JBS (JBSS3) tem inúmeros recordes positivos no 4º tri graças aos EUA, enquanto analistas focam atenções para 2022; ação fecha em queda

Enquanto números da divisão americana foram mais uma vez destaque, resultados da divisão brasileira foram novamente pressionados

Lara Rizério André Cabette Fábio

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Assim como a Marfrig (MRFG3), que divulgou seus números no começo do mês, a JBS (JBSS3) divulgou um resultado do quarto trimestre de 2021 considerado positivo pelos analistas, mais graças às operações americanas do que por conta do Brasil.

A JBS encerrou o quarto trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 6,473 bilhões, ou R$ 2,69 por ação, 61% maior do que o lucro de R$ 4,019 bilhões verificado em igual período de 2020, informou a empresa nesta segunda. A receita líquida ficou em R$ 97,192 bilhões, aumento anual de 27,8%.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 13,150 bilhões, alta de 86,9% ante o quarto trimestre de 2020, com margem de 13,5%.

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Conforme destaca a XP, embora esperado, a JBS apresentou bons resultados no quarto trimestre e 2021, com inúmeros recordes positivos. Em meio a esse cenário, as ações abriram a sessão desta terça-feira (22) em alta, que chegou a ser superior a 4%, mas foram amenizando os ganhos logo no início da sessão, fechando com queda de 1,81%, a R$ 36,95, com os investidores de olho também nos próximos trimestres para a companhia.

A receita líquida consolidada ficou 5% acima da estimativa da casa, com o Ebitda ajustado superando em 11% suas projeções, enquanto o lucro líquido veio em linha.

As operações brasileiras seguem com desempenho abaixo do esperado, com margens estáveis em relação ao ano anterior para Friboi, enquanto a Seara apresentou uma contração já esperada, levando a 86% do Ebitda da empresa vindo das operações no exterior.

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No entanto, a principal questão agora é o ciclo do gado nos EUA e no Brasil, possivelmente em direções opostas.

Leia mais: JBS vê repasse de custos aos produtos com guerra mais lento no Brasil do que exterior

A empresa também anunciou o cancelamento de ações em tesouraria e um novo programa de recompra de ações.

Os analistas da casa destacaram restabelecer a recomendação de compra em JBSS3 com preço-alvo de R$ 51,80 por ação (potencial de alta de 38% em relação ao fechamento da véspera), reforçando sua posição como top pick no setor de proteínas.

Para o Itaú BBA, a companhia teve novo resultado sólido e acima das estimativas, sendo a JBS US Beef mais uma vez a grande responsável pelos dados acima. A empresa gerou fluxo de caixa ao acionista (FCFE) de R$ 5,9 bilhões e anunciou outro programa de recompra para adquirir até 116 milhões de ações.

Por outro lado, a Seara registrou mais um trimestre de compressão de margem devido à inflação de custos e menores exportações, enquanto a JBS Brazil Beef continuou sofrendo com a baixa disponibilidade de gado e redução nas exportações devido à proibição na China. O banco manteve recomendação outperform para JBS, e preço-alvo de R$ 47 frente a cotação de segunda-feira (21), ou potencial de alta de 25% para os papéis.

O Bradesco BBI também destacou que os resultados foram positivos, com o Ebitda ajustado 14% acima do consenso e 19% acima da estimativa dos analistas, impulsionado principalmente por margens Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) acima do esperado para as divisões de carne bovina e suína dos EUA – a divisão de frango dos EUA já havia divulgado resultados. A JBS também anunciou o cancelamento de ações em tesouraria, o que pode abrir espaço para mais recompras.

Além da receita líquida mais forte, o Ebitda acima do esperado também foi impulsionado pela rentabilidade acima do esperado para carne bovina dos EUA (margem Ebitda cerca de 2 pontos acima do estimado pelo BBI), carne suína (cerca de 1,10 ponto acima da estimativa) e Seara (cerca de 0,30 ponto além do esperado).

A rentabilidade acima do esperado deveu-se ao Custo dos Produtos Vendidos (CPV) inferior ao esperado (principalmente de matérias-primas), que ficou 3% abaixo da estimativa da casa, levando a margem bruta consolidada a superar a perspectiva em cerca de 4,80 pontos. Por fim, o lucro líquido ficou 20% acima do consenso e 10% acima do estimado pelo BBI, principalmente graças ao Ebitda mais forte.

Contudo, após esses resultados do 4T21, os analistas do BBI mantiveram a recomendação neutra e o preço-alvo de R$ 36,00 para a JBS, ou um valor 4% menor ante o fechamento da véspera.

As ações tiveram desempenho inferior ao Ibovespa em cerca de 10 pontos percentuais no acumulado do ano, pois os investidores precificaram: 1) o impacto negativo da recente valorização do real nos lucros da JBS, e 2) a deterioração das
margens para a indústria de carne bovina dos EUA, à medida que a produção de carne bovina volta ao normal após o pico de casos da ômicron (aumento da oferta de carne bovina), e os estoques de gado devem continuar caindo (levando a custos de gado mais altos para a indústria). Os analistas veem os múltiplos da ação amplamente alinhados com a média histórica, apoiando assim a recomendação atual para os ativos.

Para o Morgan Stanley, a divisão de carne bovina foi destaque, mas amplamente em linha com o esperado, mas os olhos se voltam agora para as perspectivas com relação ao primeiro trimestre de 2022. Os analistas têm recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) com preço-alvo de R$ 68, ou potencial de valorização de 81% em relação ao fechamento da véspera.

Demanda dos EUA e aquisições

Em teleconferência com analistas, Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, afirmou que fusões e aquisições recentes da empresa deverão representar mais US$ 2 bilhões de acréscimo no faturamento, com base no esperado pelo projeto da decisão de compra. Mas ele ressaltou que a empresa vem observando resultados acima daqueles previstos durante a compra. Ele afirmou que uma vantagem competitiva da empresa é a capacidade de integrar os negócios rapidamente à empresa.

André Nogueira, presidente da JBS na América do Norte, afirmou que os últimos anos vêm sendo de grandes incertezas, ressaltando a guerra na Europa, que traz riscos humanitários e impactos na cadeia de produção, em grãos e transporte; a perspectiva de redução de incentivos nos Estados Unidos; e pressão inflacionária forte.

Apesar disso, afirmou que a demanda nos Estados Unidos e nos mercados para os quais o país importa continua “fortíssima” para as três proteínas (carne de boi, frango e porco). Ele ressaltou que a produção de carne de vaca nos EUA e de porco serão mais de 1% menores do que a do ano passado, enquanto a de frango será 0,7% maior. Este fator poderá impulsionar os preços, disse. As vendas para as três proteínas vêm sendo, no trimestre atual, maiores do que aquelas do mesmo período do ano passado, o que deve impulsionar as margens.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.