GPA (PCAR3) fecha em queda de 4,80% após dois dias de disparada: o que aconteceu com a ação?

Analistas de mercado ressaltam cobertura de posição vendida após notícia de que empresa não teria pressa para follow-on

Lara Rizério

(Divulgação)
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As ações do GPA (PCAR3) ganharam o foco dos investidores nas últimas sessões. Os ativos PCAR3 chegaram a avançar mais de 10% na sessão desta terça-feira (16) após uma alta de 22,55% na véspera e de 11,17% na sexta-feira (12). Na máxima do dia, os papéis saltaram até 11,20% (R$ 5,56), mas depois perderam força, fechando em baixa de 4,80%, a R$ 4,76, em um movimento visto como natural após um salto tão repentino nas duas sessões anteriores e também com o dia de alta dos juros futuros, que afeta os papéis de varejo.

Mas o que ocorreu com os ativos? Enquanto as primeiras especulações eram de que a disparada das sessões de sexta e segunda teria ocorrido com os investidores à espera da oferta de ações proposta em dezembro por conta do ânimo com a injeção de capital, avaliações posteriores destacaram que justamente notícias sobre a falta de pressa da companhia para o follow-on propiciaram a disparada.

A pressão sobre o papel, originada pela proposta de aumento de capital de R$ 1 bilhão anunciada em 10 de dezembro, diminuiu à medida que informações indicaram que a empresa pode demorar mais em executar a operação, avalia a equipe de análise da Genial Investimentos.

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“Vale lembrar que PCAR3 é uma das ações mais shorteadas [com posição vendida] do Ibovespa (23,6% do free float), motivo pelo qual entendemos que a ação pode ter sido impulsionada por uma grande cobertura da posição short”, ressaltam os analistas da casa.

Segundo fonte do jornal Valor Econômico, o GPA pode adiar a oferta pública primária de ações. A avaliação é que a companhia não está muito confortável com a volatilidade recente do preço do papel e a dinâmica de investidores na posição “short” no mercado, com a ação sendo muito operada pelos investidores. “Temos demanda mapeada, mas vamos decidir [se a oferta avança] até o fim da semana”, aponta a fonte.

O GPA pode ainda esperar que ocorra uma mudança no controle do grupo francês Casino antes de retomar a oferta subsequente. A empresa teria caixa suficiente para os próximos meses. O Casino detém participação de 40,9% no GPA e dada a potencial diluição de 50% devido à oferta subsequente, o acionista controlador teria cerca de 20% de participação.

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A empresa gostaria de aguardar a publicação dos resultados do 4T23, que devem confirmar a melhoria operacional do negócio principal.

O Bradesco BBI ressalta que o grupo francês Casino está em fase final de entrega do controle ao empresário tcheco Daniel Kretinsky. Kretinsky já manifestou interesse em vender os ativos do grupo na América Latina, como sua participação no GPA.

“Em nossa opinião, o GPA está passando por uma recuperação operacional lenta e constante, com operações comprovadamente melhores em seu negócio principal, supermercados e formatos de proximidade, mas ainda há um grande problema de dívida a ser resolvido. Como a empresa não possui problema de liquidez de curto prazo, o interesse da empresa é buscar o momento mais adequado para prosseguir com a oferta, a fim de maximizar os recursos e obter as melhores condições para os acionistas minoritários”, avalia o BBI.

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Em relatório, o Morgan Stanley destacou que a recomendação segue equalweight (equivalente à neutra) em GPA, destacando os esforços para simplificação da estrutura, mas com um fluxo de receita líquida pressionado.

A XP também tem visão cautelosa para as ações PCAR3, lembrando que é uma companhia que passa por um momento de restruturação operacional, ao mesmo tempo que a estrutura de capital não está confortável. “É uma ação que a gente tem uma cabeça mais cautelosa, e apesar desse momento de alta, não vemos nada que mude para a tese de investimentos nessa empresa. Mantemos nossa recomendação neutra e preço-alvo de R$ 5 por ação,”, aponta o analista da casa, Gustavo Senday.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.