Ibovespa fecha em leve baixa pressionado por Vale enquanto investidores esperam por Copom e Fomc

Mercado registra sessão de cautela antes de vencimento de contratos futuros do benchmark e reuniões de política monetária

Ricardo Bomfim

(SHutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em leve queda nesta terça-feira (15) pressionado principalmente pela desvalorização de 2% das ações da Vale (VALE3) enquanto os investidores esperam pelas decisões de juros Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã.

Vale lembrar que o próximo pregão também conta com vencimento dos contratos futuros do índice, o que costuma aumentar a volatilidade do pregão por conta da disputa entre comprados e vendidos.

Sobre o Fed, a expectativa é de que o banco central dos EUA não tome nenhuma nova medida. Mas comentários sobre taxa de juros, inflação e economia sinalizando uma futura desaceleração em sua política de compra de ativos podem influenciar os mercados.

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O presidente do BC americano, Jerome Powell, falará à imprensa após a decisão, na quarta-feira. Espera-se que ele reafirme o compromisso da instituição com uma política monetária expansionista. Há, no entanto, preocupação a respeito da inflação, que registrou em maio níveis mais altos do que o esperado, de acordo com relatório divulgado na última semana.

Enquanto isso, o Índice de Preços ao Produtor (PPI) nos EUA registrou alta de 0,8% em maio, acima da projeção dos analistas compilados pela Refinitiv, que previam avanço de 0,6%. Na base anualizada a alta chegou a 6,6%, o maior avanço em 12 meses em quase 11 anos.

Já as vendas no varejo registraram queda de 1,3%, resultado pior que o previsto. Analistas consultados pela Refinitiv projetavam que as vendas recuassem 0,7% no mês passado em comparação a abril.

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Excluindo-se automóveis, as vendas no setor varejista americano sofreram redução de 0,7% na comparação mensal de maio. Neste caso, a projeção era de acréscimo de 0,5%. Já os dados de abril ante março foram revisados, mostrando alta de 0,9% nas vendas totais e estabilidade no resultado sem automóveis.

Também no radar, a produção industrial dos EUA cresceu 0,8% em maio, na comparação com abril, ante previsão de crescimento menor, de 0,6%. Já a produção industrial de abril foi revisada, de alta de 0,5% ante o mês anterior antes calculada para um crescimento de apenas 0,1%.

Por aqui, investidores também ficam no aguardo do Copom amanhã, com a projeção de que o BC eleve a Selic em mais 0,75 ponto percentual, levando a taxa básica de juros para 4,25% ao ano, com destaque para o comunicado, que deve trazer novas sinalizações sobre a estratégia da autoridade monetária.

Atenção também para o noticiário político, com a retomada dos depoimentos na CPI da Covid. Marcellus Capêlo, ex-secretário de Saúde do Amazonas, foi quem prestou depoimento hoje. Capêlo afirmou que sua secretaria foi contra a revogação do decreto estadual 43.234, que determinava a adoção de medidas restritivas no estado.

“O governador foi pressionado pela manifestação popular em relação, inclusive, à segurança pública no estado do Amazonas. Houve uma revolta generalizada, até com ateamento de fogo. As equipes de segurança tiveram que enfrentar os manifestantes”, defendeu.

O Ibovespa teve leve variação negativa de 0,09%, a 130.091 pontos com volume financeiro negociado de R$ 26,68 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial caiu 0,55% a R$ 5,042 na compra e a R$ 5,043 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em julho recua 0,32% a R$ 5,053 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu cinco pontos-base a 5,39%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de quatro pontos-base a 6,98%, o DI para janeiro de 2025 recuou um ponto-base a 7,96% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de três pontos-base a 8,41%.

As bolsas asiáticas tiveram desempenhos variados entre si na terça. Na China, os investidores repercutem as tensões entre Pequim e o Ocidente após líderes do G7 criticarem o país asiático sobre uma série de assuntos, o que a China chamou de interferência em suas questões internas.

Os líderes do G7 criticaram no domingo a China por questões de direitos humanos na região fortemente muçulmana de Xinjian, pediram que Hong Kong mantenha um alto grau de autonomia e destacaram a importância da paz e estabilidade no Estreito de Taiwan – todas questões sensíveis para Pequim.

Líderes da Otan alertaram na segunda-feira que a China apresenta “desafios sistêmicos”, adotando uma postura contundente em relação a Pequim em comunicado no primeiro encontro do presidente dos EUA, Joe Biden, com a aliança.

Na Europa, dados oficiais confirmaram que a inflação final anual na Alemanha foi de 2,4% em maio, enquanto que a da França ficou em 1,8%.

Covid no Brasil

Na segunda (14), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.970, alta de 5% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 928 mortes.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 67.007, alta de 9% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 40.865 casos.

Chegou a 54.607.404 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 25,79% da população. A segunda dose foi aplicada em 23.659.355 pessoas, ou 11,17% da população.

Na segunda, o Ministério da Saúde voltou atrás no anúncio feito no sábado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de que um lote de 3 milhões de doses de imunizantes da Janssen, farmacêutica subsidiária da Johnson & Johnson, chegaria ao Brasil vindo dos Estados Unidos na terça-feira para aplicação nas capitais.

Em comunicado, a pasta informou que aguarda “confirmação da data por parte do laboratório, mas a expectativa é de que as doses cheguem ainda esta semana ao país em três remessas”, não mais em um lote só, como havia sido anunciado.

Ao contrário da maioria dos imunizantes contra Covid-19, a vacina da Janssen é aplicada em dose única, e já teve seu registro para uso emergencial aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O governo fechou acordo para a compra de 38 milhões de doses, mas, até o momento, nenhuma chegou ao país.

A agência de jornalismo de dados Fiquem Sabendo obteve por meio de Lei de Acesso à Informação uma troca de 54 e-mails realizada entre março e junho entre autoridades do Brasil e da Índia, e com representantes de farmacêuticas do país asiático.

Segundo reportagem de capa do jornal O Estado de S. Paulo, quando o assunto era a liberação de cargas de matéria-prima para a fabricação de hidroxicloroquina (remédio indicado contra o protozoário causador da malária sem eficácia cientificamente comprovada contra a Covid), algumas mensagens chegaram a ser respondidas pela chancelaria brasileira em 15 minutos, mesmo à noite ou em fins de semana.

Mas o governo chegou a demorar mais de dois meses para reagir a ofertas de vacinas contra a Covid pela farmacêutica americana Pfizer, desenvolvida em parceria com a alemã BioNTech. Uma das frentes de investigação da CPI é o enfoque do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em promover remédios que normalmente são voltados ao combate a verminoses ou protozoários, e que não têm eficácia cientificamente comprovada contra a Covid, em detrimento das vacinas. A imunização antecipada teria evitado mortes no Brasil. O Ministério das Relações Exteriores não se manifestou sobre as informações reveladas pelo Fiquem Sabendo.

Na segunda, o ex-número 2 do Ministério da Saúde, Elcio Franco, obteve a suspensão da sua quebra de sigilos, que havia sido aprovada na semana passada pela CPI. A suspensão ocorre por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Nunes Marques, que avaliou que o fato de que Franco defendeu o uso de medicamentos sem eficácia cientificamente comprovada para o combate da Covid não justifica a obtenção de seus dados telefônicos e telemáticos, como e-mails.

A CPI determinou a quebra de sigilo de 20 pessoas. Dentre as que não conseguiram reverter a medida estão o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo e a secretária de Gestão do Trabalho e Educação no Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”.

Hoje falará à CPI Marcellus Campêlo, que foi secretário de Saúde do Amazonas no período em que o estado ficou sem oxigênio nos hospitais, no início de 2021. Campêlo é investigado pela suspeita de desvios na construção de um hospital de campanha, e foi preso pela Polícia Federal no início de junho. Ele deixou o cargo após ser solto, 5 dias depois. Governistas defendem a investigação de quadros de governos estaduais como forma de reduzir o enfoque sobre a gestão Bolsonaro.

Novo Bolsa Família e crise hídrica

A reformulação do programa Bolsa Família – que recebeu o nome provisório de Renda Cidadã – prevê um benefício médio em torno de R$ 250 e um custo total de R$ 51,51 bilhões para 2022, segundo dados mais recentes em elaboração pelo Ministério da Cidadania obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O governo quer engatilhar o Bolsa Família reforçado depois da nova prorrogação do auxílio emergencial por mais três meses (até outubro), confirmada  pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Um orçamento adicional para 2021 até o final do ano terá que ser discutido. A prorrogação do auxílio dá mais tempo para o Ministério da Cidadania e a equipe do ministro da Economia acertarem os ponteiros sobre os detalhes do alcance do programa diante da restrição fiscal apontada pela equipe econômica.

No noticiário sobre a crise hídrica, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ministro de Minas e Energia, almirante de esquadra Bento Albuquerque, afirmou que o governo federal estuda conceder descontos ou créditos na conta de luz para consumidores que reduzirem o uso de energia nos horários de pico a partir de meados de julho. A medida valeria inclusive para as indústrias.

Segundo o jornal, especialistas no setor elétrico defendem o deslocamento da demanda para evitar apagões nos horários de maior uso, em especial o início da noite no inverno, devido ao uso de chuveiros elétricos, e o início da tarde no verão, devido a aparelhos de ar-condicionado. A expectativa é de que o nível dos reservatórios baixe ainda mais no segundo semestre.

Nesta semana, o Operador Nacional do Sistema (ONS) estimou que as precipitações na área das usinas do Sudeste e Centro-Oeste devem ficar em 66% da média histórica para junho. Com isso, o nível dos lagos das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, região líder em capacidade de armazenamento, deve terminar o mês em 28,9% do total, contra 30,8% no início do mês.

O texto de uma medida provisória preparada em conjunto pelos Ministérios de Minas e Energia, Desenvolvimento Regional e Infraestrutura cria uma Câmara de Regras Operacionais Excepcionais para Usinas Hidrelétricas. Ela permitiria ao governo a adoção de medidas mais drásticas de controle de uso de energia, inclusive um racionamento compulsório.

O texto da MP ainda não foi aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro que, mais de uma vez, revelou em público o temor pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Uma reunião no Palácio do Planalto foi convocada para a tarde de segunda entre o presidente, os ministros das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, para tentar convencer Bolsonaro da adoção das medidas.

Segundo a agência internacional de notícias Reuters, o governo federal teme o desgaste político de uma medida de racionamento de energia elétrica, nos moldes da que teve de ser adotada entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, quando toda população teve de reduzir o consumo de energia em pelo menos 20%, sob pena de pagar multas na conta de luz. A um ano e meio da eleição presidencial, medidas do tipo podem afetar a popularidade do presidente, que está em queda.

Além disso, dados do Radar PPP levantados a pedido do jornal Valor Econômico indicam 51 licitações de projetos estaduais de saneamento em municípios. Com base em uma análise de 9 desses projetos, a estimativa é de ao menos R$ 3,64 bilhões em obras.

A maior delas fica em Porto Alegre, onde a modelagem inicial, feita pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), projeta R$ 2,17 bilhões de investimentos na rede de esgoto. O valor poderia subir, caso o escopo do contrato passasse a abarcar serviços de água, uma possibilidade ainda em estudo. Os demais projetos são bem menores, de, em média R$ 97 milhões.

Radar corporativo

Já a Petrobras informou a conclusão da venda da sua participação de 50% no campo terrestre de Dó-Ré-Mi, localizado na Bacia de Sergipe-Alagoas, para a Centro-Oeste Óleo e Gás por um valor de US$ 37,6 mil.

A BR Properties comunicou a venda do Galpão Tucano, localizado na cidade Jarinu, no interior de São Paulo, por um valor de R$ 94 milhões. O empreendimento tem 31,7 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL).

A Itaúsa informou que a BlackRock diminuiu sua fatia acionária na empresa para 4,98%, passando a deter 275 milhões de ações PN da holding.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
SULA11 4.8368 35.33
PRIO3 3.61197 20.08
ECOR3 3.30769 13.43
BPAC11 3.01368 122.03
BRFS3 2.76828 30.07

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BIDI11 -2.73011 62.35
AZUL4 -2.66247 46.43
LWSA3 -2.50655 26.06
HGTX3 -2.45416 34.58
VALE3 -1.95216 111.5

A construtora Viver informou na última segunda-feira que pediu na justiça o encerramento de sua recuperação judicial, quase cinco anos após início do processo. Segundo a companhia, após ter recebido cinco capitalizações desde 2018, com a conversão de dívidas em capital e o pagamento de credores, 98% de sua dívida habilitada foi quitada. Além disso, valores remanescentes e outros créditos ilíquidos anteriores ao pedido da recuperação judicial seguem sujeitos aos efeitos do plano.

A Sanepar anunciou nesta segunda-feira a prorrogação por 90 dias do tarifa social para clientes cadastrados, dentro das medidas tomadas para minimizar os impactos causados pela pandemia da Covid-19. A medida vale a partir de 18 de junho.

Um sindicato que representa os trabalhadores da mina de níquel da Vale em Sudbury, Canadá, recomendou que seus membros em greve rejeitem a última oferta da empresa brasileira, dizendo que ela oferecia “melhorias mínimas”. Os 2.500 trabalhadores da mina cruzaram os braços em 1º de junho, reclamando dos planos de cortes de benefícios médicos e de saúde para aposentados, bem como aumentos salariais mínimos. “A Vale quer reduzir o padrão de vida dos aposentados em nossa comunidade”, disse o presidente da United Steelworkers Local 6500, Nick Larochelle, em comunicado.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.