IPO da Caixa Seguridade deve sair em outubro, com banco mais digital e mais clientes

Presidente do banco detalhou o IPO e respondeu por que abrir o capital da Caixa Seguridade antes de outras subsidiárias, como Caixa Loterias ou Cartões

Giovanna Sutto | Priscila Yazbek

(Divulgação/Caixa)

Publicidade

SÃO PAULO – A abertura de capital da Caixa Seguridade, braço de seguros e previdência da Caixa Econômica Federal, deve acontecer em outubro, com o banco mais digital e mais presente entre pequenos empresários e a população de baixa renda, segundo Pedro Guimarães, presidente da Caixa.

“A Caixa hoje é muito diferente de março, nós temos uma plataforma digital, o Caixa Tem, com mais de 100 milhões de pessoas. […] E essa operação do Pronampe, de aproximação às pequenas e micro empresas, gerou outro nicho de receita para a operação de seguros, que não existia”, disse Guimarães em entrevista transmitida ao vivo pelo InfoMoney.

Ele afirmou que a digitalização do banco foi acelerada com a pandemia, já que a Caixa foi responsável por conceder a maior parte dos recursos destinados a programas públicos de crédito para empresas, como o Pronampe, além da transferência de benefícios como o auxílio emergencial e outros, que, segundo o presidente da Caixa, chegaram a atingir sete em cada dez brasileiros.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ingerência política

O presidente da Caixa disse que ao conversar com investidores no passado eles identificavam dois problemas centrais na operação da Caixa Seguridade: o primeiro era justamente a falta de uma atuação mais digital; e o segundo eram os problemas de governança.

Sobre o segundo ponto, Guimarães defendeu que o banco não tem mais ingerência política e a prova disso é o fato de ter deixado de conceder crédito a grandes empresas – que normalmente estão mais ligadas a esquemas de corrupção.

“Nesta gestão do presidente Jair Bolsonaro, do ministro Paulo Guedes e minha, não existe ingerência política, tudo é meritocrático. Agora, quando você abre capital – nós estimamos que mais de 200 mil pessoas virem sócias da Caixa Seguridade em um eventual IPO -, são 200 mil pessoas analisando o balanço e cobrando se, no futuro, quiserem fazer da Caixa o que foi feito anos atrás”, afirmou.

Continua depois da publicidade

Ainda sobre governança, Guimarães disse que a Caixa Seguridade está ampliando as sociedades na operação de seguros. “Era uma só, mas agora teremos cinco empresas privadas sócias da Caixa: a francesa CNP, a japonesa Tokio Marine, a brasileira Icatu e vamos anunciar mais duas. […] Isso é importante porque dilui a relação comercial com mais parceiros e gera maior governança.”

Guimarães disse que realizou negociações similares ao ajudar a conduzir outro IPO, em 2013, da BB Seguridade (BBSE3), que gerou enorme euforia no mercado.

O presidente da Caixa ressaltou que o IPO do braço de seguros do Banco do Brasil atraiu investidores por causa das agências do banco espalhadas por todo o Brasil, capilaridade que garantia um poder de barganha que outras seguradoras não tinham. Mas será que o sucesso pode se repetir?

Guimarães diz que a Caixa Seguridade também se beneficia da capilaridade, mas conta com o diferencial da nova plataforma digital. “O Caixa Tem funciona até em celulares pré-pagos, pode parecer pequena coisa, mas é uma enorme diferença porque atende ao público mais carente financeiramente, que precisa de aplicativos muito mais leves”, diz.

Por que realizar o IPO agora

O anúncio da oferta inicial de ações, ou IPO, na sigla em inglês, foi feito no início de 2019, e a estimativa inicial era que fosse concluído em abril. Mas, com a pandemia, em março o banco decidiu adiar a entrada na Bolsa.

Questionado sobre por que retomar o IPO agora, com a pandemia ainda impactando fortemente a economia, Guimarães disse que os juros baixos e o mercado em alta tornam o momento oportuno.

“Nunca houve, desde o tempo em que eu estou no mercado, uma taxa de juros nominal tão baixa. Isso leva à busca por investimentos alternativos. Nós estamos em julho, pelo cronograma, se aprovada a oferta, será em outubro, faltam três meses e Bolsa já estava em 104 mil pontos ontem, acima de quando fizemos nosso primeiro fire [anúncio], disse Guimarães.

IPO da Caixa Cartões e Caixa Loterias?

Na entrevista, Guimarães também respondeu por que realizar o IPO da Caixa Seguridade antes de outras subsidiárias do grupo. Segundo ele, as conversas sobre a abertura de capital da empresa começaram em meados de 2015, quando ele ainda estava no setor privado e Joaquim Levy comandava a pasta da Economia.

“A Caixa Seguridade é a primeira porque está pronta, mais madura. Na asset [gestora de recursos] ainda estamos finalizando a criação da DTVM [Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários]; na Caixa Loterias há uma discussão sobre a necessidade de uma lei específica para que possamos abrir o capital”, explica.

A Caixa Cartões também estaria no páreo do IPO, segundo Guimarães, mas como é a primeira operação de abertura de capital do grupo é importante começar com uma empresa que já tenha exemplos similares no mercado.

“Não existe outra empresa no mercado como a Caixa Cartões. Quando você olha a Cielo, por exemplo, ela é uma parte do negócio. Já com a Caixa Seguridade, existe o comparativo perfeito, com exceção da plataforma digital, com a BB Seguridade, que já deu certo. Preferimos fazer assim para que o mercado entendesse de maneira fácil o processo e para que a operação tivesse o menor desconto possível”, disse.

Segundo o presidente, ainda, a abertura de capital da Caixa Seguridade vai contar com uma oferta de cerca de 30% das ações para o varejo. “Achamos que é uma maneira de nossos clientes poderem ter uma participação na Caixa como sócios”, afirma.

Aprenda a identificar as ações com maior potencial de valorização: assista à série gratuita Stock Picking – A Habilidade mais Valiosa do Mercado

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.