Ibovespa fecha em alta de 0,55% e tem terceira semana consecutiva de ganhos; Dólar cai a R$ 5,16

Bolsa brasileira foi impulsionada por performance de commodities e por queda da curva de juros na ponta longa

Vitor Azevedo

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

Publicidade

O Ibovespa fechou em alta de 0,55% nesta sexta-feira (5), aos 106.471 pontos, acumulando um avanço de 3,19% na semana. O índice hoje destoou da maioria dos benchmarks americanos, que fecharam em queda.

Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 0,16% e 0,50%. O Dow Jones, no entanto, conseguiu fechar no verde, subindo 0,21%.

“O dia foi de Bolsa voláteis e marcado pelo Payroll, que impactou os pregões e que foi o principal trigger [catalisador]”, aponta Caio Tonet, head de renda variável da W1 Capital. “A criação de empregos veio o dobro do que aquilo que era esperado, mostrando que a economia está forte nos EUA, o que traz um pouco de preocupação, pois pode fazer perdurar a inflação”, pontua.

Continua depois da publicidade

Em julho, foram criadas 528 mil vagas de empregos não agrícolas foram criadas, segundo o Payroll, ante projeção de 250 mil do consenso.

“Há a queda dos ativos de risco porque os investidores interpretam que o Fed pode continuar agressivo quanto ao aumento da taxa de juros americana”, explica Heitor Martins, especialista de renda variável da Nexgen Capital.

Segundo os especialistas, a publicação do Payroll impulsionou a curva de juros nos EUA – os treasuries com vencimento em dez anos viras suas taxas subirem 15,8 pontos-base, para 2,834%, o para dois anos foi a 3,283%, com alta de 13,8 pontos.

Continua depois da publicidade

A curva de juros no Brasil, na ponta curta, acabou avançando na esteira daquilo visto nos Estados Unidos. Os DIs para 2023 tiveram suas taxas avançando três pontos, para 13,77%, e os para 2025 viram as suas avançando um ponto, para 12,10%. Na ponta longa, no entanto, os contratos brasileiros caíram, com o DI para 2027 com seu yield recuando sete pontos, para 12%, bem como o para 2029, que foi a 12,23%.

“A curva de juros brasileira teve um descolamento razoável do movimento lá de fora, impulsionado pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), com o mercado ganhando a visibilidade de que estamos no fim ou ao menos perto do fim ciclo de alta de juros”, pontua Dan Kawa, gestor da TAG Investimentos.

Tonet, contudo, aponta que a alta de parte da curva nesta sexta foi responsável pela queda das companhias ligadas ao consumo – que tinham registrado um bom desempenho nos últimos pregões.

Continua depois da publicidade

A maior queda do Ibovespa ficou para as ações preferenciais da Alpargatas (ALPA4), com menos 13,54%, após a companhia divulgar seu balanço trimestral. Logo atrás vieram as ordinárias da Americanas (AMER3) e da Magazine Luiza (MGLU3), que caíram 7,82% e 5,39%, respectivamente.

Do outro lado, a forte atividade econômica americana ajudou a impulsionar o preço das commodities, que fecharam com leve alta. O barril de petróleo Brent avançou 0,23%, a US$ 94,34. A tonelada do minério de ferro na bolsa de Dalian subiu 2,55%, a US$ 107,12.

“O minério se recupera da queda dos últimos dias, com diminuição de temores em relação da demanda na China”, complementa Martins.

Continua depois da publicidade

PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3) figuraram entre as maiores altas do Ibovespa, subindo, na sequência, 3,08% e 2,82%. CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) avançaram 2,67% e 2,07%.

As commodities, junto com o recuo das taxas de juros na ponta longa, ajudaram o real se fortalecer frente à moeda americana. O dólar comercial caiu 1,03%, a R$ 5,166 na compra e a R$ 5,167 na venda, mesmo com o DXY, índice que mede a força da moeda americana frente a outras divisas, subindo 0,82%.

“Por mais que a taxa de juros ainda esteja alta, a visibilidade de que o juros irá parar de subir pode trazer fluxo, com investidores se posicionando para surfar o fim do ciclo e a eventual alta da Bolsa e do Ibovespa”, explica Dan Kawa.

Continua depois da publicidade

Ainda não investe no exterior? Estrategista da XP dá aula gratuita sobre como virar sócio das maiores empresas do mundo, direto do seu celular – e sem falar inglês