Ibovespa engata alta puxado por blue chips e deixa para trás descolamento em relação a ADRs

Mercado passa a apresentar ganhos em dia de forte volatilidade por conta do vencimento de opções sobre o índice

Ricardo Bomfim

Painel de cotações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa engata alta nesta quarta-feira (17) puxado por blue chips na volta do Carnaval em um dia de sessão mais curta com as atenções dos investidores voltadas à discussão de um novo auxílio emergencial. Vale lembrar que a volatilidade deste pregão está ligada ao vencimento de opções sobre o Ibovespa.

Uma fonte do governo teria informado à Reuters que a expectativa é para a criação de um novo benefício que seria de R$ 250 e duraria até quatro meses. A contrapartida para o início do programa seria o encaminhamento no Congresso de votações de reformas que reduzam a pressão dos gastos no Orçamento do País no longo prazo como as Propostas de Emendas à Constituição (PEC) Emergencial e do Pacto Federativo e a Reforma Administrativa.

Ainda na política, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), grande aliado do bolsonarismo, teve sua prisão determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A decisão foi tomada por conta de um vídeo em que Silveira ofende ministros da Corte, defende o fechamento do STF e elogia o AI-5, medida que endureceu a ditadura militar em 1968, caçando direitos políticos, institucionalizando a tortura e suspendendo o habeas corpus.

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O desempenho da Bolsa hoje, que antes ia na contramão do movimento dos ADRs (na prática, as ações de empresas brasileiras negociadas na bolsa de Nova York) na véspera, agora passa a seguir o que ocorreu com esses ativos no dia anterior. O índice Dow Jones Brazil Titans, principal benchmark desses papéis, registrou uma valorização de 1,46% no dia anterior, apesar de hoje operar em leve baixa.

Lá fora, as bolsas americanas caem em meio a preocupações com um possível repique inflacionário causado pelos preços do petróleo e pela retomada no consumo das famílias. Os investidores também repercutem a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

No documento, os integrantes do Federal Reserve escrevem que a economia dos EUA ainda longe do nível que precisa atingir, em uma sinalização de que os juros devem se manter no patamar atual, próximos de zero, por um longo período.

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Os membros do Fed notaram ainda que uma demanda mais fraca e declínios anteriores nos preços do petróleo “seguram” a inflação ao consumidor nos EUA.

Com os estímulos fiscais previstos pelo governo Biden, é esperada uma redução no desemprego e uma retomada nas atividades. Como consequência, os dirigentes afirmaram que a inflação nos EUA deve atingir a meta do Fed, de pouco mais de 2% no médio prazo, e ultrapassar moderadamente este nível nos anos seguintes a 2023.

Às 17h24 (horário de Brasília), o Ibovespa tem alta de 0,87%, a 120.472 pontos.

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Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,76% a R$ 5,4142 na compra e a R$ 5,4152 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em março tem alta de 0,89%, a R$ 5,421.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu quatro pontos-base a 3,39%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de oito pontos-base a 5,03%, o DI para janeiro de 2025 avançou sete pontos-base a 6,65% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de seis pontos-base a 7,26%.

Ontem, os juros dos treasuries (os títulos do Tesouro dos EUA) subiram nove pontos-base a 1,3%, maior valor desde fevereiro do ano passado, o que pode diminuir a atratividade do mercado acionário, visto que esses títulos são considerados os ativos mais seguros do mundo.

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As vendas no varejo nos EUA cresceram 5,3% em janeiro, bem acima da mediana das projeções dos economistas consultados pelo Wall Street Journal, que apontavam para uma expansão de 1,2%. Se por um lado essa melhora é um bom sinal para a saúde da maior economia do mundo, por outro traz temores de que as expectativas para a inflação sejam elevadas devido ao aumento do consumo das famílias.

O avanço nas cotações do petróleo também traz preocupações inflacionárias, pois encarece os combustíveis. O Barril do petróleo tipo Brent sobe mais uma vez hoje aos US$ 63,41, embora o WTI tenha uma correção depois do rali recente e recue 0,42% a US$ 59,80 cada barril.

Na política, parlamentares democratas americanos pretendem aprovar o pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão em resposta à pandemia de Covid antes do final de fevereiro.

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Investidores também acompanham o desempenho das criptomoedas nesta quarta, após o Bitcoin superar a marca dos US$ 50 mil pela primeira vez na terça (17), dando continuidade à sua valorização para níveis recordes.

Na terça, foram divulgados dados indicando inflação de 0,7% no Reino Unido em termos anuais, acima do esperado. O índice é impulsionado por preços dos alimentos mais altos e menos descontos de artigos domésticos.

A meta do Reino Unido para o ano é de atingir inflação de 2%, e deve ser pressionada à medida que consumidores começam a gastar economias de 125 bilhões de libras esterlinas adicionais, feitas pelos britânicos durante os lockdowns, que limitaram a capacidade da população de gastar.

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As ações na Ásia fecharam em baixa na quarta, seguindo a queda nos mercados americanos no overnight. Investidores acompanham os dados sobre a alta recente de juros de títulos do Tesouro americano. As bolsas continuaram fechadas na China continental como parte do feriado do Ano Novo Lunar.

Relatório Focus

Em meio ao aumento dos preços, o mercado financeiro revisou para cima as projeções para a Selic e agora vê a taxa básica de juros encerrando 2021 a 3,75% ao ano, acima dos 3,50% estimados na semana passada. Os dados constam no relatório Focus, divulgado pelo Banco Central excepcionalmente nesta quarta-feira (17), por conta do feriado de carnaval.

Segundo o boletim, ainda é esperada, contudo, uma manutenção dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em março. Já até dezembro de 2022, a expectativa dos especialistas é que a Selic suba para 5,00%, sem alterações em relação ao levantamento anterior.

Os economistas consultados pelo BC elevaram ainda as projeções para a inflação este ano, pela sexta semana consecutiva, desta vez, de 3,60% para 3,62%. Já para o próximo ano, a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se manteve em 3,49%.

No que tange às expectativas para o desempenho da economia brasileira, estas tiveram uma piora nesta semana, com o mercado estimando expansão de 3,43% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, ante projeção anterior de crescimento de 3,47% da atividade. Em 2022, é esperada uma expansão de 2,50% do PIB, a mesma do último boletim.

Por fim, no câmbio, o mercado vê o dólar encerrando dezembro negociado a R$ 5,01, com a moeda americana negociada a R$ 5,00 ao fim de 2022, sem mudanças ante o levantamento anterior.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.