O céu é o limite para Embraer: bancões aderem à “super tese” e ação segue disparada

Após Morgan Stanley dobrar preço-alvo para ADRs, desta vez o JPMorgan passou a ter target de US$ 40, enquanto Goldman reforçou compra

Lara Rizério

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A Embraer (EMBR3) seguiu a sua trajetória de forte alta na sessão desta sexta-feira (22) e acumulando ainda mais ganhos no ano, com mais grandes bancos reforçando teses bastante positivas para a fabricante brasileira de aviões comerciais e executivos. No pregão desta sexta, EMBR3 saltou 7,93%, a R$ 33,35, levando a ação a subir 48% no acumulado do ano e 36% só em março, destacando-se como a maior alta disparada no período entre as ações do Ibovespa.

O destaque na semana passada ficou com o Morgan Stanley, que dobrou o preço-alvo para os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa americana) da companhia. O preço-alvo foi de US$ 19,50 para US$ 40,00 (elevação do target em 105%), com os analistas destacando a empresa “como o terceiro player no mercado de aeronaves comerciais, ganhando espaço e possivelmente quebrando o duopólio de Boeing e Airbus”. Já nesta semana, os analistas do banco reiteraram a visão positiva logo após a divulgação do balanço (na segunda de manhã), seguiram com o top pick na companhia em aviação e destacou que a tese positiva está intacta.

Seguindo os passos do Morgan, no fim desta semana JPMorgan e Goldman Sachs reiteraram visão positiva e recomendação de compra para os ADRs e para EMBR3, negociada na B3.

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O JPMorgan, por sinal, elevou o preço-alvo dos ADRs para os mesmos US$ 40 estabelecidos pelo Morgan na semana passada (ainda um potencial de alta de 62% em relação ao fechamento de quinta), enquanto o preço-alvo para EMBR3 subiu de R$ 28 para R$ 51 (upside de 65%), excluindo Eve (fabricante de EVTOLs, ou os conhecidos carros voadores). Incluindo a Eve, o valor justo subiria para US$ 58 e R$ 73 para os ADRs e EMBR3, respectivamente, levando a um potencial de alta superior a 130%.

Segundo os analistas do banco, as revisões para cima refletem: i) múltiplos mais elevados ao avaliarem as ações pelo método de soma das partes, que iria para 10,3 vezes, ainda com um desconto de cerca de 25% em relação aos pares; ii) redução do custo médio ponderado de capital (WACC) para 9,4%, bem como uma revisão para cima nos lucros devido a campanhas recentes e perspectivas positivas de defesa. O banco vê a ação como atraente, com uma relação EV/Ebitda (EV = enterprise value, ou valor de mercado + dívida líquida”; Ebitda= lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) esperada para 2024 de 7,2 vezes, abaixo do nível histórico de 5 anos de 8,3 vezes.

O desconto ante os pares ocorre, apontam os analistas, apesar das melhorias no retorno e da perspectiva de crescimento superior, especialmente em defesa, que é negociada em múltiplos acima da média.

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Para o JPMorgan, o fluxo de notícias de curto prazo deve apoiar o rali das ações. O banco destaca que, embora o primeiro semestre seja sazonalmente fraco para a Embraer e nos últimos dois anos as ações tenham registrado uma correção significativa neste período, neste ano deve ser diferente, pois o fluxo de notícias de curto prazo deve ser favorável.

Os principais gatilhos de curto prazo são i) a conclusão do processo de arbitragem envolvendo a Boeing, representando uma entrada de caixa potencial de US$ 300-400 milhões; ii) potencial pedido de aeronaves E-Jets E2 nos EUA, à medida que a empresa continua suas campanhas de vendas; iii) pedidos no segmento de defesa da Índia e da Arábia Saudita, bem como conversão de memorandos de entendimento com os Países Baixos, Áustria e República Tcheca de 11 aeronaves; e iv) reavaliação para a Eve, dadas as taxas mais baixas nos EUA e os avanços na certificação e no desenvolvimento.

O banco manteve sua estimativa de Ebitda para 2024, mas elevou para 2025 em 7%, refletindo um aumento equivalente nas receitas devido às perspectivas positivas para a defesa. “Vemos receitas no segmento em US$ 785 milhões contra previsão anterior de US$ 650 milhões. Além disso, o recente pedido da American Airlines também resultou em um aumento em nossas margens esperadas para 2025-26. Nossa estimativa de Ebitda para 2024 está 8% acima do consenso, e nossa estimativa para 2025 está 6% acima”, apontam os analistas.

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O Goldman, por sua vez, aumentou sua projeção média para o Ebitda da Embraer entre 2024 e 2027 em 7%, ressaltando que a companhia tem uma posição dominante no mercado de jatos regionais, onde a demanda impulsionada pela substituição está aumentando. Além disso, conta com uma posição forte no mercado de jatos executivos, onde a oferta/demanda permanece restrita, sua taxa de crescimento de defesa está reacelerando e seu maior contribuinte para o Ebitda continua sendo seu negócios de pós-venda, com margem mais alta.

“Continuamos com recomendação de compra para a ação”, destaca o Goldman, que elevou o preço-alvo de US$ 21 para US$ 35 para o ADR ERJ, ou upside de 41,5% em relação ao fechamento da véspera.

De acordo com compilação LSEG com analistas de mercado, de 13 casas que cobrem o ADR ERJ, onze têm recomendação de compra para os papéis e dois têm recomendação neutra.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.