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Em mais um passo para a “limpeza” de seu portfólio, a Natura (NATU3) anunciou na manhã desta segunda-feira (15) ter celebrado acordo com o Grupo PDC para a venda das operações da Avon na Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana. Como parte do acordo, a Natura continuará fornecendo produtos acabados e atuará como licenciadora da marca nas regiões.
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O valor da transação foi de US$ 1,00 “simbólico”, além da pagamento de US$ 22 milhões em recebíveis que a Avon Guatemala deve à subsidiária da Natura no México, que deve ser pago no fechamento da operação.
A reação foi de instabilidade para as ações após o anúncio, mas os ativos fecharam com ganhos. Após abertura em queda, os ativos NATU3 fecharam com ganhos de 2,17%, a R$ 8,94.
O Bradesco BBI aponta que a notícia é positiva. Em primeiro lugar, pelo sentimento de que a venda de ativos descontinuados está se concretizando agora: de 41 países/operações a serem encerrados, a empresa tratou de seis nesta transação.
Segundo, pelos termos melhores do que o esperado — uma parte deficitária desses ativos avaliada em US$ 22 milhões (cerca de R$ 117 milhões, ou impacto positivo pro forma de 0,05 vez na dívida líquida — já considerando impostos, pois esse valor refere-se a US$ 22 milhões em dívida/recebíveis da Natura para Avon CARD que a empresa está recebendo de volta nesta operação).
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Os ativos da Natura à venda são, no geral, negativos em fluxo de caixa e, como consequência, o mercado em geral espera alguma deterioração da dívida líquida com a venda total desses ativos (até cerca de R$ 1,0 bilhão de impacto adicional). Essa transação é positiva para a redução da dívida líquida quando a venda da Avon Internacional for concluída, o que é naturalmente positivo para a tese.
“Agora, aguardamos a conclusão da venda ou encerramento das demais 35 operações/países da Avon Internacional. Destacamos que os resultados de curto prazo podem ser voláteis, mas a indicação de hoje reforça nossa recomendação outperform [desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra], baseada no potencial de desbloqueio de valor, desde que o resultado consolidado e o fluxo de caixa convirjam para os números da Natura Cosméticos — o que é fundamental para uma reavaliação estrutural”, concluem o banco.
O JPMorgan ressalta a movimentação como um pequeno ponto positivo. Por um lado, demonstra progresso na cisão da Avon — um passo importante para a simplificação dos negócios e maior foco nas operações da América Latina. Por outro lado, o banco observa que a Avon CARD é a menos problemática das verticais da Avon que estão classificadas como “mantidas para venda” desde o 2º trimestre de 2025.
Além disso, a venda da Avon CARD não resolve os problemas de queima de caixa relacionados às operações da Avon Internacional. “Apesar de ser um passo inicial pequeno, a venda da Avon CARD provavelmente será bem recebida pelos investidores, pois sinaliza a continuidade da execução do plano de longo prazo de foco na América Latina”, avalia o JPMorgan. O banco aponta que, com as ações negociadas a 9 vezes o P/L (múltiplo de preço sobre o lucro) ajustado para 2026, mantém a recomendação neutra para a Natura.
A Ativa ainda reforça que a empresa segue buscando alternativas para a Avon International, que é classificado como ativo mantido para venda.
A XP Investimentos reforça que este é um sinal importante de que o plano de desinvestimento está evoluindo, embora os investidores devam permanecer céticos quanto a uma resolução completa, dado o perfil de queima de caixa dos outros ativos e as dúvidas sobre a viabilidade econômica dos próximos desinvestimentos, caso ocorram.
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“Nesse sentido, acreditamos que um cenário pessimista poderia deixar US$ 250 milhões para o comprador realizar eventuais ajustes pendentes na Avon Internacional — o que representaria cerca de 11% do valor de mercado atual ou cerca de 5% se considerarmos o saldo de caixa da Avon Internacional”, avalia.
A XP mantém recomendação de compra para NATU3, pois acredita que a empresa será capaz de executar o plano de desinvestimento da Avon Internacional, enquanto os analistas estão construtivos quanto aos ganhos da Onda 2 no negócio principal.
