Ibovespa sobe seguindo desempenho dos ADRs no feriado e ânimo antes de eleições nos EUA; dólar zera perdas

Mercado registra ganhos diante da melhora no humor dos investidores do mercado financeiro internacional

Ricardo Bomfim

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa opera em alta nesta terça-feira (3) seguindo o desempenho dos ADRs (na prática, as ações brasileiras negociadas nos EUA) no feriado do Dia de Finados e a continuidade da alta das principais bolsas mundiais nesta sessão.

Vale destacar que, devido ao fim do horário de verão nos Estados Unidos em 1º de novembro, os horários de negociação dos mercados brasileiros da B3 serão alterados, com a negociação até às 18h.

Todas as atenções hoje ficam para as eleições nos EUA. Visto como mais moderado que o republicano Donald Trump, inclusive na disputa com a China, Joe Biden lidera as pesquisas, mas ainda persistem incertezas sobre estados-chave e o risco do resultado ser contestado.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Por aqui, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), descartou a possibilidade de uma prorrogação do estado de calamidade.

Às 12h41 (horário de Brasília), o Ibovespa subia 1,68%, aos 95.532 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial zera perdas e apresenta leve variação negativa de 0,1% a R$ 5,731 na compra e a R$ 5,732 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro registrava leve alta de 0,07%, a R$ 5,754.

Continua depois da publicidade

O câmbio mudou de direção repentinamente e analistas só conseguem apontar como explicação o desconforto com a falta de andamento nas reformas e com a cada vez maior tolerância do governo com o aumento de gastos.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe seis pontos-base a 3,50%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de 12 pontos-base a 5,13%, o DI para janeiro de 2025 avança oito pontos-base a 6,82% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de cinco pontos-base a 7,58%.

Durante a campanha, o presidente Trump levantou repetidas vezes preocupações quanto à autenticidade dos votos enviados pelo correio. No domingo, afirmou que os resultados deveriam ser divulgados nesta terça, “e não semanas depois!”.

Normalmente, os resultados americanos são contabilizados até a madrugada do dia seguinte. Por isso, há temor de que o presidente esteja se preparando para questioná-los, em caso de derrota.

Os economistas do mercado financeiro mantiveram em 4,81% a projeção de queda para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. Já para 2021 a mediana das expectativas aponta para um crescimento de 3,34% do PIB ante os 3,42% estimados na semana passada.

Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) os economistas projetam um aumento de 3,02% em 2020 contra 2,99% previstos na semana passada. Para 2021 a expectativa subiu de 3,10% para 3,11%.

Já a previsão do dólar no fim de 2020 subiu de R$ 5,40 para R$ 5,45. Para 2021 a estimativa se manteve em R$ 5,20.

Por fim, a projeção para a taxa básica de juros, Selic, manteve-se em 2,00% ao ano para 2020 e em 2,75% ao ano para 2021.

Noticiário político

Sem consenso, o projeto que dá autonomia ao Banco Central pode ser votado nesta terça. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), convocou sessão deliberativa remota às 16h para debater três projetos, entre eles o que estabelece autonomia formal para os diretores do BC, um assunto que é discutido há três décadas, sem avanços.

Os líderes também se reúnem nesta terça em busca de acordo para votação de veto à desoneração da folha.

Os investidores também repercutem as falas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) que afirmou que não vê um plano claro do governo quanto à crise econômica e fiscal, e não vê perspectiva de aprovação de cortes de gastos ou reforma fiscal neste ano durante live do jornal Valor na segunda-feira (2). O ministro da Economia Paulo Guedes seria o único defensor do teto de gastos no governo, disse ele.

Maia afirmou que o desemprego e a inflação estão crescendo, sem sinais de queda no curto prazo, e que não há clareza sobre o que o governo pretende para o Orçamento de 2021.

“Por enquanto, nenhum de nós tem certeza do que o governo vai fazer. Estamos vendo, a cada semana, uma linha de atuação. Em um momento você vê balão de ensaio [termo para quando governantes mencionam a possibilidade de tomar uma medida como forma de avaliar sua repercussão e viabilidade] de prorrogar o auxílio emergencial. Na outra, balão de ensaio de prorrogar o estado de calamidade [que permite temporariamente que o governo gaste acima do teto]”, disse.

Em sua avaliação, o ministro da Paulo Guedes “está quase sozinho dentro do governo defendendo o teto de gastos”.

O presidente da Câmara afirmou que não há mais tempo de aprovar o Orçamento de 2021 neste ano, mas seria possível votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Com a suspensão do recesso parlamentar, seria possível avançar no Orçamento em janeiro, por meio da votação de outras medidas.

Maia afirmou que é necessário cortar gastos no Executivo com a votação da PEC (proposta de emenda constitucional) Emergencial, que prevê o corte de despesas obrigatórias, com o objetivo de não descumprir regras fiscais. Maia condicionou a votação da reforma tributária à votação da PEC Emergencial, mas disse avaliar que isso não deve ocorrer em breve. “Alguns são otimistas e acham que a gente pode votar a PEC Emergencial em dezembro, minhas contas não permitem”, disse.

Fiocruz prevê vacina de Oxford em março no Brasil

A presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Nísia Trindade de Lima, afirmou na segunda-feira (2) que prevê que a produção da vacina desenvolvida em parceria entre Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca se inicie entre janeiro e fevereiro de 2021.

Segundo Lima, as primeiras doses da vacina devem ser aplicadas no Brasil até março de 2021.

A Fiocruz assinou em setembro contrato com a AstraZeneca para produzir 100 milhões de doses da vacina desenvolvida em Oxford. A farmacêutica detém os direitos de produção, distribuição e comercialização da vacina.

Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, 15 milhões de doses do ingrediente farmacêutico ativo da vacina de Oxford, que é fabricado na China, serão encaminhadas ao Brasil em dezembro. Assim, o país poderá dar início à produção em solo nacional.

Outro imunizante importante em vias de produção no Brasil é o Coronavac, que está sendo desenvolvido pela chinesa Sinovac. No país, a vacina deverá ser produzida pelo Instituto Butantan. A instituição fica em São Paulo, estado governado por João Doria (PSDB), potencial candidato contra Bolsonaro nas próximas Eleições.

No dia 21, Bolsonaro desautorizou um termo de intenção de compra de 46 milhões de doses da Coronavac, anunciado no dia anterior pelo ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello após a assinatura de um protocolo de intenções com governadores de 24 estados brasileiros.

O recuo desencadeou críticas de secretários de Saúde de outros estados, que desejam que a vacina seja incluída no calendário nacional de vacinação.

No dia 30, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou em entrevista publicada pela revista Veja que o Executivo contribuiria com a compra da Coronavac, e que teria enviado ao Butantan recursos para produzir o imunizante.

“Essa questão da vacina é briga política com o Doria. O governo vai comprar a vacina, lógico que vai. Já colocamos os recursos no Butantan para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí”, disse. Em resposta, Bolsonaro afirmou ao portal R7: “A caneta Bic é minha”.

Por meio de nota, o Instituto Butantan afirmou que “não recebeu nenhuma comunicação formal, por parte do Ministério da Saúde, sobre o protocolo de intenções assinado durante reunião com governadores de 24 estados brasileiros, realizada em 20 de outubro”, e que continua esperando que o governo adquira doses da Coronavac.

Radar corporativo

A Ânima Educação informa que assinou um contrato com o Grupo Laureate, que resultará na aquisição dos ativos brasileiros do grupo. O contrato prevê, em síntese, um preço, no fechamento, de R$ 4,4 bilhões, sendo R$ 3,777 bilhões a serem pagos a Laureate em dinheiro e R$ 623 milhões de dívidas dos ativos a serem assumidas pela Ânima Educação.

Em destaque, a Eletronorte aprova emissão R$ 750 milhões em debêntures. A BR Distribuidora recebeu R$ 34,6 milhões em dívida da Eletrobras. O Bradesco informou que concluiu compra do BAC Florida.

A Copasa teve lucro líquido de R$ 240,5 milhões no terceiro trimestre de 2020, 24% superior frente igual período no ano passado, quando lucrou R$ 131,4 milhões. A Irani Papel e Embalagem teve lucro líquido de R$ 25,55 milhões no terceiro trimestre de 2020.

Na sexta, a CCR anunciou que, pela primeira vez durante a pandemia, o tráfego semanal em estradas cresceu frente a 2019.

Ainda na temporada de resultados, Porto Seguro e Duratex divulgam números antes da abertura do mercado; Itaú, TIM, Minerva, Petro Rio, IRB Brasil, Marcopolo após o fechamento do mercado.

Quer descobrir como alguns investidores conseguem rentabilidades maiores que as suas? Assista de graça ao treinamento do professor Leandro Rassier para o InfoMoney

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.