Ibovespa Futuro apaga queda apesar de explosão no número de desempregados nos EUA

Pré-market mostra perdas diante da cautela que toma conta dos investidores por conta do impacto econômico da pandemia

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro vira para alta nesta quinta-feira (26) apesar da explosão no número de desempregados nos Estados Unidos. Os pedidos por seguro-desemprego no país dispararam de 282 mil na semana encerrada no dia 13 para 3,28 milhões na semana passada, acima da expectativa mediana dos economistas do mercado financeiro compilada no consenso Bloomberg, que apontava para um aumento a 1,7 milhão de pedidos. Já o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu à taxa anualizada de 2,1% no quarto trimestre de 2019, em linha com as projeções dos economistas.

A Covid-19 já infectou 68.572 pessoas nos EUA e matou 1.031. Já no Brasil, são 2.567 casos de coronavírus e 60 mortos. Nos últimos dias, além da Itália, a Espanha também superou o número de mortos da China por causa da pandemia.

Entre os indicadores, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve um crescimento de 0,24% em janeiro na comparação com o mês anterior, abaixo da expectativa mediana dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para um avanço de 0,4%. Em dezembro, o IBC-Br registrou uma contração de 0,27%. Já na base anual, o IBC-Br teve uma expansão de 0,69%, enquanto o mercado esperava um avanço de 1,05%.

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Às 09h50 (horário de Brasília), o índice futuro do Ibovespa com vencimento em abril caía  0,5% a 74.225 pontos. Já o dólar futuro para abril recua 0,22%, a R$ 5,026. O dólar comercial avança 0,11%, a R$ 5,037 na compra e R$ 5,039 na venda.

Do lado positivo, o pacote de US$ 2 trilhões foi aprovado por unanimidade (96 a 0) no Senado dos Estados Unidos no final da noite de ontem (madrugada de hoje no Brasil), mas as bolsas de valores da Ásia fecharam em queda nesta quinta-feira e os futuros de Nova York estão negativos.

Agora, a medida será votada pela Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, na sexta-feira (27), antes de ser promulgada por Donald Trump, presidente dos EUA.

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Powell

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, disse nesta quinta-feira que os Estados Unidos já podem estar em recessão por causa dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, mas ressaltou que o país atravessa uma “situação única” e que “não há nada de errado” com sua economia do ponto de vista dos fundamentos.

Em entrevista ao programa Today, da emissora NBC, Powell afirmou que a atividade econômica dos EUA vai sofrer um declínio “substancial” no segundo trimestre, mas previu que poderá ocorrer uma “vigorosa recuperação” quando a crise do coronavírus for superada.

Jerome Powell disse nesta quinta-feira que a instituição vai apoiar o fluxo de crédito na economia através de seus instrumentos de estímulos em meio à pandemia do novo coronavírus.

Em entrevista ao programa Today, da emissora NBC, Powell disse que o Fed está tentando criar uma ponte para incentivar empréstimos para empresas.

Sobre os dispositivos de crédito do Fed, Powell comentou que a instituição não vai ficar “sem munição”.

Ainda na entrevista, Powell disse que um pacote fiscal de US$ 2 trilhões do governo dos EUA e aprovado no Senado americano na madrugada de hoje irá oferecer alívio imediato a trabalhadores afetados pelo impacto do coronavírus.

O papel do Fed, disso Powell, é garantir que a eventual recuperação econômica dos EUA seja o mais forte possível.

Queda de braço entre autoridades

O presidente Jair Bolsonaro voltou a ir contra as medidas adotadas pela maior parte dos estados para combater o coronavírus, ao propor “isolamento vertical”, só para idosos e doentes. Bolsonaro foi rechaçado por antigos aliados, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), além do de São Paulo, João Doria (PSDB). Além disto, técnicos da Saúde e até o presidente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, criticaram as ideias do mandatário brasileiro, informam os jornais O Globo e Folha de S. Paulo.

Vale destacar que, na véspera, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, buscou tom conciliatório com a fala do mandatário e apresentou visão contrária à forma como a quarentena tem sido instituída por governadores.

Em coletiva de imprensa para a exposição dos números e políticas adotadas pela pasta em resposta ao avanço da Covid-19, Mandetta indicou que o movimento pode ter sido precipitado, considerando o atual estágio da doença no país. “Temos que melhorar esse negócio de quarentena, não ficou bom”, disse. Segundo o Estadão, que ouviu aliados de Mandetta, o ministro da Saúde fez um recuo estratégico ao dar essas declarações.

Reunião do G20 e novas medidas

O presidente Jair Bolsonaro participará de reunião virtual dos lideres do G20 entre 9h e 11h30. A reunião de emergência foi organizada pela Arábia Saudita, que está na presidência rotativa do grupo. A intenção é discutir ações para atenuar o impacto da recessão global que deve acontecer por conta do impacto do coronavírus na economia.

Documento enviado nesta semana pelo ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) a Paulo Guedes (Economia), e obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, estima que a epidemia do coronavírus pode exigir R$ 410 bilhões a mais dos cofres públicos para que o SUS consiga atender à população infectada. Mandetta descartou ontem deixar o cargo, enquanto Guedes, segundo o empresário Abilio Diniz disse em uma live realizada pela XP Investimentos, prepara medidas para injetar R$ 600 bilhões na economia (veja mais clicando aqui).

Noticiário corporativo

A Via Varejo informou na noite de ontem que fraudes contábeis que ocorreram em períodos anteriores na Casas Bahia terão impacto de R$ 1,19 bilhão nos resultados do quarto trimestre de 2019 e no ano passado. A empresa diz que não será necessário, segundo as investigações, reabrir balanços de exercício anteriores. Já a gigante frigorífica JBS (JBSS3) divulgou balanço na noite de ontem e reportou um lucro líquido de R$ 6,1 bilhões no ano passado, “o maior da história da empresa”. Houve crescimento de 241% sobre 2018. Outros resultados do grupo, como Ebitda e receita líquida, também mostraram crescimento de pelo menos dois dígitos. A empresa informou que conseguiu reduzir sua dívida, também considerável, para R$ 42,9 bilhões, e a relação dívida líquida sobre o Ebitda, que caiu de 3,18 vezes (3,18x) para 2,16 vezes (2,16x).

Na BB Seguridade, Erik da Costa Breyer exercerá o cargo de diretor de finanças, relações com investidores e gestão das participações, completando o mandato 2019/2021. * Erik Breyer atualmente exerce o cargo de diretor de mercado de capitais e infraestrutura do BB. A conclusão do processo de indicação ainda dependerá de trâmites internos antes de ser submetida ao conselho da cia.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.