Itaú (ITUB4) reconhece que juros altos pressionam inadimplência: “te ajudam de um lado, atrapalham de outro”, diz CEO

"Você tem virtualmente as receitas crescendo, mas isso gera uma pressão no custo do crédito", diz Milton Maluhy Filho

Mitchel Diniz

Milton Maluhy Filho (Foto: Divulgação/Itaú)

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O crescimento de 17,4% no lucro do Itaú no segundo trimestre, para R$ 7,67 bilhões, foi impulsionado por linhas de crédito voltada ao consumo, como cartão de crédito e crédito pessoal. São linhas que geram mais retorno ao banco quando os juros da economia sobem. Mas o CEO do banco, Milton Maluhy Filho, reconhece que a Selic, no atual patamar em que está hoje, também pressionam a inadimplência.

“Você tem virtualmente as receitas crescendo, mas isso gera uma pressão no custo do crédito. Te ajuda de um lado, mas te atrapalha do outro”, disse. “Nossa visão é que a gente prefere rodar com um nível de taxa de juros mais baixa”, complementou o CEO.

A carteira de crédito do Itaú atingiu R$ 1,084 trilhão no período, alta de 5% em relação a um ano antes. O segmento cartão de crédito na pessoa física atingiu R$ 126,3 bilhões . O banco, contudo, informa que o avanço se deu principalmente no segmento de alta renda: 80% do crescimento do trimestre nos segmentos Personnalité e Uniclass.

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Segundo o CEO do Itaú, 80% da carteira de clientes no cartão de crédito é sem juros e 20% é financiada, no rotativo e parcelamento. “O cliente não fica mais de 30 dias no rotativo, por questões regulatórias, portanto é uma carteira saudável”, diz Maluhy Filho.

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“Temos reduzido o limite de crédito de vários clientes que acreditamos ter deterioração ou ter alguma questão no pagamento para o banco”, explicou o CEO, dizendo que o banco tem sido cauteloso na produção de crédito.

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No segundo trimestre,  as despesas com provisões do Itaú atingiram R$ 7,5 bilhões em despesas com provisões, alta de 60,6% em um ano.

“Quando estamos em um ciclo de crescimento de carteira, como o observado, é natural que o nível de provisionamento no balanço aumente”, afirmou o CEO.

“Quando a gente vê alguma deterioração nos atrasos ou no cenário macro, nossos modelos chamam mais provisão, o que protege o nosso balanço”, complementou.

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Maluhy afirma que o banco sido “muito disciplinado” na gestão de renegociação. A carteira renegociada do Itaú atingiu R$ 34,3 bilhões ao final do segundo trimestre, correspondendo a 3,2% da carteira total.

“Não houve venda de carteira no trimestre. Na qualidade de crédito, não tivemos incremento nas renegociações, o que faz com que indicadores de atraso se mantenham em patamares inferiores”, disse o executivo.

Segundo ele, a expectativa é de normalização gradual nos índices de atraso. “Isso deve acontecer ainda no terceiro ou quarto trimestr. A nossa melhor expectativa é que vão se estabilizar em patamares pré-pandemia”, diz Maluhy Filho.

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Para o executivo, a revisão no guidance da companhia para 2022 “incorpora um nível de rentabilidade bastante adequado”. O Itaú revisou várias estimativas, passando a prever que sua carteira de crédito de crédito total crescerá de 15,5% a 17,5% em 2022, ante previsão anterior de 9% a 12%. Consequentemente, a projeção de aumento da margem financeira com clientes também mudou, passando do intervalo de 20,5% a 23,5% para 25% a 27%.

O CEO do Itaú diz que o ano de 2023 tem diversas variáveis para acompanhar, com juros subindo para 4% nos Estados Unidos e a pressão de outros competidores. “Mas temos conseguido entregar rentabilidade e no curto prazo vamos conseguir entregando rentabilidade”, concluiu.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados