Ibovespa cai 2,6%, dólar zera perdas recentes e juros disparam com incertezas sobre Bolsa Família na PEC da Transição

Saiba o que movimentou os mercados nesta quarta-feira (16)

Mitchel Diniz

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O Ibovespa voltou do feriado amargando perdas expressivas, novamente influenciado pelo noticiário político. O mercado fechou sem a aguardada entrega da PEC da Transição ao Senado, o que deve ocorrer só agora à noite, junto com uma coletiva de imprensa.

Durante o pregão, investidores trabalharam com a informação veiculada por veículos como EstadãoValor de que o Bolsa Família será retirado em definitivo do teto de gastos, tornando-se assim, uma despesa excepcional para o governo. Porém, sem uma confirmação oficial, o mercado lidou com aquilo do que menos gosta: incerteza.

“Quem conseguia fazer conta sabia que, independentemente de quem ganhasse, teria que haver um ajuste fiscal para colocar as promessas de campanha que foram feitas. Era comum aos dois candidatos [Lula e Jair Bolsonaro] a promessa do Auxílio Brasil de R$ 600 e o ajuste do salario mínimo. Isso não estava dentro do orçamento e naturalmente teria que furar o teto de alguma forma – o que se julga agora é como isso vai ser feito”, explica Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria.

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Reuters também apurou que a presença de Fernando Haddad na COP-27, junto com o presidente eleito, reforçou as apostas de que o ex-candidato governo de São Paulo nas eleições de outubro seja o ministro da Fazenda de Lula.

Para complicar, o externo também não ajudou, com as Bolsas no vermelho na Europa e em Wall Street, ainda que em intensidade muito menor do que no Brasil.

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Com essa combinação negativa, o Ibovespa fechou esta quarta-feira (16) em queda de 2,58%, aos 110.243 pontos. O giro financeiro do dia foi de R$ 35,8 bilhões.

Apenas uma pequena parte da carteira fechou o dia em alta. Embraer (EMBR3) foi um caso à parte e subiu quase 10%, recuperando o tombo que levou na última segunda-feira após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre.

“As ações da Embraer foram impulsionadas após a aprovação de um financiamento de R$ 2,2 bilhões divulgado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Sustentável (BNDES), destinado a exportação de aviões”, explicou Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS

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Entre as maiores perdas, ações de consumo e do setor imobiliário voltaram a apanhar com a disparada dos juros futuros, que subiram entre 30 e 50 pontos base nos contratos de maior liquidez.

“Uma trajetória fiscal ruim demanda taxa de juros altas por um longo periodo. Tanto o setor de consumo quanto o imobiliário são mais sensíveis a essa variável e foram bastante pressionados hoje”, observa Espinhel.

Americanas (AMER3) fechou em baixa de 9,81% e Magazine Luiza (MGLU3) caiu 8,01%, entrando na lista das cinco maiores baixas do dia do índice.

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“As ações devem continuar baratas por um tempo, até que exista clareza de que como vai ser conduzida a parte econômica e fiscal do governo”, afirma Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos.

“Existem tem muitas oportunidades, mas com incerteza no macro, o mercado vai precisar de previsibilidade do governo para destravar valor para as ações”, complementou.

O sentimento de aversão ao risco fez o dólar praticamente apagar as perdas registradas nas duas sessões anteriores. Hoje o dólar comercial fechou em alta de 1,54%, a R$ 5,381 na compra e R$ 5,382 na venda.

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As Bolsas em Nova York foram pressionadas para baixo após dados decepcionantes de vendas da varejista Target, às vésperas das datas mais movimentadas para o comércio nos Estados Unidos. O dado foi interpretado como reflexo da inflação elevada sobre o poder de compra dosconsumidores.

O Dow Jones caiu 0,11%. aos 33.556 pontos; o S&P 500 recuou 0,82%, aos 3.959 pontos; e a Nasdaq fechou em baixa de 1,54%, aos 11.183 pontos.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados