JBS (JBSS3) vê repasse de custos aos produtos com guerra mais lento no Brasil do que exterior

Valorização do preço do trigo, por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, está levando a empresa a fazer esforços para repassar esses custos

André Cabette Fábio

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O presidente da JBS (JBSS3) na América do Norte, André Nogueira, disse nesta terça-feira (22) que a valorização da cotação do preço do trigo, por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, está levando a empresa a fazer esforços para repassar esses custos aos produtos.

No entanto, ele afirmou que esses repasses têm sido mais lentos no Brasil e mais rápidos no mercado internacional. As declarações ocorreram por conta da divulgação do resultado do 4º trimestre da JBS, que lucrou de forma líquida R$ 6,4 bilhões, representando uma alta de 61% na comparação anual.

Com valorização acima de 44% em 12 meses, as ações da JBS (JBSS3) hoje registravam queda de 0,80%, por volta das 13h02, cotadas a R$ 37,33. Analistas avaliaram os números da divisão americana como ponto positivo, enquanto viram divisão brasileira novamente pressionada.

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Em relação aos Estados Unidos, Nogueira afirmou que há demanda muito forte no mercado doméstico e nos itens de exportação. O executivo destacou ainda as margens fortes na carne de frango por conta da demanda aquecida.

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Wesley Batista Filho, presidente da JBS na América Latina, reconheceu que a guerra na Ucrânia traz pressão de preços dos grãos, principalmente na primeira metade do ano. Isso deve pressionar o mercado e as margens da empresa. O executivo destacou o impacto da inflação de custos na unidade Seara.

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No entanto, Batista afirmou que a produção de grãos terá uma safrinha no Brasil até a primeira metade do ano, com boa perspectiva. Assim, disse ver um desafio especialmente grande no primeiro trimestre, e mais suave no segundo trimestre.

De toda forma, prevê que o impacto da alta dos preços deve se estender por todo o ano. Este fator se soma a um dólar mais fraco, o que traz um primeiro trimestre especialmente desafiador para a Seara.

JBS (JBSS3): preços

Nogueira, da JBS na América do Norte, acrescentou que os últimos anos vêm sendo de grandes incertezas, ressaltando que a guerra na Europa traz impactos na cadeia de produção, em grãos e transporte. Além disso, há perspectiva de redução de estímulos nos EUA e pressão inflacionária forte.

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Apesar disso, afirmou que a demanda nos Estados Unidos e nos mercados para os quais o país importa continua “fortíssima” para as três proteínas (carne de boi, frango e porco).

Ele ressaltou que a produção de carne de vaca nos EUA e de porco serão mais de 1% menores do que a do ano passado, mas a de frango será 0,7% menor. Este fator poderá impulsionar os preços, disse.

As vendas para as três proteínas vêm sendo, no trimestre atual, maiores do que aquelas do mesmo período do ano passado, o que deve impulsionar as margens.

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Sobre carne de frango, Wesley Batista Filho, presidente da JBS (JBSS3) na América Latina, afirmou que a proteína vem se tornando uma “ótima opção” neste momento de redução da renda no Brasil. Assim, a demanda interna vem aumentando por produtos da Seara.

No mercado externo, ressaltou que a Ucrânia é exportadora não só de grãos, mas de frango, e que a JBS vem trabalhando para suprir mercados para os quais o país exportava.

Listagem da JBS nos EUA

Questionado sobre os planos para a listagem da JBS (JBSS3) nos Estados Unidos, o CEO Gilberto Tomazoni afirmou que o grande objetivo da listagem da empresa nos EUA é destravar valor para os acionistas, e que nunca deixou de ser uma prioridade.

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Entretanto, disse ser necessário que o procedimento seja feito no momento certo e não mencionou uma possível data para o procedimento.

André Nogueira, presidente da JBS na América do Norte, afirmou que o fator mais importante da operação nos Estados Unidos é o consumo global, já que o país é um grande exportador.

Conforme ele, a Ásia vem sendo um fator de demanda muito importante, e que esta deve subir conforme a pandemia de Covid fica para trás.

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Quanto a preços, disse que estes devem ficar elevados neste ano por conta da demanda, mas não tanto quanto aqueles do ano passado.

Agora, diz que observa como o investidor reagirá à redução de estímulos nos Estados Unidos e à inflação de diversas áreas, com destaque para a gasolina.

Fusões e aquisições

Por fim, Tomazoni, CEO da JBS, afirmou que fusões e aquisições recentes da empresa deverão representar mais US$ 2 bilhões de acréscimo no faturamento, com base no esperado pelo projeto da decisão de compra.

Mas ele ressaltou que a empresa vem observando resultados acima daqueles previstos durante a compra. Ele afirmou que uma vantagem competitiva da empresa é a capacidade de integrar os negócios rapidamente à empresa.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney