Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras após fala de Bolsonaro e recua 2,5% no mês; dólar cai a R$ 5,17

Mercado registrou desempenho negativo com a continuidade das incertezas vindas de Brasília

Ricardo Bomfim

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (31) pressionado especialmente por Petrobras (PETR3; PETR4) depois de falas do presidente Jair Bolsonaro. Com isso, o índice consolidou uma desvalorização de 2,48% no mês de agosto.

Além dos riscos fiscais que rondam o cenário doméstico, a queda das commodities em meio ao aumento da regulamentação da China e os dados mais fracos do gigante asiático levaram a algumas das maiores baixas do índice no mês.

Já o Federal Reserve chegou a ser uma fonte de preocupação no dia 18, quando a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) colocou no radar o início da redução dos estímulos mensais do banco central dos EUA no fim deste ano. Na ocasião, o benchmark da B3 caiu 1,1%.

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Na última sexta (27), por outro lado, o presidente Federal Reserve, Jerome Powell, deu indicações de que o Fed segue monitorando dados econômicos e a evolução da variante delta do coronavírus antes de tomar qualquer decisão e que um aumento na taxa de juros ainda está longe de acontecer. Naquele dia a Bolsa subiu 1,7%.

Hoje, Petrobras caiu após Bolsonaro dizer que vai “trabalhar o preço dos combustíveis”. Segundo Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, a declaração deu a entender que o presidente poderia controlar os preços para obter mais apoio popular, flertando com um intervencionismo estatal.

Jansen lembra ainda que a questão dos precatórios não foi inteiramente resolvida hoje, e isso impacta no cumprimento do teto de gastos.

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“O que piorou ainda mais o clima é a questão do Congresso versus Paulo Guedes. Supostamente haveria um grupo de parlamentares contra o ministro da Economia. Essa não seria a primeira nem a última briga nesse sentido sobre a qual ouvimos falar”, comenta.

Já Lucas Monteiro, trader de multimercados da Quantitas, destaca que o Orçamento ainda não está resolvido, que os dados da China divulgados hoje foram fracos, o ruído político continua e se somou a isso as falas de Bolsonaro sobre combustíveis. “Acho que o mercado se retraiu um pouco.”

Por fim, Felipe Nascimento, economista-chefe da InvestSmart, ressalta que o Ibovespa fechou agosto na contramão do mercado mundial, pois o S&P 500, principal índice acionário dos Estados Unidos, somou quase 3% de alta no mês.

Por outro lado, na opinião de Nascimento, o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022 enviado hoje pelo governo ao Congresso veio muito mais leve. “A equipe econômica sinalizou não só a manutenção do teto de gastos e do valor do Bolsa Família (agora Auxílio Brasil) como também a contabilidade integral dos R$ 89 bilhões referentes aos precatórios dentro do Orçamento.”

Lá fora, as bolsas internacionais encerraram o dia entre perdas e ganhos após Robert Holzmann, integrante do Conselho Geral do Banco Central Europeu (BCE) afirmar que a autoridade deve começar a debater a retirada gradual do estímulo implementado na pandemia e focar em ferramentas que ajudem a instituição a atingir a meta de inflação de 2% de forma sustentável.

“Estamos agora em uma situação em que podemos pensar sobre como reduzir os programas especiais de pandemia — acho que compartilhamos essa avaliação”, afirmou Holzmann, que também comanda o banco central da Áustria. Ele participará da reunião do Conselho Geral na semana que vem. “Nós teremos a oportunidade de discutir como podemos concluir a parte da pandemia e focar na parte da inflação.”

Ainda no exterior, atenção para os dados divulgados pelo governo chinês, que indicaram desaceleração do crescimento da atividade fabril na China em agosto. O índice oficial do gerente de compras (PMI na sigla em inglês) da indústria relativo a agosto marcou 50,1 pontos, frente ao patamar de julho, de 50,4 pontos.

Já PMI oficial de serviços ficou em 47,5 em agosto, bem abaixo da marca de 53,3 de julho, mostraram os dados da agência. Enquanto isso, o PMI Composto oficial, que inclui tanto a atividade industrial quanto a de serviços, caiu a 48,9 em agosto de 52,4 em julho.

Por aqui, Luiz Fux, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) fizeram reunião para debater solução para pagamento de precatórios. Na saída, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) disse que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai solucionar pagamento de precatórios.

Fux propõe limitar o crescimento da conta dos precatórios à inflação, seguindo a mesma dinâmica da regra do teto de gastos. A proposta formal é que a base de cálculo para o crescimento dos precatórios retroaja a 2016, quando passou a vigorar a regra do teto, com essa aplicação sendo orientada pelo CNJ.

Entre os indicadores, foi divulgada a taxa de desemprego de junho pelo IBGE, que ficou em 14,1%, resultado abaixo da projeção dos analistas consultados pela Refinitiv, que esperavam taxa de 14,4%.

Além disso, o Banco Central divulgou os dados do setor público de julho, que registrou déficit primário de R$ 10,28 bilhões. Um ano atrás, o resultado havia sido deficitário em R$ 81,70 bilhões. Os dados do setor público consolidado envolvem governo central (Previdência, Tesouro e BC), Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras, Eletrobras e bancos públicos.

O Ibovespa caiu 0,8%, a 118.781 pontos com volume financeiro negociado de R$ 38,573 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial teve queda de 0,34% a R$ 5,171 na compra e a R$ 5,172 na venda. No mês, a moeda dos EUA se depreciou em 0,77% ante o real. Já o dólar futuro com vencimento em setembro terminou seu último dia de negociação em baixa de 0,81% a R$ 5,143.

Vale lembrar que hoje o Banco Central vendeu todos os 15 mil contratos de swap cambial ofertados em rolagem do vencimento de novembro.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu dois pontos-base a 6,74%, DI para janeiro de 2023 teve alta de oito pontos-base a 8,48%, DI para janeiro de 2025 avançou 13 pontos-base a 9,53% e DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de 16 pontos-base a 9,93%.

As principais bolsas asiáticas registraram em sua maioria altas na terça, mesmo após dados divulgados pelo governo chinês indicarem desaceleração do crescimento da atividade fabril.

Além disso, na segunda, a Imprensa Nacional da China e a Administração de Publicações apresentaram planos para limitar o tempo em que aqueles com menos de 18 anos poderão jogar videogames a apenas três horas por semana. Com isso, as ações da Tencent listadas em Hong Kong tiveram perdas pela manhã, mas subiram 3,31% antes do final do dia. Já as da Netease perderam 2,07%.

Já as bolsas europeias ficaram entre perdas e ganhos nesta terça. Dados divulgados na segunda indicaram que o sentimento econômico na zona do euro arrefeceu mais do que o esperado em agosto, após uma alta recorde em julho.

Já a inflação de 12 meses na região bateu 3%, uma nova máxima em uma década e acima das estimativas de mercado de 2,7%.

Durante a manhã, foi divulgada ainda a taxa de desemprego na Alemanha, que marcou 5,5% em agosto, abaixo da expectativa de 5,6% e do patamar de julho, de 5,6%.

Além disso, foi divulgado o avanço do PIB da Itália, que cresceu 17,3% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o país sofria efeitos mais severos da pandemia de Covid, e em linha com a expectativa de analistas.

Cabe destacar que os países da União Europeia votaram em submeter os EUA a novas restrições a viagens não essenciais em meio a um aumento de novos casos de coronavírus, desferindo um novo golpe para a indústria do turismo.

Covid e CPI

Na segunda (30), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 671, patamar 19% abaixo daquele de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 313 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em 7 dias foi de 23.975, queda de 18% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 12.453 novos casos.

Chegou a 130.019.681 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 60,95% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 61.166.920 pessoas, ou 28,67% da população.

Cientistas da África do Sul detectaram uma nova variante do coronavírus com diversas mutações, mas ainda não determinaram se ela é mais contagiosa ou capaz de superar a imunidade fornecida por vacinas ou uma infecção anterior.

A nova variante, conhecida com C.1.2, foi detectada primeiramente em maio e já se disseminou na maioria das províncias sul-africanas e em sete outros países da África, Europa, Ásia e Oceania, de acordo com pesquisas ainda não submetidas à revisão da comunidade científica.

Ela contém muitas mutações associadas a outras variantes com uma transmissibilidade acentuada e uma sensibilidade reduzida a anticorpos neutralizadores, mas estas ocorrem em uma mistura diferente, e os cientistas ainda não têm certeza de como elas afetam o comportamento do vírus. Testes de laboratório estão em andamento para determinar o quão bem a variante é neutralizada por anticorpos.

Richard Lessells, especialista em doenças infecciosas e um dos autores da pesquisa sobre a C.1.2, disse que o surgimento desta nova variante mostra que “esta pandemia está longe do fim e que este vírus ainda está explorando maneiras de possivelmente ficar melhor em nos infectar”.

No domingo, a prefeitura de São Paulo afirmou que eventos com mais de 500 pessoas na cidade terão de exigir a comprovação de vacinação com ao menos uma dose de um imunizante contra a Covid-19 para todas as pessoas na entrada desses locais a partir de quarta-feira.

A comprovação poderá ser feita por um “passaporte de vacina” obtido por meio do aplicativo e-Saúde SP, da prefeitura, informou a gestão municipal. Não haverá a exigência para eventos com menos de 500 pessoas e outros estabelecimentos, mas sim uma “recomendação” das autoridades municipais para que esses locais também exijam a comprovação da vacinação.

Os eventos com mais de 500 pessoas que não adotarem o procedimento estarão sujeitos a penalidades, afirmou a prefeitura em nota.

Na semana passada, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) chegou a anunciar que o passaporte de vacina seria exigido para todos os estabelecimentos, incluindo restaurantes, bares e shoppings. Após a crítica de associações que representam esses setores, no entanto, a prefeitura recuou e disse que as normas do passaporte de vacina ainda seriam definidas pela Vigilância Sanitária do município.

Segundo o secretário de Saúde da capital, Edson Aparecido, há um “pedido” da prefeitura para que todos os estabelecimentos adotem a exigência da comprovação de vacinação.

Também na semana passada, a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que adotará a exigência da comprovação de vacinação para entrada em locais de uso coletivo a partir de setembro.

A exigência de um passaporte de vacina foi criticada na sexta pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que afirmou que a medida restringirá a liberdade das pessoas.

Radar político

Após se reunir com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou na segunda-feira que vai se encontrar até a terça com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Suprem Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, para conversar sobre uma saída para o pagamento dos precatórios do próximo ano que passaria pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Segundo Pacheco, a conversa com Lira e Fux é para alinhar a solução. Fux propõe limitar o crescimento da conta dos precatórios à inflação, seguindo a mesma dinâmica da regra do teto de gastos.

A proposta formal é que a base de cálculo para o crescimento dos precatórios retroaja a 2016, quando passou a vigorar a regra do teto, com essa aplicação sendo orientada pelo CNJ.

Segundo fonte com conhecimento direto do assunto, isso levaria o pagamento máximo de precatórios em 2022 a cerca de R$ 40 bilhões, um corte de R$ 49,1 bilhões em relação aos R$ 89,1 bilhões apresentados para o exercício.

A PEC formulada pela equipe econômica abriria um espaço menor, de R$ 33,5 bilhões no Orçamento, ao propor duas regras para o pagamento: o parcelamento em dez vezes dos precatórios de mais de R$ 66 milhões (economia de R$ 22,7 bilhões) e uma limitação provisória dos pagamentos anuais de precatórios a 2,6% da receita corrente líquida, o que sujeitaria precatórios entre R$ 66 mil e R$ 66 milhões a eventual parcelamento (economia de R$ 10,8 bilhões). Os precatórios de até R$ 66 mil seriam integralmente quitados.

O presidente do Senado destacou que a solução do pagamento dos precatórios vai ajudar no incremento do programa social que vai substituir o Bolsa Família. Segundo ele, isso permitiria uma atualização no valor do benefício especialmente no momento em que há inflação.

Após a reunião com Pacheco, Guedes afirmou que a solução proposta por Fux para o tema dos precatórios é considerada “extremamente eficaz” e conta com apoio do Ministério da Economia.

De acordo com uma fonte do jornal Valor Econômico, o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2022, que será enviado nesta terça ao Congresso, terá desenho provisório, e não trará definição sobre os R$ 89 bilhões em precatórios. A proposta deverá prever o pagamento total dessa conta, com forte compressão de outras contas. O Bolsa Família terá orçamento congelado, e emendas parlamentares serão enxugadas.

Pacheco disse também que espera que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprecie em setembro a proposta de privatização dos Correios, que já passou pela Câmara. Após passar pela CAE, ele disse que o plenário do Senado poderá votar a matéria.

Na segunda-feira, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) anunciou que a nota assinada por diversas entidades pedindo pacificação política terá sua publicação adiada. A Fiesp está capitaneando a investida, cujo teor havia sido divulgado na segunda em reportagens de capa dos jornais O Globo e O Estado de São Paulo. Ao anunciar o adiamento, a federação alegou que outras associações também teriam demonstrado interesse em participar da iniciativa.

A assessoria de imprensa da entidade afirmou que a decisão de adiar a divulgação foi tomada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf. A nota, que pede pacificação política e estabilidade institucional, contava com o apoio da Febraban, associação que reúne os bancos no país e não cita nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Mas Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, controlados pela União, ameaçaram sair da entidade caso ela fosse publicada, pela avaliação de que marcava um posicionamento político contra o governo, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento direto do assunto.

Skaf havia estabelecido o prazo de adesão até a última sexta-feira, mas decidiu prolongá-lo para ao longo desta semana. Não há previsão de nova data para publicação da nota, que anteriormente era esperada para esta semana, acrescentou a assessoria.

Na segunda, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a informação que recebeu é que teria sido uma sugestão da Febraban transformar o que seria um texto de defesa da democracia em um ataque ao governo. “Aí a própria Fiesp teria dito ‘então eu não vou fazer esse manifesto’, e o manifesto parece que está até suspenso por causa disso, não estão chegando a um acordo”, disse Guedes.

Em nota, a entidade dos bancos negou ter participado da elaboração de texto com ataques ao governo e afirmou que o manifesto submetido pela Fiesp pedia colaboração entre os Poderes da República e alertava para os efeitos do clima institucional sobre as expectativas e a atividade. O texto, segundo a Febraban, é fruto de elaboração conjunta de representantes de vários setores, inclusive o financeiro.

Segundo a assessoria da Fiesp, a nota foi debatida entre o presidente da entidade, Paulo Skaf, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Em condição de anonimato, duas fontes da equipe econômica disseram que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ficou especialmente incomodado com a nota e entrou em contato com Bolsonaro para expressar sua contrariedade.

A partir da conversa, o tema foi debatido dentro do governo no fim de semana e ficou acordado que tanto a Caixa quanto o Banco do Brasil sairiam da Febraban caso o manifesto fosse publicado com a assinatura da entidade.

A Febraban afirmou em sua nota que não comenta sobre posições atribuídas a seus associados. A entidade disse ter submetido o texto da Fiesp a sua própria governança, que aprovou ter sua assinatura no material.

Uma das fontes da equipe econômica afirmou que, em função da discordância, o governo queria que cada banco assinasse por si.

Em meio ao adiamento da nota com participação de Fiesp e Febraban, sete associações do agronegócio do Brasil, incluindo Abag e Abiove, divulgaram na segunda-feira um manifesto em que demonstraram preocupação com os “atuais desafios à harmonia político-institucional” local. Em nota que foi destacada em reportagem de capa de O Globo e do Estadão nesta terça, as empresas afirmaram que as tensões estão custando caro ao país e lavarão tempo para ser revertidas.

As entidades disseram que o Brasil não pode se apresentar à comunidade global como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou sob risco de retrocessos e rupturas institucionais, e defenderam o Estado de Direito estabelecido pela Constituição de 1988.

Em entrevista na segunda ao programa Fábio Sousa, veiculado nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a preocupação do governo do democrata Joe Biden nos Estados Unidos com questões ambientais atrapalha “um pouquinho” o Brasil.

“Obviamente o governo Biden é um governo mais de esquerda, um governo que tem quase uma obsessão para a questão ambiental. Então isso atrapalha um pouquinho a gente, porque o Brasil é o país que mais preserva o seu meio ambiente”, disse Bolsonaro. O presidente também afirmou que sofre ataque o tempo todo de países europeus por conta de questões ambientais, e que está disposto a conversar.

Além disso, em entrevista publicada na segunda o ministro de Minas e Energia, almirante de esquadra Bento Albuquerque, afirmou à agência Reuters que o governo federal pretende definir em até dois dias o valor dos descontos que serão dados a consumidores residenciais e estabelecimentos comerciais e industriais de menor porte que reduzirem voluntariamente o consumo de energia.

Os descontos beneficiariam consumidores do mercado regulado, atendidos por distribuidoras. O almirante de esquadra afirmou que cálculos estão sendo feitos por técnicos do governo para se chegar a um valor compatível com a realidade fiscal e econômica.

Também na segunda, a Secretaria-Geral da Presidência da República informou que o presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória que institui um novo marco legal para o transporte ferroviário.

Segundo o documento, a MP permite a exploração de trechos sem operação, devolvidos, desativados ou ociosos pela iniciativa privada por meio do regime de autorização, como já acontece na exploração de infraestrutura no setor deo telecomunicações.

O novo marco também prevê que administradoras ferroviárias se associem para criar uma entidade autorregulatória para definir padrões técnico-operacionais sem ingerência do Estado.

Radar corporativo

Petrobras (PETR3; PETR4) e Braskem (BRKM5)

A Petrobras  reafirmou na segunda-feira que mantém seu posicionamento em buscar a venda integral de sua participação na Braskem e monitora o processo de alienação da participação detida pela Novonor, disse a petroleira em comunicado. A Petrobras ainda disse que não há qualquer definição ou decisão sobre o assunto.

Fleury (FLRY3), Alliar (AALR3) e Rede D’Or (RDOR3)

A Rede D’Or São Luiz informou na noite da última segunda que o seu Conselho de Administração se reuniu e deliberou não proceder ao lançamento de uma oferta pública voluntária da Companhia (OPA) visando à aquisição de até a totalidade das ações de emissão da Centro de Imagem Diagnósticos, Alliar.

Na véspera, o grupo de medicina diagnóstica Fleury afirmou que iniciou estudos preliminares para avaliar uma potencial transação envolvendo a empresa de diagnósticos médicos Alliar.

BR Properties (BRPR3)

A empresa de imóveis comerciais BR Properties anunciou na segunda-feira que vendeu 55% de uma da torres do Complexo JK, em São Paulo, para a JFL Must, por R$ 555,9 milhões.

Segundo a BR Properties, a conclusão do negócio e o pagamento serão realizados após a superação de determinadas condições precedentes. A JFL Must é um dos negócios do empresário Jorge Felipe Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann.

Lojas Renner (LREN3)

A Lojas Renner afirmou nesta segunda-feira que não há até o momento evidência de vazamento de informações ou dados pessoais, em nenhum dos seus negócios, após ataque cibernético sofrido pela companhia no último dia 19.

A varejista disse que as operações dos centros de distribuição e backoffice foram restabelecidas na última semana. As operações de e-commerce nos sites e aplicativos tinham sido retomadas nos dias 21 e 22. A empresa acrescentou que mantém o trabalho de apuração, documentação e investigação sobre o ocorrido.

CSN (CSNA3)

A agência de classificação Fitch elevou nesta segunda-feira o rating de longo prazo em moedas estrangeira e local atribuídos à CSN de BB- para BB, com perspectiva positiva. Segundo a Fitch, os ratings refletem seus sólidos negócios de minério de ferro e sua forte posição no mercado brasileiro de aços planos, bem como a competitividade de custos dos negócios.

“As elevações acompanham os esforços contínuos da CSN para fortalecer substancialmente sua estrutura de capital, incluindo pagamento de dívidas, refinanciamentos e vendas de ativos”, afirmou a agência do relatório, citando ainda os elevados preços do minério de ferro e a flexibilidade operacional da CSN, que sustenta seu fluxo de caixa por mais de dois anos.

Vibra (BRDT3)

Nova joint venture criada por Vibra Energia e Copersucar deverá transacionar em seu primeiro ano de atuação 9 bilhões de litros de etanol, com R$ 30 bilhões de faturamento, tornando-se a maior comercializadora do biocombustível no Brasil, conforme explicaram executivos de ambas sócias nessa segunda-feira.

Inicialmente, a previsão é que cerca de 90% do volume anual da nova companhia –que ainda será nomeada– seja originado e vendido no mercado doméstico, mas a expectativa é que transações internacionais ganhem mais peso ao longo do tempo, apontaram eles, sem prever montantes.

“Na medida em que o etanol se transforma em commodity global, e a gente acredita que isso vai acontecer ao longo dos próximos anos nessa transição energética que estamos vivendo, os fluxos de exportação e importação serão cada vez maiores”, disse o diretor Comercial e de Operações da Copersucar, Pedro Paranhos.

Engie Brasil (EGIE3)

A elétrica Engie Brasil Energia assinou na segunda-feira contrato para a venda do complexo termelétrico Jorge Lacerda, movido a carvão mineral em Capivari (SC), à Diamante Holding, controlada da Fram Capital, por até R$ 325 milhões, informou a empresa em fato relevante. Segundo a Engie, R$ 210 milhões serão pagos no fechamento da operação e até R$ 115 milhões estão sujeitos ao cumprimento de determinadas condições previstas contratualmente.

Stone (STNE)

A empresa de meios de pagamentos StoneCo teve prejuízo no segundo trimestre, com uma provisão extra, após admitir ter sido surpreendida com falhas em seu negócio de crédito.

A companhia anunciou nesta segunda-feira que teve prejuízo ajustado de R$ 150,5 milhões no período, ante lucro de R$ 150,3 milhões um ano antes. Em termos líquidos, a companhia teve lucro de R$ 526 milhões, mas devido a um ganho contábil de R$ 715 milhões com a marcação a mercado de alguns investimentos.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.