Bitcoin freia aos US$ 17 mil e volta a recuar com temor de “inverno cripto” estendido; Chiliz sobe 12%

Segundo Coinbase, colapso da FTX conteve movimento positivo no mercado e afastou grandes compradores de ativos digitais

Paulo Barros CoinDesk

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Após flertar com os US$ 17 mil no feriado de terça-feira (15) na esteira da divulgação do índice de preços ao produtor nos Estados Unidos referente a outubro abaixo do esperado, o Bitcoin (BTC) perde força e volta ser negociado na faixa dos US$ 16 mil na manhã desta quarta-feira (16), refletindo o ambiente ainda incerto no setor em meio a dúvidas sobre quais empresas de fato estão expostas a um possível efeito dominó decorrente da falência da FTX na semana passada.

Às 7h, a criptomoeda era negociada em estabilidade em relação às últimas 24 horas, a US$ 16.747, e o Ethereum (ETH) recuava 2,4%, a US$ 1.231, no pior resultado hoje entre as criptos mais valiosas. Considerando o top 100 por valor de mercado, a maior queda é da Trust Wallet (TWT), token da carteira de mesmo nome, que cai quase 20% após rali de 80% recentemente.

Na ponta positiva, o destaque é a Chiliz (CHZ), que avança 11,9% nesta quarta a quatro dias do início da Copa do Mundo do Qatar. A Chiliz é a blockchain onde é emitida a maioria dos fan tokens, ativos muito ligados ao futebol – várias seleções que disputam o mundial possuem, inclusive o Brasil.

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Investidores seguem receosos que outras corretoras podem seguir o mesmo caminho da FTX. Segundo o Wall Street Journal, a plataforma de empréstimo Blockfi, que havia sido resgatada meses atrás pela corretora, está prestes a entrar também com pedido de falência, possivelmente utilizando o mesmo dispositivo legal semelhante à recuperação judicial no Brasil.

A Blockfi negou rumores de que a maioria de seus ativos era mantida na FTX, mas reconheceu na segunda-feira (14) que, além de ter depósitos na plataforma, tinha uma linha de crédito não junto à FTX que não tinha chegado a utilizar, além de obrigações devidas pela exchange.

Segundo Edward Moya, analista sênior da Oanda, uma possível falência da BlockFi poderia apresentar trazer o próximo teste de fogo para o mercado cripto.

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“O próximo dominó a cair parece ser a BlockFi”, escreveu Moya. “Era esperado que o contágio da FTX impactasse a BlockFi, apesar de sua recente negativa de que a maioria de seus ativos estava custodiada na FTX”.

Segundo relatório divulgado ontem pela exchange Coinbase, o colapso FTX interrompeu um movimento positivo nas criptomoedas e e deve estender o “inverno cripto” (período de baixa de preços).

“A combinação de aumento da taxa de hash e dos custos de energia, e agora preços mais fracos do BTC, leva a condições econômicas cada vez mais estressantes para os mineradores”, disse a nota assinada pelos analistas David Duong e Brian Cubellis.

Taxa de hash é uma medida do poder de computação dedicado à mineração de Bitcoin. Quando a taxa aumenta, a dificuldade para produzir a criptomoeda também cresce.

Moya, da Oanda, concorda com a visão mais pessimista, já que o cenário de contágio indefinido torna improvável que investidores de Bitcoin voltem tão cedo a abrir mais posições na criptomoeda.

“O Bitcoin está mostrando resiliência, mas é difícil imaginar que os investidores estejam prontos para voltar até aprendermos mais sobre o risco de contágio associado à FTX”, disse, ressaltando que, “se mais exchanges ou empresas de cripto pausarem retiradas ou limitarem atividades, provavelmente a pressão sobre as criptos voltará”.

Diante disso, usuários vêm correndo para sacar suas criptomoedas de corretoras, fazendo o que se chama de custódia própria – algo como criar uma “conta-corrente” na rede do Bitcoin e outras criptos, e guardar a senha em um cofre pessoal.

Segundo dados compilados pelo CoinDesk, a liquidez das exchanges se deteriorou significativamente após o colapso da FTX, com a profundidade do mercado caindo de 11.800 BTC para 7.000 BTC, o menor valor em cinco meses.

A profundidade do mercado refere-se ao grau de resiliência de um ativo a grandes ordens de compra e venda. Quanto maior a profundidade, mais líquido é o mercado e vice-versa. Quanto menos líquido, maior é a propensão de um ativo para grandes movimentos de preço – daí o aumento na volatilidade.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 16.747,93 -0,30%
Ethereum (ETH) US$ 1.231,89 -2,40%
Binance Coin (BNB) US$ 273,13 -1,10%
XRP (XRP) US$ 0,383864 +0,10%
Dogecoin (DOGE) US$ 0,088113 0,00%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Chiliz (CHZ) US$ 0,227939 +11,90%
Stacks (STX) US$ 0,244257 +8,10%
Algorand (ALGO) US$ 0,283296 +5,10%
Terra Classic (LUNC) US$ 0,00018212 +5,00%
Arweave (AR) US$ 9,61 +3,80%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Trust Wallet (TWT) US$ 1,87 -18,00%
Tokenize Xchange (TKX) US$ 8,03 -11,90%
Evmos (EVMOS) US$ 1,17 -5,60%
Cronos (CRO) US$ 0,071659 -5,00%
Chain (XCN) US$ 0,04718317 -5,00%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 16,07 -1,77%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 20,29 -4,51%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 19,61 -1,70%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 20,38 +1,39%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 14,50 -3,33%
Hasdex Crypto Metaverse (META11) R$ 32,10 -8,33%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 5,51 -1,60%
QR Ether (QETH11) R$ 4,65 -2,31%
QR DeFi (QDFI11) R$ 3,30 0,00%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 4,90 -3,92%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 17,47 -7,22%
Investo BLOKCI (BLOK11) R$ 78,83 -5,67%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta quarta-feira (16):

Hacker da FTX vira um dos maiores detentores de ETH

O hacker que desviou US$ 600 milhões da FTX na madrugada do último sábado (12) começou a movimentar os fundos roubados na terça-feira (15).

Segundo dados monitorados pela empresa de segurança PeckShield, o invasor converteu US$ 48 milhões da stablecoin DAI em 37.000 ETH.

A carteira agora possui mais de 288.000 ETH, tornando-se a 35º maior proprietária da criptomoeda.

Token ligado à FTX dispara 150%

O token SRM, da rede Serum, conectada à Solana (SOL) e ligada à FTX, disparou 100% ontem após os principais apoiadores do projeto se unirem em torno de um fork (bifurcação) de emergência na rede.

A comunidade reiniciou a rede do projeto após alertas de que sua segurança poderia ter sido comprometida pelo hack na FTX na sexta-feira (11).

O episódio fez o SRM despencar para US$ 0,12 no domingo (13), mas a providência dos apoiadores foi bem recebida pelo mercado e o ativo logo apresentou forte recuperação. Na terça-feira (15), já era negociado a US$ 0,32 e, hoje, ronda os US$ 0,31 – alta, portanto, de mais de 150%.

Circle anuncia integração do USDC com o Apple Pay

Estabelecimentos que aceitam pagamentos na stablecoin USDC já podem interagir com o Apple Pay, disse a Circle, emissora do criptoativo.

“Mercados NFT, jogos cripto, corretoras e carteiras, além de provedores de remessas internacionais, podem ajudar seus negócios a crescer, facilitando o pagamento com o Apple Pay e a Circle”, disse a empresa.

Em junho, a Circle adicionou suporte para a rede Polygon em sua plataforma de pagamentos e tesouraria em um movimento que ajudaria os desenvolvedores a automatizar os fluxos de moeda convencional para o USDC.

Paulo Barros

Editor de Investimentos