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Ibovespa sobe 1,46%, com inflação menor e de olho na decisão do CMN; Dólar fica estável

IGP-M mais fraco do que o esperado e visão de manutenção da meta de inflação ajudaram o mercado brasileiro

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 1,46% nesta quinta-feira (29), aos 118.382 pontos, puxado principalmente pela perspectiva de inflação menor, após IGP-M mais fraco do que o esperado, e com investidores de olho na decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a meta de inflação.

“Tivemos dados importantes no Brasil e nos Estados Unidos. Aqui, tivemos também falas do Roberto Campos Neto [presidente do Banco Central], que trouxe um tom de otimismo quanto à economia brasileira, repercutindo dados do produto interno bruto (PIB), da inflação e do mercado de trabalho”, diz Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “Ele também aproveitou para esclarecer as divergências entre o comunicado do Comitê de Política Monetária e a ata. Ele deixou claro qual o objetivo de cada documento”.

Ainda no leilão de fechamento, foi divulgada a decisão do CMN. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o Conselho decidiu adotar uma meta de inflação “contínua” a partir de 2025 e também optou por manter, em 2026, a mesma meta de 3% já vigentes para 2024 e 2025, com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos. Haddad fez o anúncio após participar de reunião do CMN ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.

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“O risco de cauda que existia no mercado, que seria o CMN alterar a meta de inflação, foi eliminado. Vejo que todos entenderam ali que não era o momento propício para isso. Então, esse cenário faz com que juros e dólar, que poderiam apresentar um movimento de estresse caso viesse alguma notícia nesse sentido de alteração, estão sob controle”, disse Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed.

Mais cedo, foi divulgado que o IGP-M caiu 1,93% em junho, ante projeção de recuo de 1,70% da Refinitiv. O número também acelerou frente a maio, quando a baixa foi de 1,84%.

Já o que deixou parte do mercado otimista quanto às falas de Campos Neto foi sua sinalização de que a autoridade monetária também “quer baixar os juros“.

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Especialistas, por fim, destacam também que o ministro da Fazenda Fernando Haddad deu sinais positivos. Após, na véspera, fazer o anúncio de que os subsídios a montadoras seria postergado, ele destacou que os recursos viriam do aumento da cobrança do ICMS dos combustíveis, criando um equílibrio.

A curva de juros brasileira caiu em bloco. Os DIs para 2024 perderam 3,5 pontos-base, a 12,93%, e os para 2025, nove pontos, a 10,89%. As taxas dos contratos para 2027 também perderam nove pontos, a 10,28%. Os DIs para 2029 foram a 10,67%, com menos seis pontos, e os para 2031 a 10,85%, com menos três pontos.

O recuo da curva puxou as ações ligadas ao mercado interno, que foram destaques do Ibovespa.

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Nos Estados Unidos, o PIB americano subiu 2% no primeiro trimestre, ante projeção de 1,4% da Refinitiv. O número ajudou a afastar o temor de recessão, mas realçou o discurso de que o Federal Reserve irá realizar novas altas de juros.

Os treasuries yields fecharam em alta. Os de vencimento para dez anos foram a 3,83%, com mais 12,4 pontos-base, e os para dois anos, a 4,859%, com mais 13,7 pontos. O Dow Jones, índice mais ligado à economia real, subiu 0,80%, e o S&P 500, um índice misto, 0,45%. O Nasdaq, que comporta ações de tecnologia e de crescimento, ficou estável.

A economia americana mais forte, e o menor temor de recessão, ajudou a puxar papéis de exportadoras de commodities.

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“PIB por lá veio acima do esperado, puxando os treasuries, com expectativa de novas altas dos juros. No primeiro momento, mostra que as empresas continuarão ter bons resultados, mas que é preciso atenção. É algo que vem ganhando força nos discursos dos dirigentes dos bancos centrais, apesar das divergências”, fala o operador da Manchester.

O dólar ficou estável frente ao real, com queda de 0,01%, a R$ 4,847 na compra e na venda. Apesar da melhora do cenário interno, os treasuries yields mais fortes puxaram a moeda americana internacionalmente. O DXY, que mede a força da divisa estadunidense frente a outras de países desenvolvidos, ganhou 0,41%, aos 103,33 pontos.