MP das subvenções aprovada: fator de pressão para varejistas ficou para trás ou incertezas permanecem?

Analistas destacam que ainda há riscos de judicialização, mas apontam menos incertezas com MP aprovada

Lara Rizério

Publicidade

A Medida Provisória das subvenções do ICMS (1.185) foi aprovada pelo Senado na noite de quarta-feira (20) , sem grandes alterações em relação à versão aprovada anteriormente pela Câmara. Após a sanção presidencial, ela deverá entrar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2024.

Será uma mudança significativa para as empresas expostas aos incentivos fiscais de ICMS, que é o caso de muitos varejistas.

A MP impõe um novo regime tributário que extingue a distinção entre os benefícios do ICMS (créditos presumidos, impostos diferidos / reduzidos e isenção), introduzindo um mecanismo de crédito fiscal que limita significativamente os benefícios das empresas no que diz respeito ao imposto de renda.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Além disso, a MP também estabelece: i) um programa com descontos de até 80% para o ICMS retroativo não pago desde 2017, sendo que a XP vê impacto limitado para os varejistas, uma vez que as empresas têm constituído reservas de incentivos nos seus balanços patrimoniais e ii) uma regra mais rígida de cálculo da base para os Juros sobre Capital Próprio (JCP).

A leitura do mercado sobre a probabilidade de aprovação aumentou significativamente nas últimas semanas, portanto o efeito negativo decorrente da MP 1.185 deve estar pelo menos parcialmente precificado, apontou o Itaú BBA.

Para a XP, embora o impacto exato no lucro líquido das varejistas ainda seja difícil de estimar, o efeito deve ser mitigado por meio de estratégias internas e/ou pelo aumentos de preços.

Continua depois da publicidade

Além disso, apesar da esperada pressão sobre o lucro líquido das varejistas a partir do próximo ano, a XP acredita que a aprovação da MP elimina uma importante incerteza em torno do setor, já que agora há visibilidade sobre as regras finais do novo regime.

Por outro lado, o BBA aponta que, com as revisões de lucro e de fluxo de caixa para as empresas mais afetadas, poderá haver volatilidade nos preços nos próximos pregões.

O JPMorgan também vê que ainda há fontes de incertezas após a MP passar no Congresso, com os riscos de judicialização, o que também destacado pela XP, apesar de destacar o possível fim do “overhang” (fator de pressão que leva a um excesso de ações de uma empresa no mercado) com a MP passando no Congresso, uma vez que é improvável que novas mudanças sejam feitas.

Continua depois da publicidade

Impacto nos lucros

Na visão da XP, o lucro líquido em 2024 das varejistas poderia cair em média 8-15%, caso os benefícios do ICMS fossem reduzidos em 50-100%, respectivamente. Neste sentido, estima que, em um cenário de queda, as empresas precisariam aumentar os preços em média até 3% para compensar o impacto no resultado final.

Em termos de JCP, se as empresas seguirem as novas regras, haveria um impacto limitado (-7%) no lucro. O JPMorgan também vê que as empresas de varejo não devem sofrer com as mudanças.

Publicidade

O Itaú BBA projeta que empresas com maior exposição ao incentivo fiscal terão um impacto inicial no seu fluxo de caixa e resultados financeiros, mas ainda vê um eventual
repercussão de pelo menos parte do impacto nos preços ao consumidor como o cenário mais provável.

“Nesse sentido, empresas expostas a uma clientela de renda mais alta (e mais inelástica) poderiam ter uma maior possibilidade de compensar parcialmente este efeito negativo. Por outro lado, os varejistas alimentares que irão perder a subvenção poderão enfrentar um desafio maior na transmissão de preços (uma vez que a sua clientela é geralmente mais sensíveis aos preços). Algumas empresas também poderiam se concentrar em outras alavancas, como usando perdas operacionais líquidas ou ágio de aquisições para amortecer o impacto”, reforça o BBA.

Os analistas do banco consideram até possíveis vencedoras, que são empresas que não estão muito expostas ao tema e poderiam se beneficiar ganhando volume (se decidirem adotar um preço de varejo mais competitivo ante seus pares) ou nas tendências de lucratividade e fluxo de caixa.

Continua depois da publicidade

Em relatório da última semana, o Goldman Sachs havia apontado a exposição dos lucros a um impostos potencialmente mais elevado é relativamente maior para Soma (SOMA3), Grupo SBF ( SBFG3), Arezzo (ARZZ3) e Assaí (ASAI3), e relativamente menor para Carrefour Brasil (CRFB3) e Petz (PETZ3). Lojas Renner (LREN3) e RD (RADL3) são têm uma exposição moderada.

Abaixo, segue quadro em que o Goldman Sachs destaca quais as empresas que possuem maior benefício fiscal em proporção ao lucro líquido (sendo a Soma a maior, com 39%, e Petz a menor). Confira:

Fonte: Goldman Sachs

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.