Índia deve proibir exportação de açúcar e já mexe com mercado: quais ações de empresas brasileiras podem ganhar nesse cenário?

Falta de chuva reduziu a produção de cana e deve levar a maiores restrições, levando a uma alta do açúcar e favorecendo empresas do setor

Felipe Moreira

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A Índia, segundo maior exportador mundial de açúcar, depois do Brasil, responsável por 8% ou 9% do comércio global, deve proibir as usinas de exportar açúcar na próxima temporada a partir de outubro, interrompendo os embarques pela primeira vez em sete anos, já que a falta de chuva reduziu a produção de cana, segundo reportagem da Reuters.

Uma proibição na Índia provavelmente aumentaria os preços de referência em Nova York e Londres, que já estão sendo negociados em torno das máximas de vários anos, provocando temores de mais inflação nos mercados globais de alimentos.

Na safra 2022/23, o governo indiano permitiu exportações de 6,1 milhões de toneladas, já abaixo dos 11,1 milhões de toneladas da temporada anterior.

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Para Morgan Stanley, a falta de exportações de açúcar da Índia, se a proibição for implementada, deverá sustentar preços mais elevados do açúcar por mais tempo.

Na véspera, o contrato para outubro do açúcar bruto ​​fechou em alta de 0,45 centavo, ou 1,9%, a 23,85 centavos de dólar por libra-peso, repercutindo a notícia.

Além disso, segundo o banco americano, a ausência da Índia no comércio global deixa o Brasil como o único grande fornecedor no mercado a exigir preços melhores.

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Tendo isso em vista, o banco lembra que as ações do setor no Brasil já tiveram forte alta na véspera, com São Martinho (SMTO3) disparando 7,6% e Raízen (RAIZ4) subindo 2,56% na véspera.

Já o Bradesco BBI destaca que a restrição na Índia fez fez com que os preços internacionais no mercado spot (á vista) aumentassem 3%. “Isso indica também que o El Niño, que deve ganhar força nos próximos meses, deverá impactar negativamente a safra global de açúcar em 2023/24, o que seria positivo para São Martinho e Jalles Machado JALL3)”, explica, por conta do aumento de preços. Ontem, JALL3 também subiu forte, 5,20%.

A XP Investimentos comenta que as usinas devem continuar priorizando o açúcar em relação ao álcool após essas notícias, apesar do recente aumento dos preços da gasolina pela Petrobras (PETR4) que aumentou a competitividade do etanol.

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O time de análise da XP mantém visão positiva para todos os players de açúcar e etanol dentro de sua cobertura devido à visão positiva de longo prazo sobre os preços do açúcar, além de menores custos e rendimentos mais elevados, empurrando para uma maior diluição de custos.

Apesar do desempenho positivo mensal (+7,7%) e acumulado no ano (33,8%), analistas da XP acreditam que os preços atuais ainda estão um ponto de entrada interessante para o São Martinho, que deverá ser precificado mais rapidamente do que as variáveis ​​acima mencionadas devido ao seu perfil puramente commodity e maior exposição ao açúcar.

O Bradesco BBI mantém recomendação neutra para São Martinho e Jalles Machado, com preço-alvo de, respectivamente, R$ 40 e R$ 10.

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As ações do setor têm uma nova sessão de ganhos. Às 11h15 (horário de Brasília) desta quinta-feira, JALL3 subia 2,14%, SMTO3 avançava 1,72% e RAIZ4 tinha alta de 1,66%.