Dados fracos da China, IBC-Br no Brasil e mais assuntos que vão movimentar o mercado hoje

Investidores também seguem a repercussão das falas de Roberto Campos Neto e Paulo Guedes na véspera

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Os principais mercados mundiais operam perto da estabilidade nesta quarta-feira (15), enquanto a sessão foi de queda para as bolsas chinesas em meio aos dados de vendas no varejo e de produção industrial chinesa confirmando desaceleração ao virem mais fracos do que o esperado, impactados pela variante Delta do coronavírus.

Enquanto isso, a inflação nos países desenvolvidos segue no radar dos investidores. O CPI, ou a inflação ao consumidor, americano de agosto, divulgado ontem, veio abaixo do esperado, mas ainda em patamar bastante elevado. Já o dado do Reino Unido, divulgado hoje, mostrou o maior número em nove anos.

Por aqui, na véspera, as declarações de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central – destacando que o Banco Central levará a Selic para onde for necessário, mas não irá alterar seu plano de voo a cada número de alta frequência que sair -, levaram casas de análise a ajustarem as suas expectativas de alta de juros para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana (veja mais clicando aqui).

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Na agenda econômica, o destaque fica para a divulgação pelo Banco Central da chamada prévia do PIB, o IBC-Br de julho. Confira os destaques:

1. Bolsas mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros americanos têm leves altas nesta quarta (15).

Na terça, o Dow Jones caiu 0,8%, em meio a temores de investidores quanto ao ritmo de recuperação econômica e as próximas medidas a serem adotadas pelo Federal Reserve. Na segunda, o índice havia tido alta, interrompendo uma sequência de cinco quedas.

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Também na terça, o S&P recuou 0,6%, e o Nasdaq perdeu 0,5%. Foi o quinto dia de perdas consecutivas para o Nasdaq. E em seis dos últimos sete dias o Dow registrou perdas.

O mês de setembro é, historicamente, negativo para as bolsas americanas, que registram em média queda de 0,56% no mês desde 1945, segundo dados da CFRA.

Na terça, foi divulgada uma alta menor do que o esperado para a inflação no país em agosto. O índice de preços ao consumidor teve alta de 5,3% em relação a um ano antes, e de 0,3% em julho. Quando se excluem alimentação e bebidas, o índice teve alta de apenas 0,1% no mês. A alta ficou abaixo da estimativa, mas ainda assim indica que a inflação está forte nos Estados Unidos.

Papéis ligados à recuperação econômica após a pandemia de Covid tiveram quedas na terça. Este foi o caso dos papéis da United Airlines, que perderam 2,1%; o Bank of America perdeu 2,6%; e a General Eletric recuou 3,9%.

Ásia

As bolsas asiáticas tiveram em sua maioria quedas nesta quarta, com investidores reagindo à divulgação de dados sobre vendas no varejo relativos a agosto na China, que indicaram ritmo muito mais lento do que o esperado, de 2,5%, frente a 7% antecipados por analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters.

A produção industrial cresceu abaixo da expectativa, em 5,3% em agosto, frente à expectativa de alta de 5,8%.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng perdeu 1,6%. Ações do setor de cassinos tiveram fortes perdas em meio a temores sobre regulações mais rígidas, após Macau iniciar uma consulta pública sobre jogos.

Na China continental, o Shanghai composto recuou 0,17%; no Japão, o Nikkei recuou 0,52%; e na Coreia do Sul, o Kospi avançou 0,15%.

Europa

Na Europa, o índice Stoxx 600 tem uma leve alta, com destaque negativo para ações do setor de viagem e lazer, que têm queda de 1,1%, enquanto que aquelas do setor de petróleo e gás avançam 0,6%.

Investidores se mantêm atentos para as eleições de 26 de setembro na Alemanha, que definirá a sucessão da chanceler Angela Merkel. As pesquisas indicam que a disputa está acirrada e o resultado é incerto.

Leia também: Por que é preciso se preparar agora para investir em 2022?

No Reino Unido, a inflação subiu 3,2% em agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior, após uma alta de 2% em julho na mesma comparação, de acordo com dados do Escritório para Estatísticas Nacionais. Foi o maior patamar em nove anos. Além disso, o avanço de 1,2 ponto percentual em um mês foi o mais forte desde o início do registro dos dados, em 1997.

Além disso, na terça-feira o Instituto para Finanças Internacionais (IFF na sigla em inglês) afirmou que a dívida global cresceu ao patamar recorde de US$ 300 trilhões no segundo trimestre. Mas a relação entre dívida e PIB recuou pela primeira vez desde o início da pandemia de Covid.

Veja os principais indicadores às 7h55 (horário de Brasília):

Estados Unidos

*Dow Jones Futuro (EUA), +0,18%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,25%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,29%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), +0,07%
*Dax (Alemanha), -0,12%
*CAC 40 (França), -0,56%
*FTSE MIB (Itália), -0,23%

Ásia

*Nikkei (Japão), -0,52% (fechado)
*Shanghai SE (China), -0,17% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -1,84% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +0,15% (fechado)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +1,18%, a US$ 71,29 o barril
*Petróleo Brent, +1,06%, a US$ 74,38 o barril
*Bitcoin, +2,72% a US$ 47.120,52
*Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian registram queda de 2,94%, cotados a 692,5 iuanes, equivalente hoje a US$ 107,64 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,43

2. Agenda

Brasil

9h: Prévia do PIB de julho medida pelo IBC-Br, divulgada pelo Banco Central, com consenso Refinitiv de alta de 0,4% na comparação mensal
9h30: Roberto Campos Neto, presidente do BC, e os diretores Fernanda Guardado e Otavio Damaso participam de anúncio de medidas da Agenda BC# Sustentabilidade
9h30: CPI da Pandemia ouve o advogado Marconny Albernaz de Faria, suspeito de ter atuado como lobista da Precisa Medicamentos na tentativa de venda da vacina Coxavin para o Ministério da Saúde
14h30: Fluxo cambial semanal

Estados Unidos

8h: Associação dos Banqueiros Hipotecários (MBA na sigla em inglês) divulga dados sobre pedidos de hipotecas e seu índice de compras
9h30: Dados de preços de produtos importados
10h15: Produção industrial de agosto
11h30: Estoques de petróleo semanal até dia 10, divulgados pela Agência Internacional de Energia

Europa

9h30: Isabel Schnabel, do Banco Central Europeu, realiza um pronunciamento
12h: Philip Lane, do BCE, realiza um pronunciamento

Japão

20h30: Balança comercial
20h50: Dados sobre exportações

3. Covid, vacinação e CPI

Na terça (14), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 520, patamar 19% abaixo daquele de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 709 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em 7 dias foi de 15.165, queda de 33% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 12.617 novos casos.

Chegou a 139.273.434 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 65,29% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 75.579.345 pessoas, ou 35,43% da população.

A dose de reforço foi aplicada em 152.679 pessoas, ou 0,07% da população.

Com o voto de seis ministros até agora, o Supremo Tribunal Federal decidiu confirmar a decisão do ministro Ricardo Lewandowski que obriga o Ministério da Saúde a garantir o envio de vacinas suficientes ao Estado de São Paulo para completar a aplicação da segunda dose na população.

A liminar concedida ao Estado em agosto por Lewandowski foi confirmada até agora, no plenário virtual da corte, pelos ministros Carmem Lúcia, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Rosa Weber e Edson Fachin, fechando maioria de seis entre os 10 ministros atualmente na corte –a vaga deixada pela aposentadoria de Marco Aurélio Mello ainda não foi preenchida.

Na ação, São Paulo alega que mudanças nos critérios de distribuição de doses por parte do Ministério da Saúde retirou, “de forma imediata e descabida”, 228 mil doses de vacinas da Pfizer do Estado.

De acordo com a explicação do Ministério da Saúde, a mudança nos critérios aconteceu porque o país deixou de vacinar apenas por grupos prioritários e passou a atender a população em geral.

No critério anterior, São Paulo recebia mais vacinas do que sua participação proporcional na população brasileira por ter mais profissionais de saúde e de outras áreas, mais pessoas com comorbidades, e assim por diante.

Em seu voto, Lewandowski reconhece que os critérios podem ser alterados, mas afirma que “qualquer alteração da política nacional de distribuição de vacinas precisa ser prévia e tempestivamente informada aos entes federados, sendo de rigor conceder-lhes um prazo razoável para adaptarem-se às novas diretrizes”.

A disputa por doses de vacinas abriu uma nova guerra entre o Ministério da Saúde e o Estado de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), ex-aliado, mas atualmente inimigo político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Nesta semana, o Estado ficou sem vacinas para aplicar a segunda dose em pessoas que tomaram o imunizante da AstraZeneca, e liberou a aplicação de Pfizer como segunda dose para quem tomou o imunizante da AstraZeneca.

Além disso, na terça a CPI da Covid no Senado aprovou um requerimento para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) determine ao governo federal a suspensão de todos os contratos que usem o FIB Bank como instituição garantidora, e também que o Tribunal de Contas da União (TCU) faça uma auditoria nesses contratos.

Durante a reunião da CPI, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que o FIB Bank emitiu garantias a órgãos federais no valor de R$ 600 milhões. Apesar do nome, o FIB Bank não é uma instituição financeira, mas emitiu de forma suspeita uma carta-fiança que foi dada como garantia pela Precisa Medicamentos nas negociações da vacina indiana contra coronavírus Covaxin, produzida pela Bharat Biotech. As suspeitas sobre o contrato da Precisa resultaram na abertura de um inquérito sobre Jair Bolsonaro por suspeita de prevaricação.

Na terça, a comissão ouviu o advogado Marcos Tolentino, suspeito de ser sócio oculto do FIB Bank.

“O governo federal, mesmo avisado pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal, aceita uma carta bancária que não era bancária, uma carta fidejussória, de um banco que não é banco, cujos sócios estão sendo questionados aqui, num valor que ela não tem condições depois de honrar”, disse Simone Tebet.

Tolentino nega ser sócio oculto da empresa. Após suspeitas de irregularidades, o governo cancelou o contrato de compra da Covaxin que previa a compra de 20 milhões de doses ao custo de R$ 1,6 bilhão, o valor mais alto por imunizante contratado.

Nesta quarta, a CPI ouve o suposto lobista Marconny Albernaz de Faria, que é apontado como suposto intermediário da Precisa Medicamentos.

Documentos obtidos pela CPI também indicam que um dos filhos de Bolsonaro, Jair Renan, abriu uma empresa de eventos com ajuda de Marconny, com quem trocou ao menos 100 mensagens. Conversas registradas no celular de Marconny foram copiadas a pedido do Ministério Público Federal no Pará e enviadas à CPI.

A Justiça autorizou a condução coercitiva de Marconny caso ele não compareça.

4. Falas de Campos Neto e de Paulo Guedes

Os jornais seguem a repercussão das falas de Roberto Campos Neto na véspera. O presidente do BC disse que elevará a taxa Selic ‘aonde precisar’ para o controle da inflação, mas que ‘não mudará o plano de voo da política monetária’.

“Boa parte do mercado interpretou a fala como uma reiteração do último Copom, que explicitamente defendeu aumento de 1 ponto percentual na Selic na reunião da semana que vem. Com isso, já durante a manhã de ontem, preços e expectativas se acomodaram para ajuste dessa magnitude”, aponta a equipe de análise da XP. Veja mais sobre a reação do mercado às falas de Campos Neto clicando aqui. 

Paulo Guedes, ministro da Economia, por sua vez, disse que a não aprovação da reforma do Imposto de Renda, possível fonte de financiamento para o novo Bolsa Família, poderia significar a reedição do auxílio emergencial pelo governo. O ministro também reforçou que tem mantido diálogo com o Legislativo e o Judiciário para a solução dos precatórios no orçamento.

No radar político, após a escalada de tensão com o Supremo Tribunal Federal (STF) nas semanas anteriores, o presidente Jair Bolsonaro fez um aceno na terça-feira e disse que não há como não acreditar no futuro do país sem o entendimento com os Poderes Judiciário e Legislativo.

“Não tem como nós não acreditarmos no futuro desta nação tendo aí o Legislativo, tendo o Judiciário cada vez se entendendo mais para o bem comum de todos nós”, afirmou ele, durante a entrega do Prêmio Marechal Rondon de Comunicações, no Palácio do Planalto.

Segundo Bolsonaro, o governo conversa com todo mundo, destacando que a premiação é um reconhecimento a todos que colaboram com o governo e o Brasil. Um dos agraciados foi o ministro do STF e ex-presidente da corte Dias Toffoli.

Por outro lado, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu, devolver a Medida Provisória que  Bolsonaro  editou há uma semana alterando o Marco Civil da Internet e limitando a remoção de conteúdos publicados nas redes sociais.

O movimento de Bolsonaro, feito às vésperas das manifestações de 7 de Setembro, serviram como elemento adicional para mobilizar sua base de apoio nos atos críticos ao Poder Judiciário e em defesa do seu governo e de aliados.

5. Radar corporativo

Grupo Soma (SOMA3) e Cia Hering (HGTX3)

O Grupo Soma informou por meio de fato relevante à CVM que a combinação de negócios com a Cia Hering, anunciada em abril, foi aprovada em assembleias das duas companhias na última terça.

Na sequência seu conselho de administração se reuniu e decidiu pela confirmação do cumprimento das condições suspensivas previstas no Acordo de Associação e no Protocolo e Justificação da Operação.

Também confirmou o valor da parcela em dinheiro a ser pago aos acionistas da Hering, após os ajustes previstos no acordo, no montante de R$ 9,5415843 por ação ordinária. Esse valor equivale, portanto, a R$ 7,9153303 por ação preferencial resgatável de emissão da Cidade Maravilhosa Indústria e Comércio de Roupas a ser recebida pelos acionistas da Hering.

Bradespar (BRAP4)

O Conselho de Administração da Bradespar aprovou aumento de capital da companhia em R$ 1,66 bilhão. Companhia afirma que aumento de capital, com bonificação de ações, tem objetivo de aumentar liquidez dos papéis e tornar ação atrativa a mais investidores.

Vibra (BRDT3)

A Vibra, antiga BR Distribuidora, prestou esclarecimento sobre questionamento da CVM sobre estimativas divulgadas em comunicado ao mercado de 1 de setembro de 2021, no âmbito do Investor Day.

As expectativas apresentadas baseiam-se em estudo de consultoria independente, refletindo um dos possíveis cenários diante das mudanças macroeconômicas e discussões envolvendo temas referentes à transição energética, informou a empresa.

A companhia reforça que não divulga projeções ou guidance de qualquer forma. Assim, quaisquer referências numéricas no referido material não possuem tal finalidade.

Com isso, a empresa incluirá em seu Formulário de Referência os dados citados e os excluirá como sendo projeções.

Plano & Plano (PLPL3)

A Plano & Plano  comunicou que realizará programa de recompra de ações com objetivo de adquirir até 6 milhões de ações ordinárias, ou de 9,33% dos papéis da companhia em livre circulação. O prazo se encerra em 13 de março de 2023.

Frigoríficos

A Arábia Saudita suspendeu importações de carne bovina oriundas de cinco frigoríficos do Brasil, que registrou dois casos atípicos de “vaca louca” no início deste mês, informou o Ministério da Agricultura na terça-feira.

Segundo a pasta, as cinco plantas estão em Minas Gerais, Estado em que um dos casos de vaca louca foi identificado. A segunda ocorrência da doença foi registrada em Mato Grosso.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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