Ibovespa sobe mais de 2% e fecha com maior pontuação em três meses; dólar cai 1,24%

Bolsa descolou mais uma vez dos índices em Nova York, que tiveram mais um dia perdas

Mitchel Diniz

(Getty)

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Janeiro continua sendo um mês positivo para a Bolsa brasileira. Depois de começar a semana em queda, o Ibovespa encontrou novo fôlego para subir nos negócios desta terça-feira (25) e chegou a oscilar acima dos 110 mil pontos, o que não acontecia desde outubro do ano passado.

Sem encontrar apoio nas Bolsas em Nova York, que voltaram a cair forte hoje, o Ibovespa se amparou novamente na arrancada dos preços das commodities, com destaque para o petróleo, que subiu mais de 2% com as tensões entre Ucrânia e Rússia ficando cada vez mais acirradas, o que poderia comprometer a oferta global da matéria-prima.

A flexibilização monetária na China também é outro vetor de alta para as matérias-primas.

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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4), que respondem a mais de 10% do peso do Ibovespa, começaram o dia em baixa, mas terminaram a sessão em alta de mais de 3%. Ações de bancos como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), que também têm impacto relevante no desempenho do índice, subiram na mesma proporção.

O Ibovespa terminou o dia em alta de 2,1%, aos 110.203 pontos. O volume financeiro das negociações do dia ficou em R$ 30,9 bilhões.

O principal evento no radar dos investidores hoje é a reunião de política monetária do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos. O Fed não deve subir os juros da economia americana no encontro que termina amanhã, mas deve indicar um ritmo para o ciclo de aperto monetário, previsto para ter início no próximo mês de março.

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Os atrativos da Bolsa brasileira

Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, diz que a valorização do Ibovespa também tem a ver com a perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos. Ele explica que, na iminência de uma redução de liquidez nos mercados, o investidor fica mais criterioso e “começa a olhar para ativos que tendem a ser vencedores, independentemente da valorização de juros”.

“O investidor procura por preços atrativos, ações com relação preço x lucro ainda barata, câmbio vantajoso e commodities, que sobem com a perspectiva de oferta mais restrita. A Bolsa brasileira está altamente atrativa por esses pontos”, afirma Franchini.

Ele avalia que a recente entrada de capital estrangeiro na Bolsa, como mostrou reportagem do InfoMoney, deixa a Bolsa mais qualitativa. São investidores mais resistentes a situações de stress e que não deixam a Bolsa por qualquer motivo. Assim, segundo Franchini, o mercado ganha mais pontos de resistência.

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Mas até quando o mercado vai continuar no modo touro? Franchini acredita que até o momento em que a Bolsa incorporar o risco Brasil em ano de eleição. “É preciso ponderar o crescimento agora, para não exagerar muito”, afirma.

Nas horas finais do pregão de hoje, também chegou a notícia de que o Brasil foi oficialmente convidado a fazer parte da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o que já era um desejo do país há muito tempo. Gustavo Cruz, economista da RB Investimentos, acredita que isso de ainda mais fôlego ao Ibovespa.

“O carimbo da OCDE pode facilitar acordos comerciais e a entrada de recursos por fundos gringos. Ajuda bastante. Mas precisa seguir uma cartilha macroeconômica adequada”, afirmou Cruz.

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Juros, dólar e Wall Street em baixa

Outra combinação que tem sido um reflexo da entrada capital estrangeiro na Bolsa e ajuda no desempenho positivo do Ibovespa voltou a se repetir hoje. O dólar comercial fechou em queda mais uma vez, recuando 1,24%, a R$ 5,435 na compra e na venda. Os juros, na maioria dos contratos mais negociados, também recuaram.

O DI para janeiro de 2023 avançou dois pontos-base, a 11,84%; os juros para janeiro de 2025 recuaram  dez pontos-base, para 11%; nos contratos para janeiro de 2027, a queda foi de nove pontos-base, para 11,13%; e o DI para janeiro de 2029 caiu 12 pontos-base, a 11,30%.

Para as Bolsa em Nova York, foi mais um dia de volatilidade que acabou em perdas. O Dow Jones fechou em queda de 0,2%, a 34.296 pontos; o S&P 500 fechou em baixa de 1,22%, a 4.356 pontos; e a bolsa de tecnologia Nasdaq recuou 2,28%, a 13.539 pontos.

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As techs tem sido as mais impactadas pela perspectiva de alta de juros, já que haverá aumento de custo de capital, com reflexo direto na caixa e no valuation dessas empresas. A temporada de balanços corporativos com resultados do quarto trimestre continua, com números mistos, mas que não tem sido suficientes para dar fôlego às bolsas americanas.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados