Gol (GOLL4): oferta vai crescer menos por causa de viagens corporativas mais fracas e restrições de fornecedores, diz CEO

A companhia ainda espera um segundo semestre mais forte que o primeiro, mas com crescimento menor que o previsto inicialmente

Mitchel Diniz

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Junto com os resultados do segundo trimestre de 2023, a Gol (GOLL4) apresentou estimativas para o ano cheio em que reduziu projeções de oferta de assentos e receita por passageiro. A companhia já vinha diminuindo sua capacidade no primeiro semestre e, ainda que a segunda metade do ano costume ser mais forte que a primeira, o guidance foi revisado para alcançar o equilíbrio correto entre oferta e demanda, segundo os executivos.

“Ainda que façamos isso, estamos crescendo no segundo trimestre em relação ao primeiro, pois a segundo metade do ano no Brasil é geralmente mais forte que a primeira e isso é o que estamos vendo até agora em julho e nas vendas futuras”, afirmou Celso Ferrer, CEO da Gol, em teleconferência sobre o resultado da companhia.

Ferrer explica que a demanda por viagens corporativas, que costumam ter um papel importante em períodos de baixa sazonalidade como o segundo trimestre, ficou abaixo da expectativa. “Maio e junho foram meses em que essa demanda veio de uma maneira muito mais tímida do que a gente imaginava”. Assim, a Gol passou a assumir que o ritmo de crescimento desse segmento vai ser diferente do previsto inicialmente.

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“A boa notícia é que vai haver crescimento, porém em um ritmo mais lento do que tínhamos assumido e, portanto, isso traz cautela”, diz Ferrer. O executivo diz que a Gol tem uma visão mais positiva do segundo semestre em relação ao cenário político e econômico, com o mercado prevendo mais estabilidade, e isso deve acelerar a demanda corporativa.

Celso Ferrer, presidente da Gol (Foto: Divulgação)

Ainda segundo o executivo, esse sentimento é reforçado por restrições na cadeira de fornecedores, sejam os atrasos na entrega de aeronaves ou nos serviços de manutenção das operações.

“Ajustamos [a capacidade] justamente para encontrar o ponto ótimo dessa visão de mercado”, afirma o executivo. Ferrer acredita que a concorrência também deve fazer ajustes de capacidade para manter resultados sustentáveis por mais tempo. “No geral, o comportamento do setor é de racionalidade, com visão de médio e longo prazo sustentável para o setor”.

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Queda nos custos não implica em tarifa mais baixa

No segundo trimestre, o custo por assento (CASK) da Gol sofreu uma queda anual de 8,4% e esse desempenho é atribuído à queda do dólar e no preço dos combustíveis. Mas Ferrer avalia que o ambiente continua volátil para essas duas variáveis tão caras aos resultados das empresas aéreas.

“O combustível flutuou, obviamente ele baixou, mas continua sendo um dos mais caros do mundo, é 49% mais alto do que o combustível que uma companhia aérea tem acesso, por exemplo, nos Estados Unidos e é mais caro do que todos os países aqui da região”, afirma Ferrer.

O CEO afirma que a Gol tenta manter um modelo de precificação com tarifas “bem baixas” e isso se reflete na quantidade de promoções que a companhia tem feito. “A gente tem expandido tarifas promocionais e isso tem até refletido nos índices de inflação recentemente, mas tudo é feito com cautela porque tem essa montanha-russa [dos preços] e o delay do câmbio e do combustível nas tarifas”.

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O executivo acredita que a exposição do setor a essas variáveis faz com que os investidores ainda prefiram se posicionar em outras companhias da América Latina. Ainda que a Gol tenha batido as expectativas de resultado do segundo trimestre, analistas afirmam se manter cautelosos com a empresa e não escondem preferência por outros players da região, como a chilena Latam e a panamenha Copa Airlines.

“As vezes países que estão com as tarifas mais ‘dolarizadas’ tendem a ter mais estabilidade do ponto de vista de receita”, diz Ferrer. Segundo ele, o dólar precisa mostrar consistência de que está em um novo patamar para trazer segurança à companhia e seus stakeholders. 

Retomada de ofertas internacionais

Os executivos da Gol destacaram a forte retomada de oferta de voos internacionais pela companhia no segundo trimestre, com um crescimento de 73% em bases anuais. O foco está na rota Guarulhos (SP) – América do Sul e Brasília-Flórida.

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“Isso demonstra um potencial que a companhia vem explorando em iniciativas de diversificação de receitas”, afirmou Ferri. Na teleconferência dos resultados, a administração da Gol explicou que está trabalhando com o seu controlador, o Abra Group, que também controla a Avianca Colômbia na sua expansão pela América do Sul.

“A maior parte do crescimento vai vir da integração com a rede da Avianca. Não existe redundância hoje”, afirma Ferrer. “Estamos integrando mais clientes à base, mas também otimizando a frota”, afirma Ferrer.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados