Exagero na reação ao corte do “Minha Casa, Minha Vida” deixa imobiliárias atrativas

Para Votorantim Corretora, queda das ações do setor nos últimos pregões não condiz com impactos do corte do programa do governo

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SÃO PAULO – Após o anúncio do corte no orçamento do programa de habitação “Minha Casa, Minha Vida”, as ações do setor imobiliário caíram forte na segunda-feira e estenderam o mau momento para o pregão de terça-feira. A equipe de análise da Votorantim Corretora viu exagero na reação do mercado foi exagerada e acredita que o momento configura-se como uma boa oportunidade de entrada nos papéis setor.

Marcos Pereira, João Arruda e Daniel Fonseca, analistas da corretora, avaliam que o anúncio deve ser encarado mais como uma realocação de recursos do que como um corte propriamente dito, em um leitura preliminar. Isso porque o montanto destinado ao programa, de R$ 7,6 bilhões, representa um aumento em relação ao que foi investido nos dois anos anteriores mesmo com o corte anunciado no começo da semana. 

A corretora acredita também que as empresas listadas em bolsa devem ser pouco afetadas, uma vez que o foco desse corte está nos subsídios concedidos pelo governo aos cidadãos com faixa de renda de até 3 salários mínimos, justamente o segmento com menor exposição por parte de construtoras como Cyrela (CYRE3), MRV (MRVE3), PDG (PDGR3), Rossi (RSID3), Rodobens (RDNI3) e Gafisa (GFSA3).

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Visão positiva no longo prazo
Com o anúncio feito pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, na última segunda-feira (28) as ações do setor imobiliário despencaram. Dentre todos os 14 papéis que compõem o IMOB (Índice do setor imobiliário da BM&F Bovespa), 8 fecharam o pregão em baixa. As desvalorizações mais expressivas ficaram com MRV (-5,30%), Cyrela (-2,65%) e Even (EVEN3-2,60%). O IMOB, por sua vez, caiu 1,14%. Nesta terça-feira o mercado continuou a penalizar estas ações, com Cyrela (CYRE3, -4,77%) e Rossi (RSID3, -4,65%) encabeçando as perdas do Ibovespa.

Para os analistas da Votorantim, o fraco desempenho dessas ações está pautado em questões mais profundas, como as incertezas macroeconômicas, o aumento das expectativas futuras de inflação e uma elevação de juros na economia, o que reduziria a atratividade do setor. Porém, a visão é positiva  em um cenário mais amplo. 

“Reafirmamos nossa visão positiva para a demanda neste ano, uma vez que acreditamos não ter ocorrido alteração no racional do consumidor e as alterações de Selic e inflação não devem ter impacto significante”, concluíram.

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O corte
Pela LOA (Lei Orçamentária Anual) aprovada pelo Congresso Nacional, o orçamento para o programa, que era de R$ 12,7 bilhões, foi reduzido em R$ 5,1 bilhões. Ainda assim, ele está R$ 1 bilhão superior ao de 2010.

De acordo com o que foi anunciado pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o corte é justificado pelo fato de a segunda fase do programa estar prevista apenas para abril.

Recomendações
A recomendação da Votorantim Corretora para as ações de Cyrela, PDG, Rossi e Gafisa é de compra.

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O preço-alvo estipulado para os papéis da Cyrela é de R$ 28,00, o que representa um potencial de valorização de 77,7% com base no último fechamento. Para a Gafisa os analistas calcularam um preço-alvo de R$ 19,00, upside 91,9% frente a última cotação de fechamento.

Para PDG e Rossi os preços-alvo são R$ 15,00 e R$ 17,50, representando valorizações potenciais de 68,5% e 42,3%. 

MRV e Rodobens estão com recomendação e preço-alvo em revisão pela corretora.