Em grande mudança, XP, Nubank e mais passam a compor MSCI; fluxo deve ser bilionário

Analistas veem inclusão de empresas brasileiras listadas no exterior como maior mudança desde o Novo Mercado

Lara Rizério

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A MSCI (Morgan Stanley Capital International) divulgou a sua tão esperada revisão de índices na noite da última segunda-feira (12), com mudanças nos constituintes de seus índices globais que ocorrerão em 2 de setembro.

Pela primeira vez, o rebalanceamento incluirá, pela primeira vez, empresas brasileiras listadas no exterior. De acordo com a MSCI, 6 novos nomes serão incluídos no MSCI Brasil e 2 serão excluídos: Embraer (EMBR3) e as ações negociadas nos EUA do Inter&Co (INTR), Nubank (NU), PagBank (PAGS), Stone (STNE) e XP (XP) serão incluídos, enquanto Eneva (ENEV3) e Lojas Renner (LREN3) serão removidos.

A XP, em relatório assinado por Fernando Ferreira (estrategista-chefe), Jennie Li (estrategista) e Júlia Aquino (analista quantitativa), estima um impacto no mercado de US$ 1,4 bilhão em entradas e US$ 109 milhões em saídas de fundos passivos e ativos indexados ao MSCI Brasil, o que implica em movimentações de mais de um dia de ADTV (Average Daily Trading Volume, ou em português o Volume Médio de Negociações Diárias). Com o rebalanceamento, o Brasil deve ter um peso de 5,3% no índice de Mercados Emergentes, comparado com os atuais 4,6%, com o NU como o papel com segundo maior peso.

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Fonte e Elaboração: XP Investimentos
Fonte e Elaboração: XP Investimentos

O Morgan Stanley aponta que previa a inclusão de NU, XP, PAGS, STNE e EMBR3. Portanto, a surpresa foi a inclusão de INTR, que entrou por uma margem estreita. No lado da exclusão, o banco previa a saída de LREN3 e Assaí (ASAI3). Portanto, a surpresa para o banco americano foi a exclusão de ENEV3 e a não exclusão de ASAI3. Na sequência, em 30 de agosto, os gestores de portfólio passivos reequilibrarão seus portfólios para início da negociação em setembro.

“Como temos argumentado nos últimos meses, acreditamos que a inclusão de listagens estrangeiras de empresas do Brasil nos benchmarks do MSCI representa a maior mudança nos mercados de capitais da América Latina desde a criação do Novo Mercado, duas décadas atrás. As ações brasileiras listadas no exterior devem receber um impulso de índices adicionais e compras, além de proteção contra quedas para dias mais conturbados, já que os índices são ‘detentores de piloto automático'”, avalia o banco, em referência ao fato de que vários fundos acompanham esses índices e dão suporte aos ativos.

O Morgan aponta que os investidores devem em América Latina devem prestar muita atenção em como os mercados de capitais estão mudando em direção aos EUA e em direção a empresas maiores e mais líquidas. O banco ainda destaca o recente lançamento pela B3 do índice Ibovespa BR+, que combina os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) de empresas brasileiras listadas no exterior com a atual carteira do Ibovespa, o que pode dar ainda mais impulso às listagens estrangeiras de companhias do Brasil.

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O Itaú BBA ressalta que, de uma forma geral, o Brasil liderou as entradas, aumentando o peso da América Latina no índice de emergentes EM de volta para mais de 8%. Após registrar o pior desempenho de preço em emergentes durante o 2T24, conforme estimado pela MSCI, as adições no Brasil e no México compensaram parte do terreno perdido. A região agora representa cerca de 8,2% do MSCI Standard EM Index, com o Brasil ganhando 60 pontos-base (bps) de participação, enquanto o México e o Chile perderam cerca de 2 bps cada. O outro vencedor importante no trimestre foi a Índia, com alta de 50 bps, enquanto a China caiu 40 bps, Taiwan caiu 30 bps e a Coreia caiu 20 bps. Os cinco principais países respondem por 80% dos mercados emergentes.

“Esperamos fluxos sólidos para os nomes brasileiros adicionados ao índice. Nossos cálculos para fluxos são baseados nos ativos sob gestão (…) Esperamos que o Nubank veja entradas materiais de mais de US$ 2,5 bilhões, seguido pela XP com US$ 620 milhões e a Embraer com mais de US$ 500 milhões. (…) Por outro lado, esperamos saídas da Petrobras PETR4 de US$ 236 milhões, Lojas Renner de US$ 194 milhões e FEMSA de quase US$ 147 milhões”, avalia.

Os 9 pontos do Bradesco BBI sobre a revisão do MSCI

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O Bradesco BBI acredita que os impactos dessa nova revisão do MSCI são muitos e podem ser profundos, subestimados e positivos no curto prazo. O Brasil se torna maior, mais crescente e deve ver entradas e podem ter melhor desempenho. Mas também pode se tornar significativamente mais caro, concentrado no setor e pode deixar os investidores locais para trás.

Veja as principais conclusões do BBI

1. Tamanho: adiciona US$ 57 bilhões de capitalização de mercado ao MSCI Brasil, aumentando seu peso na América Latina em 4,1% (para 63%) e nos Mercados Emergentes de 0,7% para 5,0%.

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2. Setores: o setor financeiro amplia sua liderança como o maior setor do Brasil de 27% para 37% e dilui o peso das commodities em 5,4 pontos.

3. Valuation: o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) futuro do MSCI Brasil sobe 22%, impulsionado pelos múltiplos da NU em 27 vezes.

4. Desempenho: as ações centradas em tecnologia listadas nos EUA superaram significativamente o MSCI Brasil.

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5. Fluxos: as entradas de 2 de setembro de US$ 365 bilhões de fundos passivos de emergentes serão de US$ 2,6 bilhões sozinhos, ou o equivalente a 5 dias inteiros de negociação, para o Nu.

6. Crescimento: o crescimento dos lucros do MSCI Brasil aumentará, liderado pelo aumento de 68% no crescimento dos lucros da Nu, aliviando a queda recente e tornando o índice estruturalmente “mais crescente”.

7. Ibovespa: a mudança tardia da MSCI torna os benchmarks para investidores estrangeiros e locais incomparáveis ​​e pode levar a alguma mudança no Ibovespa.

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8. Outras ações impactadas: a mudança da MSCI destaca o grande número de outras ações “LatAm” listadas no exterior, como as do Mercado Livre.

9. Nu: a história de sucesso da fintech mostra por que é de longe o maior novo participante, embora o BBI questione a capacidade de manter seu desempenho superior.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.