Ação da Embraer (EMBR3) cai 7,4% e é novamente destaque de queda do Ibovespa, com investidores de olho em evento em Paris

Assim como na véspera, a Embraer fez vários anúncios de contratos e parcerias, mas que não foram suficientes para animar o mercado com os papéis

Lara Rizério

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Por mais uma sessão, as ações da Embraer (EMBR3) tiveram forte baixa, com o noticiário relacionado à Paris Air Show não sendo suficiente para animar o mercado. Os ativos fecharam a sessão desta quarta-feira (21) em queda de 7,42%, a R$ 17,83, liderando novamente as baixas do Ibovespa na sessão.

Assim como na véspera, a Embraer fez vários anúncios, dentre eles de que está voltando ao mercado chinês com um
acordo para converter jatos de passageiros em cargueiros em parceria com uma empresa da cidade de Lanzhou.

Apesar da forte queda das ações, o JPMorgan destacou que houve notícias positivas  para a companhia em termos de serviços.

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Durante o 3º dia do Paris Air Show, a Embraer fez 5 anúncios, incluindo uma Letter of Agreement (LoA), ou carta de acordo, com o Lanzhou Aviation Industry Development Group para a conversão de 20 E-Jets para cargueiros, de modo que o Lanzhou Group se torna o primeiro cliente da conversão P2F (passenger-to-freighter) na China.

“Nós estimamos que esta nova LoA adiciona cerca de US$ 100 milhões à carteira de pedidos da Embraer, assumindo um
preço de conversão de US$ 4-6 milhões por aeronave, levando a uma carteira de pedidos de cerca de US$ 17,6 bilhões, incluindo pedidos de ontem da Binter e da American Airlines”, apontam os analistas do JPMorgan.

A Embraer também anunciou hoje: i) a assinatura de um contrato de serviços de longo prazo do Programa Pool com a Star Air, para apoiar a frota em expansão dos E175 da companhia aérea da Índia; ii) a assinatura de uma extensão de contrato com a Amelia para o Programa Pool, compreendendo o suporte de sua frota de 13 e-jets; iii) o lançamento da nova geração do sistema AHEAD (Aircraft Health Analysis and Diagnosis) e iv) parceria com a GKN Aerospace com foco na adoção de
tecnologias de hidrogênio na aviação.

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“Nós vemos os anúncios de hoje como positivos, mostrando a capacidade da Embraer de continuar crescendo em Serviços &
Suporte, um segmento com altas margens e receitas estáveis”, avaliam os analistas, que possuem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ADRs (recibo de ações, ou ativos negociados na Bolsa de Nova York) da empresa.

Na véspera, as ações fecharam em baixa de 4,65%, também liderando as quedas do índice, com analistas vendo os anúncios como decepcionantes, mas ainda com boas expectativas pelos dias seguintes do evento.

Cabe destacar que a Paris Air Show é uma das maiores e mais importantes feiras da indústria aeroespacial do mundo. O evento ocorre a cada dois anos no aeroporto de Le Bourget, um dos mais antigos e históricos da França, nos arredores de Paris, e atrai participantes de todo o globo, incluindo empresas, profissionais e entusiastas da aviação. A feira começou no dia 19 e se estenderá até domingo (25).

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O Paris Air Show é um ambiente propício para negociações comerciais e assinatura de contratos. As fabricantes de aeronaves podem se envolver em discussões com companhias aéreas, operadores de aeronaves, empresas de leasing, agências governamentais e outros parceiros comerciais em potencial. Essas negociações podem resultar em pedidos de aeronaves, acordos de manutenção e serviços e outras formas de cooperação comercial.

A Levante Corp destaca que, até a noite da véspera (que se somam aos anunciados desta manhã), a companhia havia anunciado seis pedidos firmes para o E195-E2 para a Binter, com entregas a partir do 2S24 e com adição de US$ 504,7 milhões no backlog, e 7 pedidos firmes do E175 para a American Airlines, com entregas a partir do 4T23, adicionando US$ 403,4 milhões na carteira de pedidos.

A companhia também trouxe informações sobre empresas de leasing que são suas clientes. A Avalon irá arrendar 10 E195-E2 novos para a Porter Airlines, e a Azorra foi o cliente que pediu 15 E195-E2s em janeiro. Já a Eve, subsidiária da Embraer engajada com o projeto do “carro voador”, anunciou três cartas de intenção que preveem a venda de até 150 eVTOLs. Uma delas inclui a compra de 70 aeronaves pela Voar no Brasil e a venda potencial já está inclusa na carteira potencial de 2.770 eVTOLs da empresa.

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Outro anúncio feito pela Embraer diz respeito à Republic Airways, uma das maiores operadoras regionais dos Estados Unidos, que irá se juntar ao grupo de consultoria para desenvolver aeronaves da Família “Energia” da Embraer.

“Entendemos que os anúncios da Embraer até agora foram fracos. Em 2022, a companhia conseguiu garantir 28 pedidos firmes. Por outro lado, o evento ainda não acabou e a empresa pode anunciar novos pedidos nos próximos dias, como ela já fez em edições anteriores”, apontou.

Um destaque apontado pela Levante é que a Airbus fechou o maior pedido de aviação comercial da história, com mais de 500 aeronaves para a IndiGo.

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“Isso é um presságio positivo para a Embraer, já que indica que seus aviões regionais podem capturar a forte demanda existente na Índia. Em suma, apesar da entrada fraca de pedidos firmes, seguimos confiantes na Embraer, considerando a competitividade de suas aeronaves regionais e também o fato de que o potencial da Eve não parece adequadamente incorporado às ações – mesmo que existam riscos de projeto no desenvolvimento do eVTOL. Ainda é cedo para afirmar que a empresa terá uma performance fraca no evento, mas seguiremos monitorando o desenrolar da feira”, finalizou, em relatório.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.