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As expectativas de corte de juros nos Estados Unidos na quarta-feira, 17 – e a visão por parte do mercado de um possível corte ainda em 2025 no Brasil – estimularam a alta do Ibovespa na segunda-feira (15), com o índice atingindo novos recordes.
O benchmark da bolsa brasileira subiu 0,90%, aos 143.547 pontos, atingindo nova máxima histórica de fechamento ao superar os 143.150 pontos de fechamento de 11 de setembro. Na máxima do dia, atingiu os 144.194 pontos, também recorde intradiário.
Além disso, a elevação do petróleo e da maioria das bolsas internacionais também ampararam o cenário positivo.
À espera da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), os indicadores de ações do ocidente avançaram, enquanto os rendimentos dos Treasuries caem e atingiram os juros futuros brasileiros, que ainda refletiram o recuo de 0,53% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de julho – mais intenso que o da mediana das estimativas, de -0,30%.
O resultado do IBC-Br não tende a influenciar as apostas para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira, mas pode mexer nas estimativas para o ciclo de baixa, quem sabe ainda em 2025. Ao mesmo tempo, houve alívio em algumas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no relatório Focus divulgado hoje pelo BC.
A mediana para a inflação suavizada nos próximos 12 meses passou de 4,45% para 4,43%. Para 2025, caiu de 4,85% para 4,83%, ainda acima do teto da meta (4,50%). Já a estimativa para a inflação de 2027 passou de 3,93% para 3,90%. “Pela primeira vez, vimos a projeção da Selic caindo para 2026 – de 12,50% para 12,38% ao ano – e IPCA caindo em 2027, que ‘o horizonte relevante de política monetária, em semana de Super Quarta”, diz Bruna Sene, analista de renda variável da Rico. Para 2025, a projeção para a Selic seguiu em 15% ao ano, estimativa também esperada para a decisão do Copom na quarta-feira.
“Petróleo e bolsas nos Estados Unidos e na Europa em alta são fatores positivos ao Ibovespa”, pontua Bruna Sene. “Ainda do lado positivo, o recuo mais forte do IBC-Br acende uma luz quanto ao início de queda da Selic, que pode ser ainda em 2025”, acrescenta a analista da Rico.
“Os riscos aumentaram na direção de um corte antecipado ainda em 2025, o que pode ocorrer caso se verifique uma valorização ainda mais expressiva da taxa de câmbio ou uma desaceleração mais acentuada da atividade”, afirmaram também os economistas do Itaú Unibanco chefiados por Mario Mesquita.
“Em contrapartida, uma revisão expressiva no hiato do produto pelo Banco Central em direção a uma atividade mais aquecida poderia atenuar os riscos de uma flexibilização antecipada, algo que nos parece menos provável dadas as informações recentes sobre o ritmo de atividade econômica.”
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Por outro lado, ainda fica no foco a possibilidade de retaliação do governo norte-americano contra o Brasil, após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira por tentar dar um golpe de Estado após perder as eleições de 2022.
Neste sentido, também está no radar o alerta da Moody’s, de que bancos brasileiros estão sob ameaça de medidas que poderiam interromper operações transfronteiriças e afetar a confiança dos investidores.
Por sinal, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, voltou a criticar o Judiciário brasileiro e sinalizou que Washington prepara novas medidas contra o Brasil nos próximos dias, o que fez com que o Ibovespa diminuísse o ímpeto na reta final do pregão, mas ainda fechando nas máximas. Em entrevista à Fox News nesta segunda, durante visita a Israel, o chefe da diplomacia americana afirmou que o “estado de direito está se rompendo” no país após a condenação de Bolsonaro.
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No exterior a agenda hoje foi esvaziada. Além da decisão do Fed, ficam no foco as definições sobre juros na China, Japão, Canadá e África do Sul nos próximos dias. Para a decisão do Fed desta quarta-feira, espera-se recuo de 0,25 ponto porcentual nas taxas, embora o presidente dos EUA, Donald Trump, venha pressionando o Fed por mais. No fim de semana, o republicano disse que a expectativa é de “um grande corte”. Trump também renovou ontem pedido de emergência para que um tribunal de apelações dos EUA permita a demissão da diretora Lisa Cook, diretora do Fed.
Confira os destaques de ações:
- ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) subiu 1,66%, BRADESCO PN (BBDC4) valorizou-se 1,19% e SANTANDER BRASIL UNIT (SANB11) ganhou 0,49% — após perdas na semana passada de 2,4%, 2,55% e 1,8%, respectivamente. BANCO DO BRASIL ON (BBAS3), que fechou a semana passada com ganho acumulado de 5,5%, cedeu 2,2%. O índice do setor financeiro (.IFNC) avançou 0,88%, apoiado ainda por B3 ON (B3SA3), em alta de 3,24%.
- VALE ON (VALE3) avançou 0,88%, mesmo com a fraqueza dos preços do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian (DCIOcv1) fechou as negociações diurnas com decréscimo de 0,31%. Analistas do BTG Pactual elevaram o preço-alvo dos ADRs (recibos de ações negociados nos EUA) da mineradora para US$11, de US$10, mantendo recomendação neutra.
- PETROBRAS PN (PETR4) subiu 0,87%, passando a acompanhar a alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril sob o contrato Brent (LCOc1) fechou com elevação de 0,67%. A petrolífera anunciou no final da sexta-feira que concluiu a aquisição de uma participação de 27,5% no consórcio do bloco 4 de São Tomé e Príncipe, de acordo com comunicado ao mercado.
- ELETROBRAS ON (ELET3) avançou 3,02%, endossada por analistas do Itaú BBA, que reiteraram recomendação “outperform” para as ações e elevaram o preço-alvo para R$63,30, de R$54,90. “A empresa atualmente oferece uma das assimetrias de valorização mais atrativas em nossa cobertura (no setor elétrico), podendo também se tornar uma das melhores pagadoras de dividendos do setor”, afirmaram Fillipe Andrade e equipe em relatório.

ELET3: Itaú BBA elenca fatores para ter Eletrobras como preferida do setor
Banco revisa projeções de energia e RBSE, aponta potencial de valorização e dividendos altos, com investimentos em transmissão aumentando fluxo de caixa

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- YDUQS ON (YDUQ3) subiu 6,72%, acompanhada pela rival COGNA ON (COGN3), que encerrou em alta de 4,45%, com o alívio nas taxas dos DIs referendando uma recuperação dos papéis, após quedas mais expressivas na semana passada, de cerca de 8% e 5%, respectivamente.
- MAGAZINE LUIZA ON (MGLU3) valorizou-se 7,41%, encontrando suporte também no movimento da curva de juros para ampliar ainda mais o ganho desde agosto. Após fechar o oitavo mês do ano com alta de 16%, as ações do Magalu já acumulam uma elevação de cerca de 29% em setembro. Nesta sessão, o índice do setor de consumo na B3 (.ICON) subiu 0,63%.
- RD SAÚDE ON (RADL3) perdeu 3,93%, tendo como pano de fundo a notícia de que a rival Pague Menos avalia uma potencial oferta de ações. O plano que está sendo avaliado contempla uma oferta subsequente de distribuição primária de ações da rede de farmácias e secundária de ações de titularidade de fundos geridos pela General Atlantic, com valor aproximado de R$250 milhões. PAGUE MENOS ON (PGMN3), que não está no Ibovespa, encerrou com declínio de 4,45%.
- NATURA ON (NATU3) avançou 2,17%, em pregão com anúncio da empresa de que fechou acordo para a venda das operações da Avon na Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana (Avon Card) para o Grupo PDC. A operação contempla o pagamento de US$1 acrescido de um recebível de US$22 milhões da Avon Guatemala à subsidiária integral da Natura no México. A empresa reforçou que segue explorando alternativas para a Avon Internacional.
(com Estadão e Reuters)

