MRV (MRVE3), Even (EVEN3), Mitre (MTRE3) e Melnick (MELK3): o que os analistas acharam dos dados operacionais do 4º tri

Papéis registram queda em sua maioria na Bolsa também por conta da alta de juros, mas prévias foram vistas, de modo geral, como positivas

Lara Rizério Mitchel Diniz

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Enquanto não começa a temporada de resultados do quarto trimestre no Brasil, os investidores seguem a repercussão das prévias operacionais já divulgadas de construtoras e incorporadoras que estão sendo divulgados nos últimos dias.

Na véspera, a repercussão na Bolsa ficou para EzTec (EZTC3) e Plano&Plano (PLPL3), enquanto nesta terça (18) a atenção deve se voltar para os dados operacionais de MRV (MRVE3), Even (EVEN3), Mitre (MTRE3) e Melnick (MELK3).

As ações do setor tiveram, nesta sessão, um dia majoritariamente de queda, também em decorrência do cenário macroeconômico com alta de juros. O papel MRVE3 caiu 2,18%, a R$ 10,76, MELK3 teve baixa de 1,33%, a R$ 3,70. Mitre teve queda de 3,74%, a R$ 6,44, e Even registrou baixa de 1,78%, a R$ 6,08.

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Confira as análises para as prévias divulgadas:

MRV (MRVE3): marcos relevantes, dados mistos

A MRV apresentou no quarto trimestre de 2021 lançamentos de R$ 3,2 bilhões (alta de 52% na base anual e 55% na comparação trimestral) e vendas de R$ 2,4 bilhões (alta de 18% na comparação com 2020 e 19% na base trimestral).

Os números foram impulsionadas principalmente pela venda de projetos da AHS (subsidiária dos EUA), parcialmente compensado pela queima de caixa de R$ 128 milhões devido a maiores desembolsos das subsidiárias brasileiras (antecipação nas compras de material de construção), apesar da sólida geração de caixa da AHS de R$ 107 milhões.

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Para o Credit Suisse, a prévia foi positiva na frente estratégica, neutra em relação às métricas operacionais de baixa renda (em linha com a expectativa do Credit) e negativa na geração de caixa.

“A MRV teve um trimestre impressionante em termos de realizações estratégicas, em que a empresa acelerou os lançamentos em todas as filiais (exceto Luggo) e alcançou marcos relevantes. Assim, a empresa encerrou 2021 com 46% das vendas fora do programa Casa Verde Amarela, avançando na sua estratégia de diversificação. Por outro lado, as operações de baixa renda, que ainda são o core business da empresa, poderiam ter sido melhores (as vendas caíram na base trimestral) e a queima de caixa foi relevante”, apontam os analistas do banco suíço.

O Bradesco BBI aponta que os números operacionais da MRV foram sólidos e com um giro de diversificação muito positivo. As operações brasileiras de desenvolvimento da empresa apresentaram números decentes, a Urba apresentou um crescimento sólido, o negócio entre Luggo e Brookfield decolou e a AHS voltou a ter um trimestre forte de vendas, avaliam.

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“De fato, as linhas alternativas de negócios da MRV estão gradualmente se tornando relevantes, ajudando a compensar os desafios do core business (CVA) da MRV”, avalia o BBI, que mantém recomendação de Compra para MRVE3 com preço-alvo de R$24 por ação, destacando também a possibilidade de uma revisão consensual para cima alimentada por AHS e Luggo.

A XP, por sua vez, apontou que a construtora apresentou números operacionais sólidos do quarto trimestre de 2021, mas também ressaltou a queima de caixa. A recomendação para os ativos é neutra, com preço-alvo de R$ 23.

O Itaú BBA, por sua vez, avalia que a MRV registrou recorde de lançamentos e pré-vendas no trimestre, respaldado por números robustos da AHS. Os lançamentos na operação principal também foram robustos, enquanto as vendas contratadas melhoraram em relação ao terceiro trimestre, embora ainda modestas em uma base anual. A geração de caixa foi o ponto fraco.

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Para a Levante Ideias de Investimentos, chama bastante a atenção que 46% das vendas da MRV vieram de fora do programa Casa Verde Amarela (CVA), principal mercado da companhia e que até então correspondia a 85% das vendas, enquanto outros 21,7% das vendas vieram do mercado norte americano através da AHS.

“Um fator importante que tem ajudado a companhia a equilibrar esse momento mais desafiador é a redução gradual de sua dependência de um único funding (FGTS), crescendo a atuação nos Estados Unidos, além de ter começado a atuar em um novo modelo de negócios, o aluguel, que tem forte apelo entre o público mais jovem”, aponta a Levante.

Even (EVEN3): lançamentos em alta

A Even teve alta de 68% dos lançamentos no quarto trimestre na base de comparação com 2020, alcançando R$ 809 milhões. As vendas, contudo, tiveram queda de 37,4%, para R$ 400 milhões.

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Os lançamentos em 2021 subiram 75%, a R$ 2,39 bilhões. A Even teve vendas de R$ 1,62 bilhão no ano, o que representa queda de 3% ante o ano anterior.

O Credit aponta que a Even reportou um forte volume de lançamentos, superando as estimativas do banco e quase dobrando o valor lançado em 2020.

No entanto, os lançamentos tiveram uma exposição significativa para estúdios e classes de média renda, avaliam. “As vendas foram saudáveis, mas um pouco abaixo das nossas estimativas e, de forma impressionante, a empresa conseguiu reportar uma velocidade de vendas acelerada”.

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Os analistas do banco possuem uma visão positiva da estratégia da Even de atingir o público de maior renda e não expandir seu volume de lançamentos. No entanto, a equipe não vê uma mudança na dinâmica do setor que torne a visão positiva agora. Assim, mantêm recomendação neutra no papel.

O BBI apontou que os números operacionais da Even foram melhores do que esperavam, com lançamentos em linha e vendas superiores. Apesar da surpresa positiva significativa na estimativa de lançamento para o ano fiscal de 2021, acreditam que a formação de estoque observada nos últimos trimestres pode levar a uma desaceleração em 2022 – o que, se confirmado, pode prejudicar qualquer aumento nas estimativas do banco de lucro por ação (EPS) para o ano de 2022.

A avaliação da empresa, no entanto, permanece atrativa para o banco, com os analistas seguindo com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para o papel, com preço-alvo de R$ 13.

O Itaú BBA destaca que os lançamentos aumentaram tanto trimestralmente quanto anualmente, e a velocidade de vendas acelerou em relação às comparações suaves do trimestre anterior, auxiliado por vendas de lançamentos decentes.

A XP, por sua vez, vê a prévia operacional como neutra apesar de lançamentos robustos. Os analistas, contudo, reiteram recomendação de compra para Even, baseado no valuation atrativo.

Mitre (MTRE3): atenção para aumento de estoques

A Mitre reportou vendas líquidas de R$ 314,4 milhões no trimestre, 113,6% superior ao trimestre anterior. Os lançamentos somaram R$ 1,1 bilhão no 4T21 e R$ 1,8 bilhão no ano, atingindo o guidance de lançamento para 2021.

O Índice de Vendas sobre Oferta (VSO) de lançamentos ficou em 26,5% e em 19,2% no consolidado do trimestre, mesmo com R$ 775,1 milhões lançados somente em dezembro.

O Credit Suisse avalia que a Mitre deu um passo ousado no quarto trimestre, avançando com lançamentos, apesar do ambiente “muito mais desafiador”. O banco destaca que a empresa atingiu seu guidance para o ano (R$ 1,5 bilhão-R$ 2 bilhões), lançando R$ 1,8 bilhão em 2021. Apesar do  volume de lançamentos, a empresa conseguiu manter sua velocidade de vendas praticamente estável, reforçando o sucesso de seus projetos.

Embora o Credit reconheça o forte desempenho da empresa no trimestre e que seu estoque continue saudável, ele continua cauteloso em relação à estratégia de ramp up de lançamentos neste momento do ciclo. Portanto, manteve classificação neutra para Mitre.

A equipe de análise do BBI afirma que o forte ramp-up de lançamentos da Mitre está começando a se refletir em um aumento de estoque, mas ressalta que isso já estava previsto. O banco diz que ainda não está preocupado com o VSO um pouco menor no trimestre, pois os lançamentos se concentraram nos últimos dias do ano, mas é importante acompanhar a evolução das vendas e formação de estoques, em meio à acomodação do setor em curso.

Por enquanto, os lançamentos da Mitre parecem estar com tração comercial positiva e o estoque parece saudável, com a maior parte da formação de estoque ocorrendo nos últimos seis meses (produtos frescos), avalia o BBI.

O banco mantém avaliação neutra para Mitre, e preço-alvo de R$ 15,00, frente a cotação de segunda-feira (17) de R$ 6,69.

Para o Itaú BBA, o principal destaque na prévia de Mitre foi a melhora nas vendas contratadas, algo antecipado em função da boa velocidade de vendas dos lançamentos. No entanto, os analistas também observam que a velocidade de vendas consolidada permaneceu estável, devido ao robusto pipeline de lançamentos.

Melnick (MELK3): velocidade de vendas foi destaque

A Melnick  registrou vendas líquidas de R$ 195 milhões no quarto trimestre de 2021, alta de 182% em relação aos R$ 69 milhões de um ano antes. Dessa forma, o VSO ficou em 16% no período contra 11% no ano anterior. As vendas líquidas subiram 4% de 2020 para 2021, passando de R$ 584 milhões para R$ 607 milhões.

O BBA avalia que a empresa apresentou sólido desempenho de comercialização, com velocidade de vendas (VSO) acelerando em relação ao trimestre anterior e supera estimativa para 2021.

A XP também considerou a prévia da construtora positiva. A corretora avalia que a Melnick reportou dados operacionais mistos no trimestre, explicados pelo o aumento de lançamentos, das vendas líquidas, que impactaram positivamente a velocidade de vendas no trimestre, atingindo 16% no quatro trimestre de 2021 contra 9% no trimestre imediatamente anterior.

Além disso, o distrato atingiu 6% das vendas brutas no 4T21 ante 8% no 3T21. A XP reiterou  visão favorável para Melnick com base em seu valuation atrativo, negociando atualmente em 0,6x P/VP.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.