anual de 47% das receitas, de 130% para o Ebitda e de 329% para os lucros.

Ferreira e Jennie, da XP, ainda ressaltam pontos que serão observados de perto pelos investidores durante a temporada, com a expectativa de que um número cada vez maior de empresas dê espaço para o tema ESG (do termo em inglês Environmental, Social and Governance) nos relatórios e teleconferências.

“Vemos com importância que essa agenda continue a ser endereçada, principalmente com os investidores demandando cada vez mais um posicionamento e ações por parte das empresas, bem como uma maior divulgação de dados que evidenciem todos os projetos e programas implementados pelas companhias para cumprir a agenda ESG”, apontam.

Em pesquisa realizada pela XP com 45 clientes institucionais, 42% destacaram a falta de dados confiáveis como empecilho ao avanço do tema no Brasil, sendo esse um dos principais desafios observados neste sentido. “Isso posto, vemos esse avanço como necessário, e esperamos que as companhias utilizem essa temporada de resultados também como um espaço para endereçar essa demanda.”

Além disso, os estrategistas também veem como importante monitorar as declarações das empresas sobre a reforma tributária, em meio à previsão de taxação de dividendos e fim dos juros sobre o capital próprio, ainda que muitas mudanças ainda estejam no radar.

“Para essa temporada de resultados, iremos monitorar os anúncios das empresas para entender como elas podem adaptar suas estratégias com as mudanças trazidas pela reforma, como a antecipação da distribuição de dividendos, recompra de ações ou mesmo um aumento da alavancagem nos balanços pra compensar as medidas fiscais”, apontam.

Confira abaixo o que esperar para os setores específicos da Bolsa brasileira e o calendário da temporada de resultados:

O que esperar para cada um dos setores

Bancos

A XP espera mais um trimestre positivo para os bancos com boa recuperação em linha com o primeiro trimestre.

“Esperamos que os lucros sejam impulsionados por: i) menores provisões, uma vez que a recuperação da atividade econômica permite os bancos a reduzirem suas provisões complementares; ii) receita de serviços impulsionada por maiores volumes devido a retomada da economia; iii) redução de custos, dado que o setor financeiro continua focado em ganho de eficiência”, apontam os analistas.

Agronegócio, açúcar & Etanol

O Morgan espera resultados positivos para as empresas de agronegócio em meio ao cenário de preços altos e por conta do câmbio, apesar de algum impacto negativo do clima (levando a quebras de safra) especialmente para São Martinho (SMTO3).

Na avaliação da XP, conforme a colheita de cana-de-açúcar segue no Centro-Sul do Brasil, é possível ter uma leitura mais precisa dos efeitos da seca e tamanho da quebra de safra esperada para este ciclo.

As estimativas iniciais indicavam entre 10-15% de quebra na produtividade, apenas parcialmente compensada pelo aumento no ATR (concentração do açúcar na cana), mas o que se tem observado entre as principais empresas do Sudeste é algo entre 5-10% e ATR médio semelhante ao observado em 2020/21, portanto um cenário melhor do que o esperado.

“Apesar da queda na oferta ser menor do que o esperado, entretanto, a demanda segue aquecida e não deixa espaço para recuo nos preços. O mercado mundial segue em recuperação e isso favorece as exportações de açúcar do Brasil, sobretudo com menor participação da Índia no mercado mundial, enquanto o preço do etanol reflete a alta na gasolina e o petróleo acima de US$ 76/barril. Diante do cenário de oferta e demanda ajustado e preços elevados, o setor segue em um momento historicamente favorável”, apontam os analistas da XP.

Para a XP, com relação às empresas agrícolas de outros segmentos, a melhora no clima dos Estados Unidos e janela de plantio já finalizada, além de números ligeiramente melhores para estoques de passagem, tanto para milho quanto para soja, o mercado de grãos perdeu parte do ímpeto. A perspectiva de que a China deverá importar um pouco menos do que previsto inicialmente também pesou nas cotações, mas os volumes ainda são superlativos.

Frigoríficos

A XP destaca que o setor de frigoríficos no Brasil segue empurrado pelos custos mais altos das matérias-primas, principalmente milho e soja, simultaneamente ao ciclo de gado ainda de contração, o que não deixa espaço para recuo nos preços das principais proteínas (carne de frango, bovina e suína).

“Entretanto, frente à economia ainda em processo de retomada, esses preços mais altos acabam por deteriorar a demanda, fato que favorece as proteínas mais acessíveis, como a carne de frango e os ovos”, apontam os analistas.

O dólar acima de R$ 5 ainda favorece as exportações, apesar da volatilidade recente tornar o cenário mais incerto. “Em cenário distinto, os frigoríficos com operação nos Estados Unidos seguem em um momento histórico, com boas margens para todas as proteínas, favorecidas pela reabertura da economia e retomada do foodservice, além do auxílio governamental que mantém a demanda aquecida. Diversificação entre proteínas tem sido um ponto positivo de diferenciação estratégica, mas ainda mais relevante é a diversificação geográfica no momento”, destacam os analistas da XP.

Bebidas

A XP afirma esperar  mais um trimestre morno para o setor de bebidas, com crescimento relevante de volumes versus o segundo trimestre de 2020 devido à baixa base de comparação, mas praticamente estável versus o mesmo período em 2019.

Já os custos ainda seguem muito altos, principalmente em função da alta das commodities e da desvalorização do real frente ao dólar.

“Diante desse cenário, entendemos que o setor deve seguir sofrendo com compressão de margens por enquanto, sendo que players maiores como a AmBev vem combatendo tal situação por meio de iniciativas tecnológicas como o Zé Delivery e o BEES, que permitem uma gestão mais eficientes da concessão de descontos aos compradores”, aponta a XP.

Com uma visão positiva, o Credit Suisse projeta que as vendas de cervejas da Ambev no Brasil devam crescer 25% no segundo trimestre deste ano na comparação anual, sustentada pela alta de 12,5% nos volumes e 11,5% nos preços. A expectativa é de um bom momento para o segmento vindo da reabertura econômica e melhora nos indicadores de garrafas retornáveis (que são mais rentáveis) e nas vendas de marcas premium, como o Chopp Brahma. Um melhor mix de produtos e o avanço da plataforma de vendas online também contribuem, apontam.

As outras divisões da Ambev também devem apresentar recuperação, com os volumes de bebidas não alcoólicas subindo 25%, América Latina Sul, 26%, América Central e Caribe, 61,5%, enquanto Canadá deve registrar queda 1%. Em termos consolidados, o volume da Ambev deve ter uma alta de 18,5%, com R$ 15,6 bilhões em vendas e Ebitda de R$ 4,2 bilhões.

Educação

Para o Morgan Stanley, o segundo trimestre tende a ser uma continuação dos resultados do primeiro trimestre, com o foco sendo nas tendências de matrículas do terceiro trimestre, em que esperam algumas sinalizações positivas. “Ainda não é um ponto de inflexão claro, mas talvez um bom indicador para matrículas no próximo ano”, apontam os analistas.

A XP também ressalta que os trimestres pares (segundo e quarto trimestres) costumam ser monótonos para as empresas de educação, já que os ciclos de captação estão concentrados nos ímpares.

“Portanto, as atenções devem se voltar para quaisquer atualizações que as companhias possam dar sobre o ciclo de captação ainda em andamento do terceiro trimestre – nossa expectativa é que este mostre os sinais iniciais de recuperação à medida que a pandemia diminui. Em relação aos números do trimestre, esperamos que as margens continuem pressionadas devido ao aumento da provisão para devedores duvidosos e maiores despesas de marketing – a mesma dinâmica observada no primeiro trimestre de 2021”, aponta a XP.

Com relação a empresas específicas, o Morgan aponta que a Cogna (COGN3) deve seguir registrando um trimestre desafiador, com a reestruturação dos campus bem encaminhada, mas custos e despesas ainda devendo pressionar o balanço. O ensino secundário também deve ser impacto negativamente.

Elétricas e Saneamento

Do lado das distribuidoras de energia, os resultados do segundo trimestre devem refletir uma manutenção do ritmo de recuperação da atividade econômica observado no primeiro trimestre, avalia a XP.

Quanto às geradoras, a expectativa é de que os resultados sejam impactados negativamente pela alocação sazonal de garantia física e estratégias de compras de energia no trimestre e pelo GSF (medida do risco hidrológico, refletindo a menor incidência de chuvas no trimestre). Para as transmissoras, não são esperadas grandes surpresas.

Para o saneamento, os resultados devem ser impactados negativamente por custos com energia elétrica mais elevados e uma maior participação da demanda residencial no mix, o que implica em tarifas médias mais baixa, aponta a XP. Por outro lado, os volumes devem vir mais fortes em uma comparação anual, dado a flexibilização das medidas de isolamento social.

Incorporadoras e Construção Civil

O Bradesco BBI espera, no segmento de baixa renda, forte números operacionais (lançamentos e vendas) acompanhados de dados financeiros suaves, com Direcional (DIRR3) podendo ser a exceção positiva. “Não esperamos nenhum corte significante de margem no trimestre, mas as preocupações sobre o impacto do aumento dos custos de construção provavelmente não diminuirão nos próximos trimestres”, avaliam. A expectativa do BBI é de que a temporada reforce a preferência do banco para o segmento de baixa renda.

A XP também projeta que as incorporadoras de baixa renda apresentem números operacionais sólidos à medida que continuam ganhando participação de mercado no programa habitacional Casa Verde e Amarela, mas com compressão das margens por conta dos custos.

Já no segmento de média/alta renda, os lançamentos atrasados devem estabelecer um tom moderado para a operação, mas depois ser compensado por resultados financeiros e margens mais saudáveis para o segundo trimestre, diz o BBI. Os analistas do BBI veem ajuste para baixo em suas estimativas para o final de 2021 para o segmento.

“Para o trimestre, esperamos que o destaque positivo seja a Direcional no segmento de baixa renda e Moura Dubeux (MDNE3) no segmento de média e alta renda.

A XP avalia que as companhias focadas na média e alta renda devem sofrer leve impacto das recentes restrições comerciais, mas com margens relativamente estáveis visto que são capazes de repassar marginalmente os custos mais altos dos materiais de construção nos preços.

Mineração e Siderurgia

Os preços mais altos do minério de ferro (média de US$ 200 por tonelada) são o principal destaque do trimestre, aponta a XP, enquanto que, no segmento siderúrgico, a recuperação do setor automotivo continua sendo o principal ponto a ser monitorado, permitindo um melhor mix de vendas. “Os melhores preços realizados são o principal destaque neste segmento, compensando a alta dos custos e permitindo alguma expansão de margem”, avaliam.

A expectativa do Itaú BBA é de um aumento de cerca de 39% do Ebitda da Vale (VALE3) na comparação sequencial, enquanto Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) devem ter incremento entre 33% e 35% do indicador em relação ao primeiro trimestre.

“A melhora no resultado vem principalmente do aumento sequencial de US$ 33 a tonelada no preço médio do minério de ferro no período; e do aumento de 20% a 27% nos preços do aço doméstico. Essas elevações dos preços devem mais do que compensar a pressão dos custos mais altos de matérias-primas”, apontam os analistas.

A XP aponta que, para o setor siderúrgico, o mercado deve prestar atenção às teleconferências para avaliar se existe espaço para mais aumentos de preços no segundo semestre, pois a paridade de importação parece bem esticada, entre 15% e 20%. Para referência, o objetivo das siderúrgicas no Brasil é um nível de paridade entre 5% e 10%.

Papel e Celulose

Para o Itaú BBA, Klabin (KLBN11) deve entregar o maior crescimento de Ebitda do setor, da ordem de 40%, a R$ 1,78 bilhões, enquanto a Suzano (SUZB3) deve registrar uma alta do Ebitda de 25%, a R$ 6,1 bilhões, na comparação sequencial.

“No setor de papel e celulose, o crescimento entre US$ 130 a tonelada e US$ 140 a tonelada no preço médio realizado de celulose no segundo trimestre e uma melhora sequencial no consumo de papel – em compasso com a reabertura econômica e uma sazonalidade melhor – mais do que compensaram a pressão nos custos de papel e celulose e um real que se apreciou contra o dólar no período, em comparação ao primeiro trimestre do ano”, apontam os analistas.

A XP também aponta que um dólar ainda forte e preços de celulose mais altos devem gerar mais um trimestre forte do lado da receita.

Contudo, a atenção também ficará para as perspectivas para o terceiro trimestre, em meio ao noticiário recente de alguns players reduzindo preços na China. “Entretanto, não acreditamos em queda muito forte da commodity, pois o cenário é bem diferente do ocorrido em 2019, quando os estoques de celulose nos produtores eram muito altos”, avaliam.

Petrobras

A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgará os resultados em 4 de agosto e, segundo os analistas do Credit Suisse, a expectativa é por números fortes. Para o segundo trimestre de 2021, o Credit espera que a Petrobras atinja um Ebitda de R$ 50,995 bilhões, alta de 4% frente os primeiros três meses do ano e salto de 104% na comparação anual, devido a preços do petróleo mais altos e produção de commodity ligeiramente mais alta.

A estimativa é de lucro líquido de R$ 28,4 bilhões no período, ajudado pelo efeito líquido positivo da apreciação do real sobre os resultados financeiros.

“Frequentemente destacamos o potencial para altos rendimentos de dividendos no caso de investimento da Petrobras. Acreditamos que a companhia pode alcançar o limite de dívida bruta de US$ 60 bilhões que desencadeia a política de dividendos já no terceiro trimestre.”, afirma o banco. Se a fórmula for aplicada aos resultados do ano fiscal de 2021, isso pode resultar em um rendimento de dividendos de cerca de 21%, o que pode se tornar um grande catalisador para a ação na opinião dos analistas.

Saúde

O Morgan Stanley espera mais uma vez resultados sólidos no geral para as empresas como Rede D’Or (RDOR3), Dasa (DASA3), Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3).

A XP aponta que as empresas de saúde devem apresentar resultados diferentes entre si, refletindo o impacto da segunda onda da Covid-19, a depender de seus posicionamentos na cadeia de valor.

Os prestadores de serviços devem ter outro trimestre forte devido à combinação da recuperação dos procedimentos do “dia-a-dia” (cirurgias eletivas em hospitais ou exames “habituais” em laboratórios) e os impactos da pandemia (taxas de ocupação mais altas em hospitais e exames para a Covid- 19 em laboratórios).

O segundo trimestre terá uma base de comparação anual fácil para os prestadores de serviços, já que em 2020, durante a primeira onda da Covid-19, as taxas de ocupação em hospitais foram muito baixas e os laboratórios tiveram uma redução drástica no número de exames.

Por outro lado, as operadoras de planos de saúde devem apresentar mais um trimestre ruim, com as margens pressionadas por maiores custos médicos devido à recuperação dos procedimentos do dia-a-dia e impactos ainda elevados da Covid-19, embora este último em tendência de queda.

O Morgan também aponta que para a Notre Dame (GNDI3), a estimativa é de pressão nos resultados, com margens e lucro mais baixos.

Shoppings e propriedades comerciais

A XP espera que, no geral, as companhias de shopping centers apresentem resultados de recuperação após o afrouxamento das restrições às atividades comerciais e funcionamento dos shoppings no início do trimestre.

Com relação ao segmento de galpões logísticos e centros de distribuição, os analistas veem uma demanda aquecida por ativos de alta qualidade e bem localizados em razão do crescimento do e-commerce e empresas de logísticas, que devem continuar impulsionando os resultados da LOG (LOGG3).

Já a JHSF (JHSF3), na avaliação dos analistas, deve apresentar resultados sólidos dado as fortes vendas do Complexo Boa Vista (que devem compensar os impactos nos segmentos de shoppings, restaurantes e hotelaria).

Consumo e varejo

A XP destaca esperar que o segundo trimestre seja um ponto de inflexão para o varejo, em especial para os varejistas tradicionais. “Apesar do início do trimestre ainda ter sido marcado por restrições e uma confiança do consumidor fragilizada, o Dia das Mães foi um ponto de inflexão em relação à tendência com a aceleração da vacinação e do afrouxamento das restrições”, apontam os analistas.

O Bradesco BBI espera que, para os nomes de vestuário e restaurantes (localizados principalmente em shoppings) que mais sofreram com a pandemia, a expectativa é por receitas próximas aos níveis (alguns acima e alguns abaixo) de 2019, mas com as margens ainda pressionadas pelo impacto do fechamento de lojas em abril, câmbio e inflação de matérias-primas.

O BBI espera que os melhores desempenhos sejam do Grupo SBF (SBFG3), com as vendas excluindo a Fisia melhores que no segundo trimestre de 2019, e Lojas Renner (LREN3), com as vendas no segmento de varejo com alta de
um dígito na base de comparação com 2019, seguidos por Guararapes, amplamente estável na comparação com igual período de 2019, Marisa (AMAR3) e C&A (CEAB3), ambos com queda frente ao segundo trimestre de 2019 de médio a alto dígito único).

Para os restaurantes, os analistas esperam que o Burger King Brasil (BKBR3) mostre receita com queda de dois dígitos. As expectativas para o segundo semestre, na avaliação dos analistas, serão o aspecto mais importante desses resultados. “Esperamos ver declarações de perspectivas amplamente otimistas com altas expectativas para o quarto trimestre”, apontam.

Os analistas apontam que o crescimento do volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) do comércio eletrônico diminuiu à medida que há bases de comparações mais fortes do segundo trimestre, mas no geral, o crescimento parece ter se mantido bom, embora com algumas categorias (como móveis) mais desafiadoras do que outras.

Também na visão da XP, as companhias do e-commerce devem apresentar uma desaceleração de crescimento no canal online devido à forte base de comparação (com o segundo trimestre de 2020 sendo o pico das restrições de Covid) mas ainda crescendo na base anual, enquanto o varejo físico deve apresentar uma melhora sequencial com a reabertura.

Com relação às farmácias, a XP espera ver fortes resultados uma vez que o trimestre irá refletir o aumento de preço de medicamentos (de 8% na média) enquanto as companhia possuem uma base fácil em relação à rentabilidade dado que o aumento de preço do ano passado foi postergado para o terceiro trimestre. Ainda, o afrouxamento das restrições e aumento da vacinação contribui para o aumento do fluxo nas lojas, especialmente em shoppings.

Já para o varejo alimentar, os analistas da casa esperam dados mistos. Isso porque, como no caso de e-commerce, as companhias do setor tem uma base muito forte de comparação anual por conta do forte movimento de abastecimento pelos consumidores no início da pandemia enquanto os supermercados foram um dos poucos varejistas que permaneceram abertos durante o começo da quarentena. Nesse sentido, o varejo não-alimentar foi muito beneficiado, o que não foi o caso do segundo trimestre.

“Dessa forma, nós esperamos ver resultados mais fracos para supermercados mas que o Atacarejo siga sólido uma vez que (i) os consumidores continuam comprando no canal; (ii) o canal não possui varejo não-alimentar, e (iii) o canal B2B (bares, restaurantes, transformadores e utilizadores) deve acelerar à medida que a reabertura e vacinação acelera”, apontam os analistas.

O BBI projeta uma alta de 5% das vendas nas mesmas lojas do Grupo Mateus (GMAT3), mas uma queda de 7,5% nos negócios brasileiros do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3). Eles também esperam uma margem amplamente estável no Assai (ASAI3) e GPA Brasil, na comparação anual, mas contração (contra uma base alta) no Grupo Mateus e Carrefour Brasil (CRFB3), tanto no Atacadão quanto nos formatos de varejo.

Transportes

O Bradesco BBI espera que as três companhias de aluguel de carros – Movida (MOVI3), Unidas (LCAM3) e Localiza (RENT3) reportem uma margem Ebitda, ou relação entre Ebitda e receita líquida, no período em seminovos acima de 10%, o que deve mais do que compensar os impactos da segunda onda de Covid-19 nos volumes de aluguel de carros.

Para os analistas, Vamos (VAMO3), de aluguel de caminhões, e Movida, provavelmente serão os destaques positivos no período. A Vamos deve reportar lucro líquido de R$ 96 milhões (alta de 31% no comparativo trimestral) e é esperado que a Movida reporte lucro líquido de R$ 142 milhões (alta de 30% no comparativo trimestral).

O BBI espera que a Vamos registre resultados sólidos, impulsionados principalmente por contínuos contratos adicionais de aluguel de longo prazo e um forte desempenho na divisão de concessionárias. A plataforma digital implantada em meados de 2020 continua dando frutos e sustentando ritmo expressivo de crescimento e rentabilidade.

Já a Movida pode surpreender o mercado como a única companhia de aluguel de veículos a reportar crescimento de lucro líquido em uma base trimestral, e, proporcionalmente, o maior crescimento do tamanho da frota.

Para a Unidas, a segunda onda da Covid-19 teve um impacto negativo na divisão de aluguel de carros (RAC), resultando em queda de volume de 7% no trimestre e uma pequena contração de 3,7 pontos percentuais na margem Ebitda. Por outro lado, o forte desempenho na gestão de frota e de Seminovos compensará os resultados abaixo do esperado no RAC, apontam. Para a Localiza, a segunda onda COVID-19 também impactou o volume de aluguel de carros em abril de 2021, resultando em uma pequena contração de volume de 1% no trimestre. Seminovos também apresentará uma alta margem Ebitda de 13,1%, apesar da premissa relativamente baixa do banco de cerca de 27,4 mil veículos vendidos.

Bens de capital

Para o setor de bens de capital, o Bradesco BBI avalia que, no geral, as margens devem ser pressionadas pelos altos preços das matérias-primas.

A Iochpe Maxion (MYPK3) e Randon (RAPT4) devem ser os destaques positivos do trimestre, avaliam, com a primeira devendo ver sua relação entre dívida líquida e o Ebitda ir de 5,7 vezes no primeiro trimestre para 3,7 vezes no segundo trimestre. “Apesar da escassez de semicondutores e seu impacto na produção global de veículos, a diversificação da receita da empresa deve ajudar a compensar as pressões de volume. No entanto, as pressões de custo das matérias-primas podem levar sua margem Ebitda para 10,2% (queda de 1,5 ponto na base de comparação trimestral).

Enquanto isso, a Randon deve apresentar receita líquida de R$ 2,1 bilhões, o que pode desencadear uma revisão do guidance para cima e surpreender o mercado. “A forte demanda do setor agrícola por caminhões e reboques deve impulsionar a receita, enquanto a retomada dos pedidos de vagões e a consolidação da Nakata devem levar a Randon a elevar o guidance de receita para 2021. Esperamos um a margem Ebitda de 14,9%, queda de 1,6 ponto na comparação com igual trimestre do ano anterior, impactado principalmente pelo aumento dos preços das matérias-primas”, destacam.

Para o Itaú BBA, a Randon também deve apresentar números favoráveis referentes ao segundo trimestre deste ano,
refletindo tendências fortes tanto na divisão de montadoras quanto no segmento de autopeças, também esperando alguma pressão em margens.

Já Iochpe, Marcopolo (POMO4) e Tupy (TUPY3) devem divulgar resultados neutros, na avaliação dos analistas do BBA, também destacando a desalavancagem da Iochpe. “Em relação à Marcopolo, entendemos que o resultado será marcado por volumes baixos, um mix modesto de produtos vendidos, margens pressionadas e prejuízo líquido. Porém,
haverá um ganho não-recorrente que compensará parcialmente esses efeitos negativos”, apontam.

Sobre Tupy, a projeção é de performance positiva de receita, que poderá ser ofuscada por margens mais fracas em relação ao primeiro trimestre. De qualquer forma, essa tendência poderá ser revertida no segundo semestre deste ano.

Para o BBA, o destaque positivo da temporada será a WEG (WEGE3), com resultados que devem ser marcados por números fortes de receita, com recuperação acelerada nos mercados externos. Neste contexto, a projeção é de um considerável crescimento do Ebitda (com expansão de 1,2 ponto na margem) e do lucro líquido da multinacional no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2020. Além disso, a WEG deve registrar um ganho não-recorrente relevante, de R$ 510 milhões antes de impostos, relativo à exclusão do ICMS da base de cálculo de PIS e Cofins (não incorporado na estimativa do banco).

A demanda no Brasil tem sido retomada de forma consistente nos últimos trimestres, com expansão considerável de receita,  tendência que deve continuar presente nos números do segundo trimestre, sustentada em especial pelo segmento de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais e pela divisão de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia (GTD), como reflexo da crescente carteira de pedidos da nova turbina eólica da WEG, apontam.

“No entanto, nossa expectativa forte para a receita total não deve compensar o aumento dos preços de matéria-prima e um mix menos favorável em comparação ao do primeiro trimestre deste ano, dado que as margens do segmento de geração eólica são menores que a média da companhia. Dito isso, os resultados da WEG no segundo trimestre devem mostrar uma expansão mais moderada quando comparados aos do trimestre anterior, assim como uma pequena queda da margem Ebitda”, afirmam.

Outros setores

Dentro do universo de cobertura em Small Caps, os analistas da XP possuem uma expectativa positiva para as empresas do setor de bens de capital, como Priner (átivo=PRNR3]) e Mills (MILS3), varejo de calçados, como Grendene GRND3) e Vulcabras (VULC3), além de distribuição e varejo como Allied (ALLD3). Do lado de estacionamentos, os analistas esperam que a Estapar (ALPK3) tenha um resultado neutro ainda reflexo de um ambiente difícil para o setor dadas as restrições de isolamento ao longo de todo o trimestre nos estados em que a companhia opera.

Já para as empresas de tecnologia, a expectativa é de que reportem sólidos resultados no segundo trimestre de 2021, principalmente no segmento de e-commerce. Por exemplo, Locaweb (LWSA3), com aceleração em adições líquidas de clientes e crescimento orgânico. “Vemos essa tendência como positiva, mesmo com as restrições mais suaves da COVID-19 e a reabertura de lojas, o crescimento do GMV no e-commerce e a digitalização ainda estão em destaque”, avaliam.

Confira o calendário de resultados do segundo trimestre de 2021: 

Quer entender o que é o mercado financeiro e como ele funciona? Assista à série gratuita “Carreira no Mercado Financeiro” e conheça o setor da economia que paga os melhores salários de 2021.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.