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Ibovespa fecha em alta de 0,58% e encerra quarta semana seguida de ganhos; Dólar sobe e vai a R$ 4,99

Principal índice da Bolsa brasileira vem surfando com noticiário político e também com a publicação de dados macroeconômicos

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 0,58% nesta sexta-feira (19), aos 110.744 pontos, e acumulou um ganho de 2,10% na semana – a sua quarta consecutiva de ganhos. O principal índice da Bolsa vem se beneficiando de uma mudança das perspectivas para a economia brasileira.

“As melhores expectativas para a atividade econômica brasileira seguem como o principal driver para a sustentação da tendência positiva, visto que no cenário político não houve novidades sobre a tramitação do arcabouço fiscal”, fala Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

De certa forma, o mercado segue levemente otimista quanto ao noticiário político, isso por conta da aprovação da urgência na votação do arcabouço. Com 367 votos, a votação foi vista como uma demonstração de força do governo no assunto.

“O IBC-Br de março, apesar da queda marginal, ainda reforçou a dinâmica positiva da atividade econômica demonstrada pelos dados recentes, como varejo, serviços e mercado de trabalho”, complementa Nishimura. O índice, considerado uma “prévia do produto interno bruto (PIB)”, foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) mais cedo e trouxe uma queda de 0,15%. Depois da sua publicação, economistas revisaram para cima as expectativas para o PIB.

“Os papéis de construtoras lideraram os ganhos do Ibovespa, com destaque para MRV (MRVE3), também impulsionados pelas melhores perspectivas com o PIB. As ações das varejistas, além de serem beneficiadas pelo cenário econômico, também foram influenciadas pelo vencimento de opções, com o encerramento de posições short”.

As ações ordinárias da construtora mencionada ganharam 7,55%, seguidas das ações preferenciais da Raízen (RAIZ4), com mais 6,34%. Destaque também para as ordinárias de Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3), com mais 5,34% e 4,83%.

“Um setor todo que ganha destaque no dia de hoje, seguindo o movimento de alta forte de ontem, é o setor frigorífico. São puxadas pelos bons resultados que foram divulgados, e também pela queda no preço do boi gordo, do milho, e da soja, o que deve melhorar a margem operacional no futuro”, fala Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

A curva de juros brasileira fechou próxima da estabilidade. As taxas dos DIs para 2024 e 2025 perderam, respectivamente, 1,5 ponto e três pontos, a 13,30% e 11,67%. Os DIs para 2027 ganharam 1,5 ponto, a 11,30¨% e os para 2029 e 2031 ganharam ambos dois pontos, a 11,64% e 11,86%.

“O dólar comercial avança a R$ 4,99, com os investidores acompanhando um fortalecimento do dólar frente as outras moedas por conta da expectativa de novas altas de juros nos EUA por parte do Federal Reserve, o que aumenta a demanda pela moeda americana no mundo todo”, explica Alves.

A moeda americana fechou em alta de 0,56% frente ao real, a R$ 4,995 na compra e a R$ 4,996 na venda.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou hoje que as taxas de juros nos Estados Unidos podem não ter subido o suficiente para conter a inflação. Os treasuries yields para dois anos, com isso, ganharam dois pontos-base, a 4,274%, bem como os para dez anos, que foram a 3,67%. Na véspera, outros diretores do Fed já haviam dado entrevistas com tons mais duros.

“Mostra que o FED segue preocupado com a inflação, vendo como importante a vigilância sobre os juros, o que torna pouco provável um corte de juros ainda em 2023, reforçando sim a possibilidade de novas altas, caso seja necessário”, fala Alves.

Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,33%, 0,14% e 0,24%.

Além da questão do Fed, os índices americanos sentiram também a pressão dos impasses da discussão sobre o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos. Um negociador republicano disse que conversas foram paralisadas, o que aumenta a percepção de risco – o VIX, índice do medo, subiu 4,74%.

“Os principais destaques da semana, na minha visão, ficaram em torno da expectativa em volta dos dados americanos e das falas do Jerome Powell, que sinalizou um cenário de juros no patamar atual por mais tempo, com expectativa de alta se necessário, o que assustou o mercado”, diz Idean. “No Brasil, ficou a atenção para uma mudança do governo na meta de inflação”.