Ethereum tem risco de contraparte similar ao da FTX, diz veterano Jimmy Song

Um dos maiores expoentes de Bitcoin no mundo, Song criticou moeda rival e compara Vitalik Buterin, do Ethereum, com Sam Bankman-Fried, da FTX

Paulo Barros

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O colapso da FTX que abalou o mercado cripto neste fim de 2022 pode se repetir com o Ethereum (ETH) e, assim, causar um estrago ainda maior. A projeção apocalíptica é do norte-americano Jimmy Song, desenvolvedor, escritor e um dos maiores especialistas em Bitcoin no mundo.

Considerado um maximalista de Bitcoin, termo que define alguém que acredita que esta é a única criptomoeda relevante no mundo, Song defende que os investidores de Ethereum estão submetidos a riscos de contraparte similares aos de usuários da FTX, exchange que faliu em novembro.

“Eles tinham seu próprio token, o FTT. Então mesmo que você tivesse suas próprias chaves do FTT, ainda assim perdeu uma quantidade tremenda de dinheiro porque, em certo sentido, você foi exposto ao risco de uma contraparte, no caso, o Sam Bankman-Fried”, conta Song em entrevista exclusiva concedida ao Cripto+ (assista à íntegra no player acima).

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“O Ethereum é centralizado e, por conta da centralização, você deve confiar nas pessoas responsáveis. O que estou dizendo é que eles podem não ser uma exchange, mas você ainda tem esse risco de contraparte que é endêmico”, explica o especialista.

Song criticou o principal nome por trás do Ethereum, o russo-canadense Vitalik Buterin, a quem atribui a pecha de manda-chuva do projeto. Embora não faça acusações diretas a Buterin, Song explica que nada impediria de ele e os desenvolvedores implementarem mudanças que, no final das contas, prejudique os investidores.

“Uma das lições do caso FTX é que você precisa possuir suas chaves (de criptomoedas)”, aponta, Song, em referência ao movimento entre investidores de criptomoedas que sacaram ativos de corretoras e aprenderam a fazer a auto-custódia – algo que, na visão do especialista em Bitcoin, não impediria que o Ethereum tenha o mesmo fim da FTX.

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“Na rede Ethereum, mesmo que você tenha as suas chaves, ainda está, de muitas maneiras, confiando no Vitalik em fazer as coisas certas. Ele pode ferrar você se ele quiser”.

Song dá como exemplo o caso de um hack perpetrado contra o Ethereum em 2016. Na época, para contornar o ataque, os desenvolvedores manipularam a rede para que os saldos de usuários não fossem afetados – mais tarde, o reset gerou o nascimento da Ethereum Classic (ETC).

Apesar de a providência ter sido adotada para salvaguardar os ativos de usuários, Song aponta que o poder que os desenvolvedores do Ethereum têm nas mãos poderia ser usado para prejudicar investidores – por exemplo, aumentando a emissão de ETH em dado momento, desvalorizando os ativos.

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“O Bitcoin é o único realmente auto-soberano. Você não tem risco de contraparte como FTX ou o Vitalik, ou qualquer outro”, pontua Song.

Para ele, a identidade desconhecida de Satoshi Nakamoto, criador do Bitcoin, não confere à criptomoeda o mesmo sistema baseado em confiança.

“É diferente porque, em primeiro lugar, o Satoshi não está por perto. E em segundo, porque você pode olhar o código e rodar um node (computador que verifica dados da rede) você mesmo. Se você me der 0,1 BTC eu posso verificar usando meu próprio node”.

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Na entrevista ao Cripto+, Song também falou sobre a regulação de criptoativos que deve acelerar no mundo como consequência da falência da FTX, como espera que seja o impacto no Bitcoin, e o que espera da moeda digital em 2023 diante da ameaça das moedas digitais de bancos centrais.

Paulo Barros

Editor de Investimentos