Ibovespa fecha em queda de 0,7% antes de “Super Quarta”; dólar cai a R$ 5,61

Mercado registrou perdas em um pregão que foi teve muita ansiedade por decisões de política monetária

Ricardo Bomfim

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (16) pressionado pelas ações de blue chips, que subiram ontem no vencimento de opções, como é o caso de Itaú Unibanco (ITUB4), Petrobras (PETR3; PETR4) e Bradesco (BBDC3; BBDC4).

O movimento também acompanhou a baixa nos índices Dow Jones e S&P 500 nos Estados Unidos antes da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) amanhã. Será importante acompanhar o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, posterior à decisão do Fomc, para saber como o banco central dos EUA está enxergando esse rali nos treasuries, que operam com juros de 1,6% ao ano.

Por aqui, as expectativas ficam pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) também amanhã. Espera-se um aumento de 0,50 ponto percentual na Selic, iniciando um ciclo de aperto monetário para conter a inflação que já bate 5,2% em 12 meses de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro.

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No radar, os investidores repercutiram também a escolha de Marcelo Queiroga como o novo ministro da Saúde do governo Bolsonaro.

Entre os indicadores, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou a criação de 260.353 empregos no Brasil em janeiro, número bem acima dos 179 mil esperados.

O Ibovespa teve queda de 0,72%, a 114.018 pontos com volume financeiro negociado de R$ 26,076 bilhões.

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Enquanto isso, o dólar comercial caiu 0,36% a R$ 5,6181 na compra e a R$ 5,6191 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em abril registra baixa de 0,06% a R$ 5,616 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu três pontos-base a 4,26%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de quatro pontos-base a 6,01%, o DI para janeiro de 2025 recuou cinco pontos-base a 7,38% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de seis pontos-base a 7,90%.

Voltando ao exterior, o noticiário sobre a vacinação continua em foco na Europa. Na segunda, as três maiores economias da União Europeia, Alemanha, Itália e França, suspenderam a vacinação com o imunizante desenvolvido pela parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford, após relatos de coágulos sanguíneos surgirem entre pessoas que haviam utilizado a vacina.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) insiste que a vacina é segura, que não foi encontrada uma associação entre a imunização e o surgimento de coágulos.

Especialistas têm ressaltado que a proporção de pessoas que desenvolveram estes sintomas após tomar a vacina não é maior do que a proporção entre a população em geral, de acordo com os dados disponíveis até o momento.

Em uma declaração, a agência ressaltou que “muitas milhares de pessoas desenvolvem coágulos sanguíneos todo ano na União Europeia, por diversos motivos”, e que o número de incidentes entre aqueles vacinados “não parece ser mais alto do que o observado na população em geral”.

Assim, “os benefícios da vacina da AstraZeneca em evitar a Covid-19, com seu risco associado a hospitalização e morte, supera os riscos de efeitos adversos”.

O cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan afirmou na segunda: “nós não queremos que as pessoas entrem em pânico, e recomendaríamos, neste momento, que os países continuem se vacinando com a AstraZeneca”.

Na sexta, a Sociedade Internacional de Trombose e Hematose, que representa especialistas médicos ao redor do mundo, havia afirmado que “o pequeno número de eventos trombóticos, em relação às milhões de doses de vacinas contra a Covid não sugerem uma ligação direta”.

Nesta terça, membros da OMS e da EMA devem se reunir, separadamente, para discutir a questão. Na quinta, a EMA deve realizar uma reunião extraordinária para decidir sobre a tomada de novas ações.

Recorde em mortes e novo ministro

Pelo 17º dia seguido, o país bateu na segunda (15) seu recorde na média móvel de mortes por Covid em 7 dias, com a marca de 1.855, alta de 46% em comparação com a média de 14 dias antes. O patamar de 1.500 mortes na média de 7 dias foi ultrapassado pela primeira vez na semana passada.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de segunda, o avanço da pandemia em 24 h no país. Apenas em um dia foram registradas 1.275 mortes.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 67.142, alta de 21% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia houve 42.446 diagnósticos.

Até a segunda, 10.081.771 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 4,76% da população. A segunda dose foi aplicada em 3.672.422 pessoas, ou 1,73% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou na segunda o quarto titular do Ministério da Saúde desde o início de seu mandato. Ele será o cardiologista Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, próximo da família Bolsonaro, em especial do senador Flávio Bolsonaro.

Bolsonaro afirmou que haverá uma transição de “uma ou duas semanas” entre o atual ministro, general Eduardo Pazuello, e seu sucessor. O presidente anunciou a mudança após o nome de Pazuello ser alvo de pressão de congressistas, insatisfeitos com a condução da pandemia.

O general foi ministro interino por três meses, antes de ser empossado e permanecer por outros seis meses. Ao contrário do que ocorreu com seus antecessores, sua gestão foi marcada por obediência a políticas polêmicas defendidas por Bolsonaro, como a da promoção de tratamentos não comprovados cientificamente.

Em outubro, Pazuello chegou a afirmar, ao lado do presidente: “Senhores, é simples assim: um manda e o outro obedece. Mas a gente tem um carinho, entendeu?”. Ele é suspeito de omissão diante do colapso da saúde em Manaus, em que o Ministério da Saúde promoveu medicamentos não comprovados enquanto autoridades estaduais faziam apelos pela necessidade de oxigênio.

Na segunda, o ministro anunciou que fechou acordo para a compra de vacinas desenvolvidas pela farmacêutica Janssen, da Johnson & Johnson’s, e pela parceria entre Pfizer e BioNTech. Devem ser compradas 100 milhões de doses da Pfizer, e 38 milhões da Janssen.

Em um balanço de sua gestão na segunda, o general Pazuello afirmou que há 562,9 milhões de doses de vacinas contratadas para entrega em 2021. A Fiocruz anunciou que entregará ainda nesta semana as primeiras 1,8 milhão de doses da vacina produzida pela instituição.

Antes de se reunir com Queiroga, Bolsonaro chegou a conversar com a cardiologista Ludhmila Hajjar, que recusou o convite para comandar a Saúde, alegando não haver “convergência técnica” com o atual governo. Ela relatou ter sido alvo de ataques de bolsonaristas nas redes, e que houve uma tentativa de invadir o hotel em que estava hospedada em Brasília. Hajjar é contrária ao uso de medicamentos com eficácia não comprovada, e é defensora do isolamento social.

Em maio, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, presidida por Queiroga, recomendou que medicamentos com eficácia não comprovada não fossem utilizados contra o novo coronavírus. Mas a entidade recuou e divulgou uma outra nota, em parceria com o Ministério da Saúde, abrindo a possibilidade de que pacientes recebessem esse tipo de tratamento após assinar um termo de consentimento.

Pelas redes, Bolsonaro afirmou sobre Queiroga: “já o conhecia há alguns anos, então não é uma pessoa que tomei conhecimento há poucos dias e tem tudo para fazer um bom trabalho dando prosseguimento em tudo que Pazuello fez até hoje”.

Anteriormente, Queiroga defendeu o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), o isolamento social e a vacinação. No domingo (14), afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que a cloroquina não faria parte de sua estratégia de enfrentamento à pandemia, caso fosse ministro. Em entrevista na segunda à CNN Brasil, afirmou que lockdowns não podem ser política de governo.

Na segunda, a Comissão Arns e a organização não governamental Conectas denunciaram o governo Bolsonaro por “devastadora tragédia humanitária”, durante intervenção no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra.

Segundo as instituições, a situação no Brasil é grave pelos recordes de mortes e a vacinação lenta. As organizações afirmam que o presidente desacredita medidas como uso de máscara, distanciamento social, vacinação e promove drogas ineficazes.

PEC Emergencial e Reforma Tributária

Na segunda, o Congresso Nacional promulgou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, que impõe medidas de ajuste em caso de desequilíbrio fiscal. Ela prevê que o governo gaste até R$ 44 bilhões com o novo auxílio emergencial, não contabilizados nas regras fiscais. O benefício deve começar a ser pago a partir de abril, após a promulgação pelo presidente de uma Medida Provisória.

Além disso, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, a nova rodada do programa que permite a empresas cortarem jornada e salário e suspender contratos de trabalho deve ter custo total de entre R$ 5,8 bilhões e R$ 6,5 bilhões para o governo. A estimativa considera entre 2,7 milhões e 3 milhões de acordos firmados entre patrões e empregados.

De acordo com o jornal, as informações constam em nota técnica produzida pela Subsecretaria de Políticas Públicas de Trabalho do Ministério da Economia, em 9 de março de 2021. O plano do governo é reformular o seguro-desemprego, de forma a poupar recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e direcioná-los ao benefício emergencial, que permite os acordos para proteger empregos.

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), devem se reunir esta semana para discutir a tramitação da reforma tributária no Congresso Nacional.

Segundo Lira, continua valendo a previsão feita anteriormente de um prazo entre seis e oito meses para a aprovação da reforma. Isso, de acordo com o deputado, é perfeitamente factível para um Congresso reformista como o atual.

Em webinar dos jornais Valor Econômico e O Globo, com a presença dos dois parlamentares, Pacheco disse que a reforma tributária é a arte de ceder, de quem vai poder ceder para se chegara um sistema tributário mais lógico.

O presidente do Senado advertiu ainda que a reforma tributária não é uma tarefa apenas do Poder Legislativo, mas também dos Poderes Executivo e Judiciário. Para Pacheco, não adianta ter uma legislação e depois ocorrer judicialização ou a Receita Federal querer interpretar a legislação.

No evento, Lira e Pacheco descartaram a possibilidade de instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a atuação do governo federal no combate à pandemia.

“Haverá julgamentos políticos, judiciais e morais no futuro (…). A CPI, se precisar, será instalada para apreciar fatos pretéritos. Mas a solução da vacina não virá por aí”, disse Pacheco. Lira afirmou: “Os extremos não ajudam. Devemos ter postura equilibrada. Não defendo CPIs na Câmara. Devemos discutir medidas para interferir positivamente no combate ao coronavírus”.

Radar corporativo

O Comitê de Pessoas da Petrobras se reúne nesta terça-feira e, entre os itens constantes na agenda, está a análise da indicação de Joaquim Silva e Luna para a presidência da estatal. Em comunicado, a estatal afirma que o Comitê pode ou não se manifestar sobre a indicação.

Já a Eletrobras adiou novamente a divulgação de seus resultados para o quarto trimestre de 2020, agora para a próxima sexta-feira (19) após o fechamento do mercado. O balanço estava previsto para esta segunda-feira. Além disso, a estatal informou que a diretora financeira e de Relações com Investidores da companhia, Elvira Cavalcanti Presta, ocupará a presidência da estatal de forma interina a partir desta terça-feira, quando ocorre a saída do atual CEO, Wilson Ferreira Junior.

A Sanepar anunciou nesta segunda-feira a prorrogação da tarifa social para clientes cadastrados no benefício por 90 dias a partir de 20 de março. Segundo a empresa, a medida tem como objetivo minimizar os impactos à população ocasionados pela pandemia da pandemia da Covid-19, mas que não se trata de isenção ou abatimento de contas.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
USIM5 8.8993 18.6
KLBN11 4.37081 29.61
BRKM5 4.2522 36.04
CSNA3 3.4608 37.07
SUZB3 3.4317 75.35

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
CVCB3 -6.8747 17.61
GOLL4 -6.3149 22.55
AZUL4 -6.1625 40.2
EZTC3 -5.0486 30.28
EMBR3 -4.6971 14

Segundo o Valor, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), uma das maiores fabricantes de aço do país, decidiu fazer novos reajustes na sua tabela a partir de 1º de abril. Os reajustes ficarão de 10%, para alguns tipos de aço, até 15% para aço longo (vergalhão). Folhas metálicas, usadas em embalagens, vão ter 11,25%.

A Gol destacou que a assembleia sobre a incorporação da Smiles, marcada para a véspera, que não foi instalada por falta de quórum, terá segunda convocação, para ocorrer no dia 24 de março.

No radar de resultados, a Mahle Metal Leve teve lucro líquido de R$ 100,8 milhões no quarto trimestre do ano passado, 52,3% maior frente igual período de 2019. Já a Mitre teve lucro líquido de R$ 22,56 milhões no quarto trimestre de 2020, alta de 329,3% ante igual período de 2019. A Guararapes teve lucro líquido de R$ 368 milhões no 4º trimestre, queda de 16,5%. A Direcional, por sua vez, reportou lucro líquido de R$ 43,608 milhões no quarto trimestre de 2020, alta de 54,6% na base anual.

(Com Reuters, Bloomberg e Estadão Conteúdo)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.