IGP-M cai 1,93% em junho, mais que o esperado; inflação acumula queda de 6,86% em 12 meses

Deflação foi ainda mais forte que a projetada pelos analistas, uma vez que o consenso Refinitiv esperava queda de 1,70% no mês

Roberto de Lira

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O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) voltou a registrar deflação, de 1,93% em junho, após ter recuado 1,84% em maio, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (29) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com o resultado anunciado hoje, o índice acumula retração de 4,46% no ano e queda de 6,86% em 12 meses.

A deflação foi ainda mais forte que a projetada pelos analistas: o consenso Refinitiv esperava queda de 1,70% no mês.

Em junho de 2022, o índice tinha mostrado variação positiva de 0,59% e acumulava alta de 10,70% em 12 meses.

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Segundo André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV/Ibre, a deflação do índice de preços ao produtos (IPA) foi impulsionada pela queda dos preços dos combustíveis na refinaria. O preço do diesel encolheu 13,82% no mês, enquanto a preço da gasolina caiu 11,69%. O preços de importantes commodities agropecuárias também seguiram em queda, como o milho, que caiu 14,85%, e os bovinos, que recuaram 6,55%.

No âmbito do consumidor, o índice IPC registrou queda de 0,25%, puxado pelos preços da gasolina (-3,00%) e dos automóveis novos (-3,76%). Na construção civil, o índice avançou 0,85% dada a influência dos preços da mão de obra, que registrou alta de 1,81%. Já a variação de materiais, equipamentos e serviços registrou queda de 0,09%.

IPA

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu 2,73% em junho, ante queda de 2,72% em maio. Na análise por estágios de processamento, a taxa do grupo Bens Finais caiu 1,22% em junho. No mês anterior, a taxa do grupo havia caído 0,16%.

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A taxa do grupo Bens Intermediários também registrou nova queda, passando de -1,49% em maio para -2,88% em junho. O principal responsável por este movimento foi o subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, cujo percentual passou de -6,09% para -11,44%.

O estágio das Matérias-Primas Brutas caiu 4,10% em junho, após registrar -6,48% em maio. Contribuíram para a suavização da queda do grupo itens como minério de ferro (-13,26% para -2,21%), soja em grão (-9,40% para -4,32%) e milho em grão (-15,64% para -14,85%).

Em sentido oposto, destacam-se os seguintes itens: leite in natura (3,92% para -4,51%), bovinos (-3,34% para -6,55%) e café em grão (-1,81% para -5,49%).

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IPC

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) caiu 0,25% em junho. Em maio, o índice variou +0,48%. Sete das oito classes de despesa componentes do índice apresentaram decréscimo em suas taxas de variação. A maior contribuição partiu do grupo Transportes, cuja taxa de variação passou de 0,50% para -1,68%.

Nesta classe de despesa, os destaques vieram do comportamento do item gasolina, cujo preço variou -3,00%, ante -0,09% na edição anterior.

Também apresentaram decréscimo em suas taxas de variação os grupos: Alimentação (0,79% para -0,33%), Saúde e Cuidados Pessoais (1,22% para 0,41%), Habitação (0,75% para 0,41%), Comunicação (0,91% para 0,14%), Despesas Diversas (0,75% para 0,32%) e Vestuário (0,58% para 0,42%).

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Nestas classes de despesa, os destaques foram: hortaliças e legumes (6,32% para -1,56%), medicamentos em geral (2,01% para 0,40%), gás de bujão (1,61% para -2,71%), tarifa de telefone móvel (2,59% para 0,20%), jogo lotérico (8,66% para 3,30%) e roupas (0,65% para 0,39%).

Em contrapartida, apenas o grupo Educação, Leitura e Recreação (-2,32% para -0,55%) registrou acréscimo em sua taxa de variação. Esta classe de despesa foi influenciada pelo item passagem aérea, cuja taxa passou de -13,29% para -3,87%.

INCC

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,85% em junho, ante 0,40% em maio. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de maio para junho: Materiais e Equipamentos (-0,06% para -0,15%), Serviços (0,64% para 0,18%) e Mão de Obra (0,75% para 1,81%).