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O dólar rompeu nos últimos dias um importante suporte técnico na região dos 5.600 pontos, patamar que não era perdido desde junho de 2024, reacendendo o debate sobre a continuidade da tendência de queda da moeda americana frente ao real.
Enquanto os fundamentos macroeconômicos ajudam a sustentar o viés de baixa — como o recuo global do dólar, a alta dos juros no Brasil e a entrada de capital estrangeiro —, o alerta continua sendo o risco fiscal.
“Para o dólar buscar níveis como 5.180 ou 5.100, será essencial manter o equilíbrio das contas públicas. Um aumento no risco país pode reverter esse movimento”, aponta o economista Rafael Perretti, da Clear Corretora.
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Já do ponto de vista técnico, analistas avaliam que o mercado ainda não confirmou com clareza a força do rompimento.
Para Pam Semezzato, analista técnica da Clear, o fechamento recente pode abrir espaço para uma reação compradora.
“A confirmação ou não do rompimento dependerá dos próximos candles. Se voltar acima dos 5.600 pontos, teremos sinal de falha no movimento de baixa”, avalia.
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A seguir, veja as análises completas dos especialistas sobre os caminhos possíveis para o dólar.
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Cenário externo e política monetária pesam no câmbio
A desvalorização do dólar ocorre em meio a uma combinação de fatores internos e externos. No plano internacional, a moeda americana perdeu força global diante do avanço da guerra tarifária, que tem distorcido fluxos comerciais e impactado negativamente a confiança na divisa.
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Além disso, o índice DXY — que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas — recuou nos últimos meses, contribuindo para um cenário de enfraquecimento da moeda.
Internamente, o Brasil foi beneficiado pela elevação da taxa de juros, o que impulsionou o ingresso de capital estrangeiro em busca de operações de carry trade.
“Com juros elevados, o Brasil se tornou mais atrativo para o investidor global, o que ajudou a pressionar o dólar para baixo”, explica Perretti.
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Segundo ele, o movimento de queda ganhou força no início de 2025, após um fim de ano anterior marcado por apreensão com a inflação e o desequilíbrio das contas públicas.
“Havia uma percepção exagerada de crise. Quando o mercado percebeu que o cenário não era tão dramático, houve uma realização da alta anterior e o dólar começou a perder valor de forma mais consistente.”
Ainda assim, Perretti alerta que o componente fiscal segue como o principal obstáculo para uma queda mais acentuada da moeda.
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“Para o dólar atingir níveis como 5.180, 5.150 ou até 5.100 pontos, será essencial que o governo avance no equilíbrio das contas públicas. Caso contrário, qualquer deterioração do quadro fiscal poderá elevar o risco país, o que levaria os investidores a buscar proteção justamente no dólar.”
Tendência vendedora se consolida, mas próximos pregões serão cruciais
Sob a ótica da análise técnica, o dólar rompeu uma região de suporte anual na faixa dos 5.600 pontos, além de ultrapassar para baixo uma zona de microacumulação observada durante o mês de maio.
Segundo Perretti, o rompimento desses dois níveis amplia a expectativa de continuidade da tendência de baixa, com um alvo projetado em 5.183 pontos para o médio e longo prazo.

A estrutura gráfica atual mostra o dólar abaixo da média móvel de nove períodos e também abaixo da antiga linha de suporte — que agora passa a atuar como resistência.
“Esse movimento reforça o viés de baixa. A tendência só seria invalidada em caso de retorno acima dessa resistência e das médias de curto prazo, o que indicaria um possível falso rompimento”, analisa.
Para Perretti, os próximos pregões serão determinantes para confirmar se a moeda manterá a trajetória de queda ou se retornará para uma zona de consolidação.
“A perda dessa região que servia de apoio há mais de um ano é muito significativa. No entanto, a confirmação da tendência depende da capacidade do dólar de se manter abaixo desses níveis.”
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Reação compradora nos próximos dias pode definir direção do dólar
Após os movimentos recentes observados no dólar futuro (WDO), a analista técnica Pam Semezzato traz uma leitura mais pontual da dinâmica gráfica de curto prazo.
Segundo ela, o ativo passou por um período de forte alta anteriormente, mas conseguiu devolver boa parte desse avanço e entrou em uma fase de lateralização na região dos 5.600 pontos — zona que se consolidava como suporte.
Nos últimos pregões, o WDO chegou a romper esse suporte, mas ainda sem apresentar um deslocamento significativo, o que, na leitura da analista, é essencial para confirmar a força vendedora e uma eventual tendência de baixa mais consistente.
“No pregão de terça-feira, o ativo fechou com um candle que sugere uma possível correção do movimento de queda. A partir daqui, a presença da força compradora nos próximos candles será decisiva para indicar se o rompimento dos 5.600 foi legítimo ou uma falha de rompimento.”
Caso o preço volte a fechar acima dos 5.600 pontos — que agora atua como resistência — o cenário de falso rompimento se confirma, o que pode indicar uma retomada da força compradora no curtíssimo prazo.
Por outro lado, se o ativo seguir abaixo dessa faixa e mostrar maior amplitude nos movimentos de baixa, a tendência de queda será reforçada.
Nesse caso, os alvos mais próximos projetados por Semezzato são 5.500 e 5.420 pontos, sendo este último um suporte mais forte e relevante. Já no cenário alternativo, em que o dólar futuro volte a se valorizar acima dos 5.600, as resistências imediatas ficam em 5.785, 5.830, 5.910 e 6.030 pontos.
“Esse ponto de inflexão atual exige cautela. Ainda não há confirmação clara de continuidade da queda, e o comportamento dos próximos candles será determinante para definir a direção do ativo”, conclui a analista.
(Rodrigo Paz é analista técnico)
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