“O jogo ainda não acabou”, dizem analistas do Bradesco BBI sobre proposta da Azul a Latam

Analistas disseram que isso pode acontecer se o plano de reestruturação da Latam não sair como o esperado e leve mais tempo para ser concluído

Mitchel Diniz

Aeronave da Azul

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SÃO PAULO – Após uma teleconferência com executivos da Azul (AZUL4), os analistas do Bradesco BBI disseram acreditar que ainda há chances da empresa brasileira fechar negócio com a Latam no futuro. As ações da Azul avançam 1,46% na B3, mas os papéis da Latam despencam 43% na bolsa de Santiago.

No relatório intitulado “O Jogo ainda não Acabou”, os analistas disseram que isso pode acontecer caso o plano de reestruturação da companhia aérea não saia como o esperado e leve mais tempo para ser concluído. Na visão dos executivos da Azul, a conclusão do plano tem chances de ocorrer entre junho e setembro do ano que vem e não em março, como sugeriu a Latam.

Essa demora na execução do plano de reestruturação poderia levar a objeções de credores e a empresa também ficaria suscetível a eventos inesperados nesse período. “Um ponto crítico são os direitos de preferência no Chile, já que o tribunal dos Estados Unidos pode rejeitá-los por favorecer os atuais acionistas e não os credores”, diz o texto do BBI.

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Nesta segunda-feira, a Azul confirmou que fez uma proposta pelo grupo Latam, confidencialmente, no início de novembro e reiterou os benefícios que poderiam ser gerados pela combinação dos negócios. Inicialmente, a ideia era adquirir apenas a operação brasileira da concorrente. A Azul também criticou o plano apresentado pela Latam a credores.

Esse plano, apresentado na última sexta-feira, inclui a injeção de US$ 8,19 bilhões (R$ 45,9 bilhões) no grupo por meio de uma combinação de capital novo, títulos conversíveis e dívida. A proposta será avaliada pela Justiça dos Estados Unidos, onde corre o processo de recuperação, no dia 27 de janeiro de 2022. Após isso, a empresa terá um período de exclusividade para negociar a aprovação do plano com credores.

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A Azul, porém, vem mantendo conversas nos bastidores com os credores em torno de um plano alternativo, que lhe daria o controle da Latam. A proposta da Azul pode ganhar força, portanto, apenas se o da Latam for rejeitado pelos credores.

Na teleconferência, os executivos da Azul também disseram que mesmo que a sua seja aceita, a Latam precisará se tornar mais racional na gestão da capacidade para criar valor patrimonial.

A Azul acredita que sua proposta geraria um incremento de US$ 4 bilhões no valor patrimonial da Latam, em comparação ao plano de reestruturação da Latam, concentrado principalmente no Brasil. Os executivos da companhia aérea brasileira estimam que as sinergias sejam de 6% a 7% das receitas da empresa combinada, com a maior parte vindo de sinergias de receita.

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A Azul também disse estar aberta para conversar com outras companhias aéreas interessadas em adquirir as operações da Latam, para uma possível oferta conjunta.

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Contudo os analistas do Bradesco BBI acreditam que o apoio de 79% dos credores ao plano de reestruturação da Latam gera um obstáculo para a proposta da Azul. “O próximo passo é esperar a decisão do juizado de falências dos Estados Unidos sobre a reestruturação, por volta de fevereiro de 2022, e a votação dos credores sobre o plano”, afirmam.

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Para o Itaú BBA, Uma potencial combinação de negócios entre a Azul e Latam faria sentido em termos de crescimento da rede, expansão de oferta de destinos destinos e uma melhora de produtos e serviços.

Porém, se nada mudar até o primeiro trimestre de 2022, é provável que a proposta da Azul não seja considerada. “A ausência de notícias poderá indicar que os credores vão aceitar o plano de reestruturação proposto pela Latam sozinha, o que implica que a proposta da Azul seria rejeitada”, escreverem os analistas.

O Itaú BBA tem recomendação market perform para as ações da Azul é o preço-alvo é de R$ 41, um potencial de valorização de 73% em relação à cotação do papel no pregão de hoje. Para os analistas, a companhia aérea possui uma frota diversificada e de tamanho apropriado, que teve um papel importante na recuperação da rentabilidade da empresa. “A companhia também tem uma posição única em muitas das rotas que opera”, avalia o BBA.

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Em relação ao valuation da empresa, os analistas do BBA acreditam que o mercado não chegou a precificar a operação e por isso não acreditam que o papel vai reagir negativamente. Às 16h17 (horário de Brasília), os papéis da empresa subiam 1,76% a R$ 23,72.

O Bradesco BBI manteve avaliação outperform (desempenho acima do mercado) para ações da Azul, mas diminuiu o preço-alvo da companhia aérea de R$ 60 para R$ 41, removendo sinergias de uma possível operação com a Latam.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados