Ibovespa fecha em alta de 1,4% e vai ao seu maior nível desde 1º de setembro; dólar cai a R$ 5,59

Mercado se animou com as declarações da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, nesta quinta

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira (22), pregão marcado por muita volatilidade diante da ansiedade dos investidores por notícias sobre o pacote de estímulos dos Estados Unidos. Depois de subir e zerar diversas vezes até o início da tarde, o índice se sustentou na zona positiva graças à melhora do humor também no campo internacional.

Hoje, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq tiveram altas de 0,54%, 0,52% e 0,19% respectivamente graças às declarações da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. Ela afirmou que o acordo para o programa de estímulos está “quase lá” e que chegou-se a “uma tentativa séria de fazer funcionar”.

No início da pandemia, os EUA gastaram US$ 3 trilhões para enfrentar os impactos econômicos da Covid-19. Nas últimas semanas, o governo de Donald Trump apresentou propostas de liberar mais US$ 1,9 trilhão desta vez. No entanto, a proposta mais recente de representantes do Partido Democrata, que tem maioria no Congresso, gira em torno de US$ 2,2 trilhões.

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Com as novidades, o Ibovespa subiu 1,36% a 101.917 pontos, seu maior patamar de fechamento desde 1º de setembro, quando encerrou o pregão cotado a 102.167 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 28,184 bilhões.

Quem puxou as compras foram as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) e de bancos. As instituições financeiras seguiram refletindo projeções de resultados fortes no terceiro trimestre, ao passo que a petroleira se beneficiou da valorização da commodity no mercado internacional.

O barril do Brent – usado como referência pela estatal – subiu 1,75% a US$ 42,46 e o barril do WTI apresentou ganhos de 1,62% a US$ 40,68. Para mais destaques de ações, clique aqui.

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Na política nacional, continuou em foco o desdobramento da fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na quarta-feira no Twitter, quando desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. O general havia anunciado um acordo para comprar vacinas que serão produzidas em São Paulo pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac.

Hoje, Bolsonaro disse que o Brasil não comprará a vacina CoronaVac porque o medicamento não transmite segurança “pela sua origem” e não tem credibilidade.

Enquanto isso, o dólar comercial caiu 0,36% a R$ 5,593 na compra e a R$ 5,594 na venda. O dólar futuro com vencimento em novembro registrava baixa de 0,22%, a R$ 5,598 no after-market.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu dois pontos-base a 3,26%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de cinco pontos-base a 4,63%, o DI para janeiro de 2025 avançou cinco pontos-base a 6,43% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de sete pontos-base a 7,35%.

Também no radar, o diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, John Ratcliffe, afirmou em coletiva de imprensa que “Irã e Rússia tomaram ações específicas para influenciar a opinião pública em relação às eleições”.

Ambos os países obtiveram, separadamente, informações sobre eleitores americanos. Segundo Ratcliffe, os dados podem ser usados para tentar comunicar informações falsas aos eleitores, em uma tentativa de causar confusão e caos, prejudicando a confiança na democracia americana.

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O Kremlin negou nesta quinta-feira as acusações dos Estados Unidos de que tentou interferir nas eleições presidenciais norte-americanas deste ano, classificando-as de infundadas.

Bolsonaro critica vacina chinesa

Na quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou fala do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que anunciou a compra de 46 milhões de doses da vacina. No Twitter, Bolsonaro escreveu em letras maiúsculas que a vacina “NÃO SERÁ COMPRADA”.

Ele respondia a um internauta que afirmou que queria ter “um futuro, mas sem interferência da ditadura chinesa”. Outro internauta afirmou que Pazuello o traíra com o acordo, e Bolsonaro respondeu que “qualquer coisa publicada sem comprovação vira TRAIÇÃO”.

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Na terça-feira (20), em reunião do Fórum dos Governadores, o ministro Pazuello havia anunciado que assinara um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da vacina da Sinovac. Na ocasião, o ministro se referiu à vacina como “a vacina do Brasil”.

A fala afastou temporariamente o temor, por parte de secretários de Saúde estaduais e técnicos do Ministério da Saúde, de que o governo federal relegaria a vacina chinesa por motivos políticos.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é cotado como potencial candidato presidencial para as Eleições de 2022, e sua postura de combate ao coronavírus tem contrariado o que prega o presidente da República desde o início da pandemia.

Apesar de Bolsonaro ter descartado a vacina chinesa em seus tuítes, o Ministério não rompeu o trato para compra da coronavac, com valor previsto de R$ 1,9 bilhão.

Um outro ponto de discordância é sobre a obrigatoriedade da vacina. Doria afirma que a vacinação será obrigatória em São Paulo, Bolsonaro afirma que ela não será obrigatória em nível federal.

A vacina da Sinovac está na terceira e última fase de testagem. O governo federal também testa no Brasil a vacina da farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ela também está na última fase de testes, e deverá ser produzida no Brasil pela Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro.

O governo também deve adquirir a vacina produzida pela Covax Facility (Instrumento de Acesso Global de Vacinas Covid-19), um consórcio global que vem desenvolvendo 9 vacinas diferentes, a cujos resultados o Brasil terá acesso.

Em 18 de outubro, o Ministério da Saúde informou que pagou R$ 830,9 milhões referentes à adesão à Covax Facility. Ao todo, o governo anunciou a compra de 186 milhões de vacinas até o primeiro semestre de 2021.

Após os tuítes presidenciais, Doria afirmou, na noite de quarta, que os governadores pretendem esperar até ao menos sexta (23) para tomar alguma medida sobre a decisão do presidente. Ele teria o apoio de secretários estaduais de Saúde. Doria afirmou que é possível levar a questão ao Supremo Tribunal Federal.

Votação dos vetos

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RJ), afirmou que pautará todos os vetos presidenciais pendentes de análise na sessão do Congresso do dia 4 de novembro.

Entre eles, estarão os vetos à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos e a trechos do Novo Marco Legal do Saneamento.

“A votação da sessão do Congresso prevê a votação do veto da desoneração. Pretendo colocar todos os PLNs projetos de lei do Congresso Nacional pendentes na pauta e todos os vetos”, afirmou. “Espero que a gente consiga o número adequado tanto na Câmara como no Senado para iniciar a sessão do Congresso”, disse na noite desta quarta-feira, 21, ao deixar o plenário.

Radar corporativo

A petrolífera Enauta está aproveitando a desaceleração do setor para comprar campos em terra e na costa brasileira. A JBS aprovou a captação de R$ 2 bi em debêntures para compra de gado.

A assembleia da Eletrobras aprovou o aumento de capital da Eletronuclear em R$1,88 bilhão na quarta. O Credit Suisse iniciou nesta quinta cobertura da Vitru, com avaliação neutra (ganhos em linha com a média do mercado).

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
ITUB4 5.14076 25.77
PRIO3 4.92899 37.68
WEGE3 4.73214 82.11
BBDC4 4.60405 22.72
BBAS3 4.34109 33.65

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
COGN3 -2.57937 4.91
BRML3 -2.36869 9.48
BTOW3 -2.2995 87.1
B3SA3 -2.26599 56.07
LAME4 -2.10685 26.02

A Polícia Federal investiga um suposto esquema de fraude na Infraero envolvendo a licitação de áreas comerciais em Congonhas e Santos Dumont. Os alvos são agentes públicos ligados à Infraero e empresários. As fraudes podem ter chegado a R$ 10 milhões, entre 2016 e 2018. A Oleoplan, fabricante de biodiesel, pediu na quarta registro para realizar sua oferta pública inicial de ações.

(Com Bloomberg e Agência Estado)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.