Itaú (ITUB4): Carteiras de crédito devem crescer menos em 2023, diz CEO

Banco continuou reduzindo o ritmo de originação de crédito em veículos e no setor imobiliário

Mitchel Diniz

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O cenário de juros altos eleva os custos de captação dos bancos e, consequentemente, reduz a demanda por crédito dos clientes. É com base nessa realidade que os executivos do Itaú (ITUB4) estão prevendo um menor crescimento das carteiras do banco em 2023. O primeiro trimestre já deu um exemplo do que estar por vir.

Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, explica que o banco continuou reduzindo o ritmo de originação de crédito em veículos e no setor imobiliário. “A gente tem visto uma pressão no ‘funding’ cada vez maior, as taxas subindo, em com esse nível de preço, naturalmente, os clientes demandam menos”, afirmou.

“Continuamos investindo e crescendo nos melhores clientes”, disse, ainda que reconheça que esses correntistas também estejam demandando menos. “A gente vai continuar ajustando o mix e crescendo nos clientes de melhor rating”.

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Mesmo assim, Maluhy não acredita que o Itaú vai ter os mesmos níveis de retorno vistos no passado.

“O mercado mudou estruturalmente, seja do ponto de vista regulatório, tem mais competição e maior independência de crédito, que acaba puxando níveis de retorno para baixo”, disse Milton Maluhy Filho.

Além da pandemia de Covid-19, efeitos regulatórios que reduziram a rentabilidade do cheque especial se somaram a inadimplência no impacto sobre a rentabilidade do crédito para o varejo.

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“Nossa expectativa é de continuar atuando forte pra melhorar rentabilidade. Não acho que volte pro patamar lá de trás, mas sem dúvida há espaço para melhorar, afirmou o CEO.

Na apresentação dos resultados do banco no primeiro trimestre, o Maluhy Filho ressaltou que 17% do portfolio de empréstimos corporativos está exposto a setores de menor volatilidade. Em 2014, esse percentual era de 36%

No segmento de cartão de crédito, o CEO disse que o banco vem reduzindo concessões na parte de financeiras e “mar aberto” de forma relevante.

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“A gente fez um ajuste importante no portfólio, reduzimos as novas concessões e fizemos uma revisão geral de nossos limites – e a exposição dos grupos de maior risco reduziram de forma relevante também”, disse Milton Maluhy Filho.

Ainda na teleconferência, o CEO disse que o Itaú tem oportunidades de absorver operações do mercado de capitais.

“O mercado de capitais está muito fechado. A gente vê um bom volume de liquidez nos fundos de crédito, mais de R$ 1 trilhão, mas a dinâmica de preços faz com que eles tenham mais caixa do que apetite”, explica Milton Maluhy Filho.

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“Tem muito refinanciamento e muitas empresas que vão acessar mercado ao longo do ano, que não têm capacidade de rolagem. Por isso balanço de banco, nunca foi tão importante nesse sentido”, disse.

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“A demanda cai, por outro lado oportunidades de refinanciamento e de absorver operações do mercado de capitais que virão para o balanço em boas condições com níveis adequados de mercado, terão boas oportunidades”, complementou o CEO.

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Na sessão de perguntas e respostas com analistas, Maluhy Filho também afirmou que há espaço para novos ajustes na agenda de eficiência do banco.

O Itaú fechou 55 agências no primeiro trimestre de 2023 e busca evoluir as operações no seu modelo digital. O banco tem, atualmente, 415 agências digitais, com custo muito mais baixo, segundo Maluhy Filho.

O CEO diz que o banco trabalha para reduzir o parque sem “passar do ponto”, porque ainda há demanda de clientes por agências físicas. Mas não descarta novos ajustes em nome da eficiência.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados