Iochpe-Maxion (MYPK3) desaba 11%, Sinqia (SQIA3) e GetNinjas (NINJ3) sobem mais de 5%: os destaques do mercado após os resultados

Technos e Sinqia, por sua vez, registram fortes ganhos após os resultados do 1T23, enquanto Totvs tem ganhos expressivos

Lara Rizério

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A temporada de balanços seguiu sendo destaque na sessão desta terça-feira (9), levando a um novo dia de extremos na Bolsa.

Além de Natura&Co (NTCO3), que teve alta de 15% das suas ações na sessão pós-balanço, a Sinqia (SQIA3) registrou forte alta, de 5,84%, a R$ 16,50, mas amenizando frente às máximas do dia. Technos (TECN3) amenizou ainda mais os ganhos: de alta de até 11,40% para valorização de 2,93%, a R$ 3,16. Já Totvs (TOTS3) fechou em alta de 2,12%, a R$ 27,92. Já a GetNinjas (NINJ3) ganhou força e subiu 5,48%, a R$ 3,08, após seu resultado.

Já entre as maiores baixas, estiveram Iochpe-Maxion (MYPK3), com queda de 10,99%, a R$ 10,61, Pague Menos (PGMN3, R$ 2,95, -4,84%), CBA (CBAV3, R$ 5,00, -6,02%) e TIM (TIMS3, R$ 13,61, -2,86%), mas as três últimas também amenizando as perdas ao longo da sessão. Confira os fatores por trás desses desempenhos e mais análises de balanços:

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Alliança (ex-Alliar;AALR3)

A Alliança Saúde (AALR3), antiga Alliar, reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 32,2 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 205,2% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2022, decorrente principalmente da maior despesa financeira no período.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 63,2 milhões no 1T23, um crescimento de 23,6% em relação ao 1T22.

Segundo a Alliança, o aumento do Ebitda está diretamente relacionado: (i) ao aumento da receita líquida e (ii) à maior diluição das despesas gerais, sendo ambos oriundos das alavancas implementadas pela atual gestão, mesmo considerando o impacto das despesas com pessoal no período.

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Braskem (BRKM5)

A Braskem divulgou seu resultado do 1T23 em meio a especulações sobre a sua venda, o que elevou a expectativa para os seus números do período. A petroquímica encerrou o primeiro trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 242,4 milhões, o que representa uma queda de 94% ante o lucro de R$ 3,9 bilhões de igual período do ano passado.

Já o lucro líquido atribuído aos sócios da empresa controladora somou R$ 184,4 milhões. O valor representa queda de 95,25% na comparação com o lucro atribuído aos controladores de R$ 3,9 bilhões em igual período do ano anterior.

O Ebitda recorrente totalizou R$ 1,063 bilhão nos primeiros três meses do ano, uma queda de 78% ante o apurado um ano antes.

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A receita líquida da companhia fechou o período em R$ 19,446 bilhões. O resultado representa queda de 27,25% ante a cifra de R$ 26,7 bilhões na mesma base de comparação.

Para o Bradesco BBI, o Ebitda do 1T23 fraco, conforme esperado, devido ao mau momento do ciclo de polietileno (PE) e polipropileno (PP). O Ebitda recorrente reportado chegou a US$ 205 milhões, 13% abaixo de sua estimativa e abaixo do consenso de US$ 238 milhões. “O fraco resultado foi em grande parte impulsionado pelos fracos spreads petroquímicos, parcialmente compensados pelos preços mais baixos do etano na instalação do México. O lucro líquido de US$ 35 milhões da empresa ficou um pouco em linha com nossa estimativa de US$ 15 milhões”, afirma.

Já o O fluxo de caixa livre para o acionista (FCFE, do inglês “Free Cash Flow to Equity”) foi impactado por resultados fracos e capital de giro negativo. A empresa encerrou o 1T23 com dívida líquida ajustada (incluindo 75% da Braskem Idesa) em US$ 6,6 bilhões (versus US$ 6,0 bilhões no trimestre anterior) e uma relação dívida líquida/Ebitda nos últimos doze meses de 3,9 vezes.

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Já para o JPMorgan, o Ebitda recorrente superou sua projeção, enquanto o fluxo de caixa negativo ainda prejudicou os resultados. A Braskem registrou Ebitda consolidado de R$ 1,1 bilhão, 29% acima de sua estimativa de R$ 826 milhões, principalmente com spreads mais fortes do que o esperado no Brasil e nas regiões dos EUA e Europa. O México foi pior do que o esperado, com a melhora nos spreads ainda abaixo das expectativas de custo do banco.

Mesmo com o Ebitda, o fluxo de caixa livre ficou negativo em R$ 2,5 bilhões, segundo números do JPMorgan, devido à maior demanda de capital de giro. “Olhando para frente, vemos spreads petroquímicos se recuperando de forma sequencial, especialmente com custos mais baixos. Acreditamos que este conjunto de resultados seja neutro para a Braskem e que a ação continue a ter bom desempenho até o anúncio de uma oferta potencial”, afirma o banco.

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CBA (CBAV3)

A CBA (CBAV3) registrou lucro líquido de R$ 89 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), o que representa queda de 79% sobre igual etapa de 2022, informou a companhia nesta segunda-feira (8).

O Ebitda ajustado totalizou R$ 84 milhões no 1T23, uma diminuição de 85% em relação ao 1T22.

A XP avalia que a CBA reportou resultados fracos no 1T23, refletindo uma estrutura de custos pressionada em meio aos baixos preços do alumínio.

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Os principais destaques são: (i) resultados abaixo do esperado no segmento de energia; (ii) queima de fluxo de caixa livre de R$ 475 milhões, principalmente devido ao maior capital de giro de R$ 313 milhões, impactado por um aumento de estoques de R$ 188 milhões com previsão de reversão nos próximos trimestres; e (iii) menores vendas de alumínio primário (-14% no trimestre), que foram compensadas pelo maior comércio de lingotes (+7 mil toneladas no 1T23) para atender a demanda de clientes.

“Embora continuemos vendo valor de longo prazo na CBA, reconhecemos que as perspectivas de curto prazo devem permanecer pressionadas pelos atuais preços spot do alumínio”, afirmam os analistas.

O Bradesco BBI aponta que o Custo de Produtos Vendidos (CPV) por tonelada continuou aumentando no trimestre, impactado pelos maiores custos de alumina e pasta anódica, enquanto a instabilidade operacional atingiu o custo fixo. A relação Dívida Líquida/Ebitda aumentou para 1,9 vez no 1T23, contra 1,1 vez no 4T22, enquanto houve uma queima de caixa de R$ 627 milhões, impactado por uma variação de R$ 313 milhões no capital de giro (por exemplo, maiores estoques de matérias-primas como resultado da instabilidade operacional) e investimentos de R$ 277 milhões.

“Embora as ações da CBA tenham caído aproximadamente 60% desde nosso rebaixamento de setembro de 2022 e 53% no acumulado do ano, continuamos cautelosos e mantemos a recomendação apenas neutra. Esperamos novas revisões para baixo das projeções de lucros para 2023, pois as pressões de custo permanecem relevantes e a demanda no Brasil é fraca, enquanto a empresa deve registrar queima de caixa em 2023 e 2024, com flexibilidade limitada para reduzir seus investimentos”, afirmam os analistas do BBI.

Eles veem espaço para uma recuperação nos preços do alumínio (preço médio do alumínio projetados de US$ 2.375/tonelada em 2023 e US$ 2.500 em 2024, contra preços à vista em torno de US$ 2.315), embora não deva ser suficiente para levar o Ebitda da empresa e geração de caixa de volta a níveis robustos.

Direcional Engenharia (DIRR3)

A incorporadora Direcional (DIRR3), que atua no segmento de imóveis econômicos, registrou lucro líquido de R$ 58,8 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), uma alta de 120% na comparação com igual período do ano passado.

Já o lucro líquido operacional do 1T23 foi de R$ 70 milhões, considerando os ajustes por operação de swap de ações e pelas despesas com cessão de recebíveis, representando um crescimento de 96% sobre o 1T22 e de 31% sobre o 4T22.

A XP vê os resultados como robustos, apontando ainda que a receita líquida aumentou 19% em relação ao ano anterior, impulsionada por vendas líquidas sólidas (+27% ano a ano), sugerindo uma recuperação de receita (receita bruta versus volume de vendas líquidas) ao longo do ano.

Além disso, a margem bruta manteve níveis saudáveis, atingindo 35,5% (+30 pontos-base na comparação anual), devido a um controle consistente de orçamento, agora ajudando a margem bruta reportada devido à desaceleração na inflação de custos de construção.

Para o BBI, a empresa teve forte desempenho operacional (crescimento anual de 27% em vendas contatadas e mais de 10% em lançamentos) e uma margem bruta estável (cerca de 35%), impulsionando tanto a expansão da receita líquida, quanto do lucro líquido (avanço de 88% em base anual, quando excluído operações de swap), atingindo um ROE anualizado de 18%.

“Também gostamos da gestão do balanço patrimonial da Direcional, sendo ativa na venda de ativos (recebíveis e SPEs), o que reduz seu ciclo de caixa, permitindo uma distribuição de proventos mais rápida e recorrente aos acionistas e acelerando a expansão do ROE”, avalia.

No geral, o banco destaca gostar da tese e ver a Direcional sustentando sua tendência positiva, embora pondere ter que acompanhar a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a remuneração do FGTS, que é fundamental para avaliar as perspectivas do programa MCMV nos próximos anos.

Na mesma linha, o Itaú BBA aponta recomendação equivalente à compra para a ação, mas com postura menos otimista em relação a potenciais ventos contrários para o setor. Sobre o balanço, o banco destaca que as receitas melhoraram trimestralmente e anualmente, apoiadas pelo forte desempenho de vendas no trimestre. As margens brutas foram resilientes e, combinadas com a diluição das despesas de vendas, elevaram o resultado final acima de sua estimativa.

GetNinjas (NINJ3)

A GetNinjas (NINJ3) registrou um prejuízo líquido de R$ 2,1 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), perda 43% menor na comparação com igual período de 2022, informou a plataforma de contratação de serviços.

Houve um aumento do prejuízo em R$ 1,4 milhão (ou de 200%) em relação ao 4T22, principalmente em função da variação negativa do resultado financeiro, afirmou.

Para o JPMorgan, a GetNinjas reportou resultados mistos no 1T23, com alta da receita de 1% no ano, versus projeção de queda de 2% do banco, enquanto o Ebitda chegou a -R$5,7 milhões, menos negativo que a projeção de -R$6,3 milhões. O prejuízo foi pior do que o esperado em -R$2,1 milhões (ante expectativa do JP de lucro de R$ 100 mil), mas melhorando versus o 1T22.

A empresa queimou R$ 2,2 milhões de caixa, o que mostra melhora ante os R$ 5 milhões no 4T22.

O banco destaca que a redução em Marketing (-25% ano a ano) impactou a expansão da receita e da base de profissionais, o que desacelerou seu crescimento. Também, como no trimestre anterior, as categorias que concentraram o maior volume de solicitações foram Renovação de residência (42% do total de solicitações), seguida de Assistência Técnica (16%) e Serviços de residência (11%).

A maior parte da melhora sequencial do Ebitda ajustado veio de despesas de marketing em queda. As despesas gerais e administrativas diminuíram 8% ano, mas aceleraram +3% no trimestre, principalmente pela redução de 61 funcionários em comparação com o 1T22.

Grupo SBF (SBFG3)

O Grupo SFB, dono da Centauro, registrou lucro líquido de R$ 1,512 milhões no primeiro trimestre de 2023. A cifra é 91,2% menor que a registrada um antes, de R$ 17,278 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 204,924 milhões, com alta de 13,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Na avaliação do Bradesco BBI, do ponto de vista do demonstrativo dos resultados, os números ficaram acima das suas estimativas de vendas até o Ebitda (4,3% e 18,2% acima do estimado pelo Bradesco BBI, respectivamente), mas do ponto de vista do caixa, as maiores necessidades de capital de giro (o ciclo piorou 73 dias em base anual) pesaram no fluxo de caixa e no endividamento (3,1 vezes a relação dívida líquida/Ebitda).

Assim, aponta, os investidores podem olhar mais para a questão do fluxo de caixa, apesar de a empresa ter apresentado algumas indicações animadoras do ponto de vista da lucratividade no 1T23.

“O Grupo SBF tornou-se um show me first story (ou seja, o investidor não quer ‘pagar para ver’) e a consistência será a chave para justificar uma reavaliação dos múltiplos, que pode continuar prejudicando o sentimento sobre a ação no curto prazo. Despesas de juros mais altas nos fizeram revisar nossa estimativa de lucro líquido em 2023 para baixo em 16%, e agora estamos 27% abaixo do número estimado pelo consenso”, aponta o banco.

No entanto, mesmo assim, vê SBFG3 negociando a 10 vezes o múltiplo de preço sobre o lucro (P/L) para 2023, o que é um grande desconto para os pares (que negociam a 15 vezes) e, é pouco exigente para uma empresa lucrativa que acredita ser o consolidador líder em um mercado de roupas esportivas altamente fragmentado.

A XP vê os resultados como fracos, com Ebitda acima das suas estimativas, mas com o lucro líquido abaixo. A recomendação foi mantida de compra, com preço-alvo de R$ 16 por ação.

A receita líquida consolidada cresceu 9,5% ano a ano, com i) a Centauro estável (+1% A/A), com as vendas do canal online caindo -30% dada a estratégia da companhia de focar na rentabilidade da operação, com menos promoções, otimização dos investimentos em marketing e revisão da política de fretes, enquanto o canal físico teve um desempenho superior em 13% , puxado por um SSS (vendas mesmas lojas) de +16,7%, que mais do que compensou os ventos contrários da revisão de portfólio de lojas (7 fechamentos líquidos nos últimos 12 meses).

Para o Itaú BBA, os resultados da companhia foram fracos pelo terceiro trimestre consecutivo. No consolidado, a receita líquida e o Ebitda ajustado ficaram 2,8% e 19,4% acima das suas projeções, respectivamente, enquanto o lucro líquido ficou 65% abaixo da sua expectativa.

A Fisia, distribuidora oficial da Nike no Brasil, registrou um crescimento resiliente de 16,5% na receita líquida em relação ao ano anterior, juntamente com uma expansão de 3,7 p.p. na margem bruta, mas que foi parcialmente ofuscada pelo fraco momento operacional da Centauro, cuja receita líquida ficou praticamente estável em relação ao ano anterior, à medida que a empresa fez esforços para melhorar a lucratividade, com margem bruta subindo 2,9 p.p, em relação ao ano anterior.

Como ponto negativo, a piora do capital de giro levou a um fluxo de caixa operacional negativo de R$ 553 milhões (ante R$ 113 milhões um ano antes).

Iochpe Maxion (MYPK3)

A Iochpe-Maxion (MYPK3), produtora de componentes estruturais automotivos, teve prejuízo líquido de R$ 16,3 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), revertendo lucro líquido de R$ 160,2 milhões de igual etapa do ano passado.

O Ebitda totalizou R$ 286,8 milhões no 1T23, uma retração de 47,7% em relação ao 1T22.

O BTG Pactual aponta que a companhia teve um 1T23 nada inspirador, com margens fracas em meio a volumes e preços reduzidos

A receita líquida chegou a R$ 4,0 bilhões (-7% na base anual em linha) e o Ebitda foi de R$ 287 milhões (-48% ao ano, em linha), rendendo uma margem de 7,2% (- 560 pontos-base ano a ano, em linha). O Ebitda foi ajudado em R$ 5 milhões em itens não recorrentes. Desconsiderando esses itens, o Ebitda ajustado totalizou R$ 282 milhões (-50% ao ano), gerando uma margem fraca de 7,1%.

As margens foram impactadas negativamente por diversos fatores transitórios, entre eles: (i) defasagem entre custo de estoque de matéria-prima e preço de venda; (ii) menor venda de veículos comerciais no Brasil; e (iii) impactos persistentes da inflação em todas as regiões de atuação da companhia, aponta o banco.

A XP também destaca que a Iochpe-Maxion continuou apresentando resultados pressionados no 1T23. Do lado positivo, se nota um desempenho relativamente melhor da Europa, impulsionado principalmente por veículos leves, à medida que os gargalos relacionados à cadeia de suprimentos diminuem.

No entanto, a recuperação da região foi mais do que compensada por: (i) vendas pressionadas de veículos pesados no Brasil, à medida que a produção despenca com a implementação do Euro 6, e (ii) condições cambiais desfavoráveis. Quanto à rentabilidade, a margem Ebitda manteve-se pressionada apesar da melhoria contínua dos custos das matérias-primas.

Já a piora dos níveis de alavancagem da companhia é um destaque negativo, com a dívida líquida/Ebitda dos últimos doze meses aumentando de 2,06 vezes no 1T22 para 2,77 vezes no 1T23, reiterando assim recomendação neutra para o papel.

O Itaú BBA atribui os números fracos e abaixo das suas expectativas devido ao descasamento dos custos das suas matérias-primas com o preço cobrado pelos produtos. “Por outro lado, entendemos que este vento contrário deve cessar a partir deste trimestre, apontando para uma direção crescente dos próximos resultados”, reiterando assim recomendação de compra (desempenho acima da média do mercado) para MYPK3, com preço-alvo de R$ 14 ao fim de 2023.

Natura &Co (NTCO3)

A Natura &Co (NTCO3) apresentou prejuízo líquido de R$ 652,4 milhões no primeiro trimestre de 2023, com leve alta de 1,4% em relação ao prejuízo de 12 meses atrás.

O Ebitda ajustado ficou em R$ 841,7 milhões, alta de 41,3% em relação ao mesmo período de 2022. Já a Receita líquida teve queda de 2,8% e ficou em R$ R$ 8,021 bilhões.

Para a XP, os números foram melhores do que os de períodos anteriores, mas ainda assim mistos, com expansão de margem bruta em todas unidades de negócio sendo destaque, assim como a dinâmica sólida de produtividade, mas com queda na base de representantes por conta de ajustes e receita pressionada na The Body Shop (TBS).

A margem bruta foi o principal destaque, subindo 3,7 pontos percentuais (p.p.) na base consolidada, puxada por todas unidades de negócio, exceto Aesop, decorrente principalmente de preço e mix de produto, o que combinado a menores despesas corporativas, mais que compensaram a desalavancagem operacional da TBS e o ciclo de investimentos de Aesop. Os analistas da XP mantêm a recomendação de compra para ação, com preço-alvo de R$ 22 por ação.

Para o Itaú BBA, a receita líquida foi ligeiramente abaixo de sua projeção, mas com Ebitda ajustado superando sua expectativa em 16%, ainda que com um prejuízo bem pior do que esperava.

A margem bruta mostra uma tendência positiva que o banco também acredita que deva continuar vendo à frente (embora em menor escala). Como resultado, a margem Ebitda ajustada apresentou crescimento de 3,3 pontos percentuais (p.p.) na base anual (com destaque para Natura & Co LatAm). No entanto, as despesas financeiras mais altas de 1,6 ponto em relação ao ano anterior, como porcentagem da receita líquida, prejudicaram o número do lucro.

Pague Menos (PGMN3)

A Pague Menos (PGMN3) reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 55,3 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), revertendo lucro líquido ajustado de R$ 24,4 milhões no mesmo intervalo de 2022, informou a companhia nesta segunda-feira (8).

O Ebitda ajustado totalizou R$ 168,5 milhões no 1T23, um crescimento de 3,8% em relação ao 1T22.

A companhia de farmácias ainda cortou a projeção de abertura de novas lojas em 2023 de 60 para 20 unidades, uma redução de 66%, informou a empresa em fato relevante nesta segunda-feira.

De acordo com a rede, a nova projeção de lojas deve-se ao cenário macroeconômico, com elevadas taxas de juros, e à necessidade de alocação de capital adicional em estoques, esta relacionada ao processo de integração da Extrafarma, aquisição concluída no ano passado. A projeção de abertura de 120 lojas para o ano de 2024 permanece, disse a empresa, acrescentado que as estimativas não consideram eventuais fechamentos de lojas.

O Itaú BBA aponta que os resultados da empresa foram fracos no primeiro trimestre, ficando um pouco abaixo das suas estimativas. Uma base de comparação mais difícil aliada a despesas de marketing mais altas levaram à uma queda no Ebitda da Pague Menos individual, enquanto a Extrafarma ainda enfrenta um momento desafiador (embora melhorando), com impacto negativo da migração de sistemas e da malha logística.

“Apesar de avançar, o processo de integração tem representado um obstáculo para o papel e neste trimestre não foi diferente”, avalia.

A XP destaca a pressão na receita e margens, aliada a uma revisão da expansão para 2023.

Em uma base consolidada, a receita brutas cresceu 33% ano a ano, suportada pela integração da Extrafarma, mas com um desempenho de SSS (vendas mesmas lojas) standalone de tímidos +4,3% (lojas maduras em +3,3% versus RD RADL3 em +12,6%), principalmente impactado por uma forte base de comparação por conta da disseminação da Ômicron e influenza do ano passado e ventos contrários dos remédios antitruste para a Extrafarma e do fechamento do canal atacado.

Em relação à rentabilidade, a margem bruta caiu -0,5 p.p. na base anual, com maior penetração digital e base de comparação (menor participação de serviços), enquanto a margem Ebitda foi o ponto fraco, com queda de -1,1 p.p. frente o 1T22, devido a maiores investimentos em marketing e pressões inflacionárias. O prejuízo líquido ocorreu por maiores despesas financeiras com aumento das taxas de juros e antecipação de recebíveis, enquanto o fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 17 milhões, embora melhor no ano impulsionado por recebíveis.

As sinergias estão sendo capturadas, mas a Extrafarma sofreu um impacto de curto prazo da integração. A integração logística e tecnológica impactou o desempenho de receita da Extrafarma (-6% no ano). “No entanto, a empresa observou que a integração dos centros de distribuição e software foi concluída no primeiro trimestre, o que deve ser positivo para os resultados futuros”, avalia a XP.

Os analistas da casa destacam ser interessante notar que: i) a empresa reduziu seu guidance de expansão para 2023 para 20 aberturas brutas de loja devido ao ambiente macro mais desafiador, combinado com investimentos em capital de giro mais pesados do que o esperado para a Extrafarma; ii) a penetração de genéricos e digital da Pague Menos atingiu máximas históricas de 10,7% e 12,5% das vendas brutas, respectivamente; iii) os estoques permanecem em níveis elevados, mas melhoraram versus o trimestre anterior; e iv)a  empresa registrou ganhos orgânicos de participação de mercado em todas as regiões, exceto no Norte.

Sinqia (SQIA3)

A Sinqia (SQIA3), desenvolvedora de software, registrou um lucro líquido recorrente de R$ 13,141 milhões, queda de 2,1% no primeiro trimestre de 2023 (1T23) na comparação anual.

“No quarto trimestre, observamos que os resultados da Sinqia foram ‘positivos, mas de baixa qualidade’. Isso porque notamos que o aumento da receita foi impulsionado totalmente pelas receitas de implementação, que tendem a ser mais voláteis de um trimestre para outro. Da mesma forma, avaliamos que o desempenho fraco nesse aspecto no 1T23 seja a razão para um trimestre ‘negativo'”, afirma o Itaú BBA.

Para os analistas, de fato, a implementação fraca foi totalmente responsável pelos resultados abaixo em relação aos seus números, já que já tinham incorporado uma margem (rentabilidade) mais fraca devido a um ajuste maior dos salários anuais (dissídio).

No entanto, o destaque principal do primeiro trimestre foi a adição líquida de receita muito forte, no valor de R$ 29 milhões (contra expectativas de R$ 20 milhões), impulsionando a receita anual recorrente líquida para R$ 556 milhões, alta de 22% em um ano, devido ao aumento das vendas líquidas em todos os negócios, bem como o fechamento de algumas oportunidades de vendas que eram esperadas para 2022.

“A adição líquida de receita anual recorrente, que é a chave da história, nos dá confiança de que o caminho à frente para a Sinqia é positivo. Por causa disso, a história da Sinqia é mantida. Esperamos que a empresa continue a apresentar expansão de receita de pelo menos 20% ao ano nos próximos anos, enquanto expande margens e reduz alavancagem, resultando em um crescimento anual de lucro por ação de 32% em 2023-2025”, avalia o banco, que mantém recomendação de “compra” para SQIA3, com preço-alvo de R$ 24 ao fim de 2023.

O Credit Suisse vê que as receitas decepcionaram devido aos ciclos de implementação mais longos, mas o crescimento de ARR de 22% ano a ano sugere uma aceleração das receitas daqui pra frente. A margem Ebitda ajustada forte foi ajudada por reversão de provisões, e sem as reversões estaria em linha.

Technos (TECN3)

A fabricante de relógios Technos (TECN3) registrou lucro líquido de R$ 3,0 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), revertendo prejuízo de R$ 5,1 milhões registrado no 1T22.

O Ebitda ajustado totalizou R$ 9,5 milhões, crescimento de 10,2% versus o 1T22. A margem Ebitda ajustada, por sua vez, avançou 1,1 ponto percentual (p.p.), para 14,9%.

A receita líquida foi de R$ 63,5 milhões, crescimento de 2,0% na comparação anual.

TIM Brasil (TIMS3)

A TIM (TIMS3) registrou lucro líquido normalizado de R$ 437 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), o que representa alta de 4,3% sobre igual etapa de 2022, informou a companhia nesta segunda-feira (8).

O Ebitda normalizado totalizou R$ 2,612 bilhões no 1T23, um crescimento de 23% em relação ao 1T22.

O Credit Suisse aponta que o 1T23 da tele foi em linha com o esperado pelo banco, confirmando as expectativas de um crescimento menor e margem maior. A receita liquida ficou em linha com o Credit, mas superou o consenso em 1%, enquanto o Ebitda ficou 1% abaixo do banco, mas em linha com o consenso.

Os analistas do banco observam que a receita de serviços móveis da TIM continua desacelerando, mas dentro do esperado. A companhia reportou um crescimento de 21,1%, ante expansão de 22,7% no quarto trimestre de 2022. Na avaliação do Credit, o fato da desaceleração ocorrer sobretudo no segmento pré-pago, sugere problemas na retenção de usuários da Oi, além de um cenário macroeconômico difícil.

Mesmo assim, o Credit percebe um avanço das receitas móveis acima da inflação, o que reforça a visão positiva do banco sobre perspectivas de crescimento para a TIM.

O Bradesco BBI também não viu grandes surpresas na parte operacional da companhia, mas avalia que as tendências devem continuar positivas para a empresa nos próximos trimestre. No entanto, acredita que as ações da TIM já anteciparam esse movimento.

Totvs (TOTS3)

A Totvs (TOTS3) reportou lucro líquido ajustado de R$ 116,7 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 12,7% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2022.

O Ebitda ajustado totalizou R$ 281 milhões no 1T23, um crescimento de 25,8% em relação ao 1T22.

O Itaú BBA aponta que o mês passado foi muito barulhento para a Totvs uma vez que, depois de algumas prévias mencionando que a nova receita recorrente anualizada (ARR) líquida ex-corporativo enfrentaria uma forte desaceleração, para cerca de R$ 130 milhões (versus R$ 150-160 milhões nos últimos 3 trimestres), a ação sofreu muito.

Alguns investidores e o BBA temiam que algo mais estrutural pudesse estar acontecendo, o que potencialmente teria um impacto material no lucro, agravando assim a história no futuro.

“Bem, a Totvs entregou de fato R$ 130 milhões em novo ARR líquido neste trimestre. No entanto, após uma análise muito cuidadosa, temos uma visão positiva do trimestre”, aponta o BBA, mantendo recomendação de “compra” para TOTS3, com preço-alvo de R$ 35 ao fim de 2023.

“Nossa visão otimista em relação ao trimestre é embasada por vendas brutas boas, que ficaram um pouco acima de nossas expectativas (em R$ 165 milhões) e o maior churn (métrica utilizada para mostrar o número de clientes que cancelam serviço em um determinado período) veio exclusivamente da Dimensa, que não é um negócio principal. Além disso, a maioria dos contratos não foi realmente perdida, mas expirou antes do final de uma renegociação/ renovação”, afirmam.

Assim, há chance de que os contratos sejam eventualmente renovados e as receitas vencidas sejam recuperadas. “Importante destacar que embora ainda não estejamos revisando oficialmente nossos números neste ponto, nossa percepção é que as estimativas provavelmente não mudarão muito. Nossas suposições aqui são que este nível de novas vendas deva permanecer o mesmo no futuro; o maior churn é pontual; e o resto da empresa continua enfrentando as mesmas tendências passadas”, avalia.

Além disso, a Totvs anunciou o que parece ser uma parceria muito interessante, na visão do BBA, para o RD (Desempenho Empresarial) com a Shopify. Basicamente, a SHOP pagará ao RD (Totvs) uma taxa fixa + um porcentual das vendas totais online para a Totvs distribuir o produto da SHOP por meio de seus fortes canais. Do ponto de vista do produto, a proposta de valor é oferecer integração diferenciada à jornada do vendedor, incluindo um funil de marketing. Sob tal acordo, a Totvs expande sua pegada de comércio eletrônico. “Estimamos que SHOP + RD competirão com Locaweb LWSA3 e, portanto, consideraríamos as notícias mais negativas para esta última, pelo menos que inicialmente”, avalia.

O Credit Suisse também aponta que, apesar de uma desaceleração esperada no ARR e receitas, os resultados continuam refletindo um negócio saudável com crescimento sólido, especialmente considerando o atual cenário macro ruim.

“Este ano está sendo caracterizado por uma alta busca de papeis de qualidade e liquidez e acreditamos que a Totvs pode ser um dos grandes beneficiários deste cenário, principalmente pela alta liquidez, relativa descorrelação com o macro, posição de caixa líquido, por não ser afetada por questões tributárias e pela sua base relevante de acionistas de estrangeiros, que a distancia dos impactos negativos da dinâmica de resgates que vem afetando diversos papeis com técnico pior”, avalia.

A XP aponta que, do lado negativo, o lucro líquido do controlador atingiu R$ 94 milhões, -39% abaixo da sua projeção, devido a impostos mais altos e um impacto negativo de R$ 20 milhões na receita de investimento financeiro, referente à perda calculada pelo fundo de investimento exclusivo que tinha exposição a títulos de dívida da Americanas (AMER3). Mas segue com recomendação de compra para os ativos, destacando também o acordo da RD Station com a Shopify.

O BBI vê os resultados da Totvs como amplamente neutros para ações, já que o crescimento foi amplamente sustentado pela sua divisão principal, com bom desempenho de margens. “Atualmente, vemos TOTS3 negociando ao redor de 24 vezes o múltiplo P/L para 2023, o que ainda parece atraente, pois a empresa continua a apresentar resultados na frente de crescimento –justificando, portanto, nossa recomendação de compra e o preço-alvo de R$ 31”, afirma.

Unicasa (UCAS3)

A Unicasa (UCAS3) reportou lucro líquido de R$ 3,5 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 65,3% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022, informou a companhia nesta segunda-feira (8).

O Ebitda totalizou R$ 4 milhões no 1T23, um recuo de 74,1% em relação ao 1T22.

 Banco ABC (ABCB4)

O Banco ABC (ABCB4) registrou lucro líquido recorrente de R$ 190 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 3,7% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2022, informou a companhia nesta manhã de terça-feira (9).

Segundo relatório, o crescimento do lucro se deve aumento da margem com clientes e aumento do patrimônio líquido remunerado pelo CDI.

A NIM (taxa anualizada da margem financeira gerencial) foi de 4,7% ao ano (a.a.) no 1T23, redução de 9 pontos base em relação ao 4T22 e apresentando um aumento de 28 pontos base em relação ao mesmo período de 2022.

O ABC Brasil reportou tendências mistas no 1T23, avalia o BBI.

“De fato, reconhecemos o desempenho de NII (margem financeira) do banco, que se beneficia da expansão para o segmento médio. No entanto, continuamos cautelosos com as condições macroeconômicas, que levaram a uma deterioração de 0,5 ponto percentual na inadimplência do segmento médio (versus deterioração de 0,7 ponto percentual no 4T22), enquanto as provisões diminuíram ligeiramente no trimestre, mesmo com provisões adicionais para o caso específico de C&IB. Mantemos nossa classificação neutra”, afirma.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.