Ibovespa fecha em queda, mas tem alta de 2% em semana marcada por debate sobre Orçamento; dólar vai a R$ 5,67

Nesta sexta, índice teve mais uma sessão volátil, e acabou puxado para queda no fim do pregão após o pedido de recuperação da Samarco

Rodrigo Tolotti

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após mais uma sessão volátil, o Ibovespa se descolou das bolsas internacionais e fechou em queda nesta sexta-feira (9), o que não foi suficiente para mudar a semana positiva do mercado brasileiro, com o índice subindo 2%.

O movimento da semana acabou sustentado pela forte alta de 1,97% na segunda-feira, dia que foi puxado pelas ações da Vale (VALE3) com o anúncio de um programa de recompra de ações e ADRs e também pela valorização dos índices em Wall Street, que refletiram os bons dados divulgados durante o feriado.

Nestes quatro pregões que completaram a semana, o mercado ficou bastante volátil, operando todos os dias entre perdas e ganhos com os investidores atentos principalmente ao debate sobre o Orçamento deste ano. Mesmo que até o momento nada tenha sido definido, o Ibovespa conseguiu ainda fechar na quinta-feira em seu maior patamar desde fevereiro, acima de 118 mil pontos.

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Nos Estados Unidos, os destaques na semana ficaram para a questão do pacote do presidente Joe Biden de mais de US$ 2 trilhões em infraestrutura, e também à ata do Fomc e falas de integrantes do Federal Reserve, em um cenário em que os rendimentos do títulos do Tesouro (Treasuries) têm subido bastante.

Houve um alívio neste sentido após o Fed continuar com sua promessa de manter a política monetária estimulativa. A ata da reunião publicada na quarta mostrou que os membros do Fed sentiam que a economia ainda estava aquém da meta e reiteraram sua postura monetária acomodatícia.

Nesta sexta, as bolsas americanas ganharam força durante a tarde e renovaram suas máximas históricas, com investidores repercutindo os dados de preços ao produtor de março no país, que subiram 1%, contra expectativa de alta de 0,5%.

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Já por aqui, além da questão do Orçamento, a bolsa também refletiu a notícia da CPI da Covid a ser instalada pelo Senado por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). “Uma vez instalada, a comissão deve concentrar as atenções, ampliar a pressão sobre o Palácio do Planalto e se sobrepor ao restante da agenda do Senado”, aponta a equipe de análise da XP.

A decisão, revés para o Planalto, motivou o presidente Jair Bolsonaro a se queixar de interferência entre os Poderes e sugerir a análise de impeachment de ministros da corte Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, também criticou a decisão, mas disse que ela será cumprida.

Sobre a questão do Orçamento, Bolsonaro disse ontem que Poder Executivo e Congresso estão mais próximos de um acordo. Autoridades do Ministério da Economia insistem na necessidade de veto do presidente, uma vez que o Orçamento é jurídica e economicamente inexequível da forma como foi aprovado no Congresso. Os congressistas, porém, afirmam que o governo estava ciente de todas as mudanças feitas durante a tramitação e, por isso, não aceitariam qualquer veto, persistindo assim o impasse.

Com isso, o Ibovespa fechou esta sexta com queda de 0,54%, aos 117.669 pontos e volume financeiro de R$ 25,799 bilhões, movimento que acabou puxado na reta final do pregão pela queda da Vale com a notícia do pedido de recuperação judicial da Samarco. Na semana, porém, o benchmark da bolsa brasileira avançou 2,10%.

Já o dólar comercial, teve forte valorização de 1,81% hoje, cotado a R$ 5,674 na compra e R$ 5,675 na venda, enquanto na semana ele recuou 0,70%. Já o dólar futuro com vencimento em maio registra alta de 2,02%, a R$ 5,688 no after market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 teve alta de nove pontos-base a 4,72%, DI para janeiro de 2023 avançou 17 pontos-base a 6,56%, DI para janeiro de 2025 subiu 17 pontos-base a 8,27% e DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de 17 pontos-base a 8,81%.

O movimento ocorreu apesar dos dados da inflação oficial no País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,93% em março de 2021 na comparação com fevereiro. Apesar de ser a maior alta para o mês desde 2015, os números ficaram abaixo do esperado. A previsão, de acordo com consenso Refinitiv, era de alta de 1,03% frente fevereiro de 2021 e de 6,20% na comparação com março de 2020.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, destacou na na série Super Lives – 1 ano de pandemia, organizada pelo InfoMoney e pela XP, que o IPCA reforça a perspectiva de nova alta de 0,75 ponto percentual na taxa Selic em maio. Ele reiterou que a avaliação da autoridade monetária é que a maior parte dos componentes por trás da inflação atualmente são de efeito temporário.

“O que temos dito é que, a não ser que algo muito diferente aconteça, achamos que estamos, e o número (do IPCA) de hoje corrobora isso, estamos mirando novo (aumento de) 75 pontos base”, apontou.

Secretário do Tesouro defende vetos no Orçamento

O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, afirmou na quinta-feira que, para o Ministério da Economia, o veto de ao menos parte das emendas parlamentares, que destinam recursos para congressistas gastarem em obras em seus redutos eleitorais, seria a solução mais adequada à Lei Orçamentária de 2021. A fala ocorreu durante live do Broadcast do jornal O Estado de S. Paulo.

O Orçamento foi aprovado pelo Congresso Nacional há duas semanas, mas vem sendo chamado de “fictício” por não destinar recursos o suficiente a gastos obrigatórios, ao mesmo tempo em que elevou gastos com áreas como emendas parlamentares, defesa e segurança pública.

“Em termos de posição do próprio ministério, da Secretaria de Orçamento, Tesouro, é que o mais adequado seria, justamente, um veto. Aí, também, específico, na parte das emendas de relator e, concomitante a isso, fazer justamente a recomposição e distribuição de recursos por meio de um PLN (Projeto de Lei do Congresso Nacional).” Questionado se o veto seria total ou parcial, Funchal afirmou que isso dependeria do tamanho da recomposição, afirmando que as emendas do relator totalizam R$ 29 bilhões.

Funchal, afirmou que a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2022, a ser apresentada já na próxima semana ao Congresso Nacional, terá um padrão “normal” de meta fiscal, após flexibilidade na LDO de 2021.

“Vamos fazer o padrão, projetar o que esperamos de receita. As receitas são mais simples, porque seguimos a regra do teto e é isso, a meta vai estar definida. (…) É voltar ao padrão normal e não como no ano de 2020 e 2021”, disse Funchal em videoconferência promovida pelo Broadcast.

Em 2020, o governo solicitou flexibilidade na meta fiscal no projeto de LDO de 2021, com o objetivo de que ela fosse mudada sempre que as receitas fossem recalculadas. O projeto depois foi alterado para estabelecer uma meta definida de déficit primário.

Além disso, em conferência da Consulting House o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que ao elevar a Selic em março para 2,75% não assumiu um compromisso, mas apenas sinalizou o que considerava adequado naquele momento: dar início a uma “normalização parcial” da taxa de juros.

“Ajuste parcial não é compromisso (…) Nosso único compromisso é perseguir o centro da meta de inflação no horizonte relevante”, afirmou.

O diretor destacou que o aperto monetário maior do que o esperado pelo mercado foi importante para diminuir a probabilidade de a inflação superar a meta deste ano e para ancorar as expectativas para um horizonte mais longo.

O aperto de março surpreendeu os analistas de mercado, que apostavam, na maioria, em uma alta de 0,50 ponto da taxa de juros. Na ata da reunião, o BC sinalizou novo elevação de 0,75 ponto da Selic para maio. “O custo de o BC ser visto como leniente com a inflação de 2021 naquele momento e que está postergando a convergência para 2022 seria um custo muito elevado”, afirmou. “Acho que foi muito importante ser decisivo e começar esse ajuste mais célere do que o mercado esperava.”

Além disso, o presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quinta-feira a chamada Lei do Gás, que muda o marco regulatório do setor. A nova lei traz entre as inovações, a troca do regime de outorga pelo de autorização para explorar serviços de transporte dutoviário e de estocagem subterrânea, o que reduz a burocracia para expansão da malha de transporte de gás natural.

Outra novidade é a garantia de acesso não discriminatório a infraestruturas como gasodutos de escoamento da produção, instalações de tratamento ou processamento e terminais de gás natural liquefeito (GNL).

Radar corporativo

A SLC Agrícola comunicou que arrendou da Agricola Xingu S.A. uma área de 39.034 hectares para a exploração do plantio de grãos e algodão. Essa área está localizada entre os municípios de Correntina (BA) e Unaí (MG). O valor do arrendamento não foi informado.

A empresa de concessões na área de transportes CCR irá realizar no dia 30 de abril o pagamento de dividendos obrigatórios e adicionais no valor total de R$ 181,5 milhões (R$ 0,08984205744 por ação ordinária).

A empresa de locação de automóveis e gestão de frotas Localiza comunicou a conclusão da oferta de emissão de R$ 1,2 bilhão em debêntures simples e não conversíveis em ações.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
CSNA3 4.93917 43.13
USIM5 3.76952 19.27
MRVE3 2.98673 18.62
IGTA3 2.97305 37.06
SBSP3 2.70012 42.98

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
VVAR3 -3.56037 12.46
PCAR3 -3.50273 33.61
CRFB3 -2.83658 22.95
UGPA3 -2.29008 20.48
LREN3 -2.26255 41.47

A construtora Even divulgou os dados operacionais do primeiro trimestre do ano, em que realizou o lançamento de sete empreendimentos imobiliários, sendo três em São Paulo e quatro no Rio Grande do Sul. Esses empreendimentos somam um valor geral de vendas (VGV) de R$ 902,6 milhões, sendo que a parte que cabe à Even é de R$ 715,6 milhões. O VGV é o valor potencial de venda de todas as unidades de um empreendimento.

A Aura Minerals, que opera minas de ouro, prata e cobre em Honduras, Brasil e México, anunciou  sua prévia operacional referente ao primeiro trimestre do ano. Nesse período, a companhia atingiu a produção de 66.782 onças equivalentes de ouro (GEO), uma alta de 68% na comparação com os primeiros três meses de 2020. Esse montante é o segundo maior já registrado pela companhia em um único trimestre – o maior são os 68.964 GEO reportados no quarto trimestre.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.