Banco Central deve elevar Selic a 13,75% na quarta, mas vai sinalizar fim do ciclo de alta dos juros?

Copom deve deixar a porta aberta para nova alta, mas analistas divergem sobre qual deveria ser o ritmo de aperto; Credit espera dois novos aumentos

Equipe InfoMoney

Edifício Sede Caixa Econômica Federal e Banco Central em Brasília

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A primeira sessão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, com a análise de conjuntura, começou nesta terça-feira (2), estendendo-se pela tarde de hoje e pela manhã de quarta-feira (3).

Amanhã à tarde, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os oito diretores da instituição têm mais uma rodada de discussões antes de indicarem o novo patamar da Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 13,25% ao ano.

A expectativa majoritária do mercado financeiro é de alta de 0,50 ponto porcentual dos juros básicos, para 13,75% ao ano, conforme 49 das 51 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast. Uma casa espera aumento de 0,25 ponto, a 13,50%, enquanto uma projeta a manutenção do patamar atual da Selic. O consenso Refinitiv com 34 instituições também projeta alta de 0,5 ponto nos juros.

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A aposta quase unânime na elevação da taxa a 13,75% segue sinalização dada pelo Copom no último encontro, em junho. “Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude”, disse no comunicado da decisão passada, quando elevou os juros também em 0,5 ponto.

Caso esse aumento seja confirmado, os juros básicos atingirão o mesmo patamar de janeiro de 2017. Será a 12ª alta consecutiva neste ciclo de aperto monetário, que já é o mais longo da história do Copom.

Desde o primeiro movimento, em março de 2021, a taxa já subiu de 11,75 pontos porcentuais, o maior choque de juros desde 1999, quando, durante a crise cambial, o BC elevou a Selic em 20 pontos porcentuais de uma vez só.

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Em junho, o BC ainda indicou que mirava numa inflação mais próxima do centro da meta de 2023 (3,25%) do que sua projeção de 4,00%.

Isso leva uma corrente crescente de economistas a crer que a autoridade monetária não deve ser capaz – mais uma vez – de encerrar o ciclo de alta dos juros na quarta, já que as expectativas para o IPCA do ano que vem não param de se afastar do teto da meta (4,75%), com 5,33% no Boletim Focus. Neste encontro, a inflação de 2024, para qual o BC projeta 2,7% (aquém da meta de 3,0%), entra no horizonte relevante, mas com menor peso do que 2023.

A XP aponta que, com as pressões inflacionárias globais começando a diminuir, acredita que o Copom pode finalmente fazer a pausa que vem sinalizando há algum tempo.

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“Em nosso cenário básico, o Copom eleva a Selic em 0,50 ponto percentual esta semana e a mantém a taxa Selic em 13,75% até meados do ano que vem. Reconhecemos, porém, que o Comitê pode optar por ir um pouco mais longe, para garantir que o IPCA recue adiante”, avalia.

Em circunstâncias normais, destaca a equipe de análise econômica, o Copom deve encontrar espaço para a flexibilizar a política monetária no ano que vem. “No entanto, não estamos em circunstâncias normais. (…) Quase não há clareza sobre qual será o arcabouço fiscal a partir de 2023. Uma mudança mais profunda e permanente na política fiscal, que torne ainda mais nebulosas as perspectivas de sustentabilidade da dívida, pode alterar completamente os parâmetros da política monetária nos próximos anos. Este parece ser o principal risco para a inflação no horizonte relevante de política monetária”, avalia a equipe.

O Itaú, que também espera alta de 0,5 ponto na Selic na reunião de quarta, também projeta o cenário mais provável de encerramento do ciclo de aperto monetário, mas deixando a porta aberta para uma eventual alta final na reunião de setembro, em caso de deterioração adicional do cenário de inflação ou das expectativas de mercado.

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“Adicionalmente, acreditamos que a autoridade monetária deve qualificar que uma eventual alta adicional seria implementada em menor ritmo (0,25 ponto)”, avaliam os economistas do banco.

Eles destacam que as incertezas para as projeções de inflação, sobretudo de curto prazo, estão maiores que o usual, em meio a medidas recentemente adotadas de redução de impostos. “Neste sentido, será especialmente importante acompanhar a evolução das expectativas de inflação até a decisão do Copom, uma vez que, neste estágio do ciclo, uma nova piora substantiva nas projeções para o horizonte relevante de política monetária pode levar o comitê a sinalizar esta alta adicional para setembro”, aponta.

O Morgan Stanley, que também acredita em um fim de ciclo de alta na próxima reunião, mas deixando a porta aberta para uma alta em setembro, destaca as revisões para cima da inflação nos próximos dois anos como um fator para a extensão do aperto.

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“Apesar do alívio de curto prazo na inflação das medidas fiscais aprovadas no Congresso, estamos enfrentando um impacto altista nas expectativas de inflação de longo prazo para os próximos dois anos (2023 e 2024), com o próximo ano já acima da banda superior da meta (de 4,75%). No entanto, acreditamos que o BC queira avaliar melhor o impacto do aperto que já foi feito, dada a defasagem entre a política monetária e seu efeito total na economia, em um contexto em que as pressões inflacionárias permanecem em boa parte relacionadas a aspectos globais”, avalia o Morgan.

Já para o Credit Suisse, o BC aumentará as taxas de juros em 50 pontos-base em agosto e não interromperá o ciclo de aperto monetário, aumentando as taxas de juros mais duas vezes em 25 pontos-base cada.

“Em nossa opinião, interromper o ciclo de aperto em agosto seria altamente arriscado, dado que (i) as expectativas de inflação estão significativamente desancoradas, o que poderia comprometer a credibilidade da política monetária e aumentaria o custo de redução da inflação, e (ii) bancos centrais em torno do mundo estão tentando reafirmar sua credibilidade e compromisso com o objetivo de manter a inflação baixa, o que aumenta o risco de uma taxa de câmbio doméstica ainda mais depreciada”, avaliam os economistas do banco.

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(com Estadão Conteúdo)

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