Lula ou Bolsonaro? Traders usam criptomoeda para apostar em vencedor de domingo

A FTX oferece um token que é um contrato futuro focado nas eleições do Brasil

Lucas Gabriel Marins

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Não é só em sites de apostas esportivas que as pessoas estão tentando ganhar dinheiro com o resultado das eleições presidenciais do Brasil. Investidores também estão usando ativos digitais para participar do bolão de apostas da corrida presidencial, que chega a um desfecho no domingo (30).

No início do ano passado, a exchange de criptomoedas FTX lançou um token chamado Bolsonaro2022. O ativo digital é um contrato futuro que expira em 30 de outubro, dia do 2º turno, com dois resultados possíveis: US$ 1 se o presidente Jair Bolsonaro (PL) vencer ou US$ 0 se ele perder para o candidato Luíz Inácio Lula da Silva (PT).

Na prática, a criptomoeda pretende apostar no vencedor das eleições, ganhando dinheiro de quem faz a aposta contrária.

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Na manhã desta quarta-feira (26), o contrato era negociado a US$ 0,32. Portanto, se um investidor comprar uma participação do token no valor atual e Bolsonaro for reeleito no final de semana, ele poderia liquidar o contrato e lucrar com a diferença. Já se Lula ganhar, ocorre o oposto e a pessoa perde tudo.

Como o token é um contrato futuro, é possível também usá-lo para apostar no candidato do PT: basta operar vendido no Bolsonaro22. Ou seja, o investidor “aluga” o ativo, vende pelo preço atual e depois recompra a zero se Lula for eleito, lucrando com a queda.

Apesar de lançar um contrato sobre as eleições brasileiras, a FTX não pode oferecer produtos derivativos no Brasil. No entanto, não existe nenhuma vedação direta para brasileiros acessarem esses instrumentos financeiros no exterior.

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Comportamento do token

O trader Daniel Duarte, autor do livro “Bitcoinomics: Uma História de Rebeldia”, disse que o contrato teve um comportamento interessante logo que foi lançado. “O Bolsonaro2022 chegou a liderar com US$ 0,55, então quem ‘shorteasse’ (operasse vendido) ganhava 55%, e quem comprasse ganhava 45%”.

Segundo Daniel, no entanto, ao longo do tempo, o ativo digital foi ficando com uma liquidez muita baixa. “Meu resumo é que ele era muito bom no começo, porque era muito assimétrico, e que agora já não tem risco/retorno tão satisfatório como tinha”, falou.

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Nas últimas semanas, com a divulgação das pesquisas eleitorais para o segundo turno, o token registrou uma leve alta, mas logo voltou a cair. Desde domingo (23), quando ocorreu o episódio envolvendo o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), apoiador do presidente Jair Bolsonaro, que resistiu à prisão efetuando disparos e até jogando uma granada contra policiais federais, o token Bolsonaro22 desvalorizou 26%.

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Apesar do valor do contrato ter oscilado conforme a movimentação do cenário político nacional, o token não pode ser usado como projeção das eleições. “Isso porque ele tem torcida, e não é exato”, disse Duarte.

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Vale lembrar ainda que o mercado de derivativos ou apostas em criptoativos não é reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como capaz de projetar resultados de eleições.

Empresas ou entidades que realizam pesquisas de opinião pública, segundo o TSE, precisam registrar os levantamentos na Justiça Eleitoral até cinco dias antes da divulgação, com informações como CNPJ, CPF, valor e origem dos recursos, metodologia usada e período de coleta de informações.

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Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney