Com queda de preços, Bolsa vê crescer recompra de ações

Em valores, o número teve aumento de mais de 300%, pulando de R$ 2,9 bilhões para R$ 11,4 bilhões, segundo estimativa da Economática.

Estadão Conteúdo

(Artem Peretiatko/ Getty Images)

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A forte queda da Bolsa nos últimos meses desencadeou um movimento de recompra de ações por grandes empresas no Brasil para tentar manter o preço dos papéis. Só neste ano até o último dia 15, 16 companhias anunciaram novos programas de recompra de ações na B3, ante 11 em igual período do ano passado. Em valores, o número teve aumento de mais de 300%, pulando de R$ 2,9 bilhões para R$ 11,4 bilhões, segundo estimativa da Economática.

O objetivo da operação – adotada por empresas como Vale (VALE3), Vivo (VIVT3), Renner (LREN3) e Azul (AZUL4) – é gerar interesse pelas ações, garantir o valor de mercado em fase de baixa na Bolsa, usar os papéis para remunerar a diretoria ou para obter lucro no futuro.

Em 2022, foram 71 programas de recompra anunciados, com um valor estimado de R$ 76,2 bilhões, salto de quase dez vezes ante 2021. Devido ao amplo prazo para a realização da recompra, normalmente de 18 meses, o total de programas hoje em aberto passa de uma centena, ou cerca de 20% de todas as companhias listadas.

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Em valores, o maior programa hoje em vigor é o da mineradora Vale. Anunciada em abril do ano passado, a recompra de 500 milhões de ações equivale a 10% do total em circulação, e é estimada em R$ 41 bilhões (em valores da época).

Gustavo Pimenta, vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da empresa, diz que os papéis recomprados ficam em tesouraria e são posteriormente cancelados. Foram realizados três cancelamentos de ações desde o início do primeiro programa de recompra, em 2021.

“A recompra de ações demonstra nossa confiança no potencial de criação e compartilhamento de valor da Vale, e é uma das melhores opções de investimento para a companhia”, afirma o executivo.

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Remuneração

Em casos como o da Vale, quando a empresa cancela as ações e reduz a quantidade disponível no mercado, o valor porcentual pago em dividendos por ação sobe. Em outras palavras, quem tem uma ação e recebe R$ 1 em dividendos pode passar a receber um valor maior por causa da redução de ações em circulação.

É uma forma de a empresa recompensar o acionista e até elevar o seu valor de mercado. Para Jennie Li, estrategista da XP, o movimento é positivo para os investidores e chega a ser visto como uma forma de remuneração para quem tem ações da empresa na carteira de investimentos.

A Vivo fez movimento similar. Os papéis comprados no ano passado foram cancelados e a empresa já iniciou um novo programa de recompra neste ano.

“A robusta geração de caixa da Vivo nos permite entregar uma atrativa remuneração aos acionistas, tanto por meio de dividendos e juros sobre capital próprio quanto recomprando as nossas ações”, diz David Melcon, diretor de Finanças (CFO) da Vivo.

Além de cancelar ou remunerar executivos com as ações tiradas do mercado, as empresas podem usar esses programas para geração de caixa.

“As companhias podem recomprar ações e deixá-las em tesouraria para vender futuramente com lucro”, afirma Isabel Lemos, gestora de Renda Variável da Fator Administração de Recursos.

Não só empresas de grande porte na B3 têm programas de recompra de ações. A Sinqia (SQIA3), considerada uma “small cap” (empresa de baixa capitalização), também anunciou um programa de recompra de 7,4 milhões de ações, totalizando R$ 118,4 milhões.

“Não temos perspectiva de emissão de novas ações porque o preço não vale a pena. Pagamos o valor mínimo de dividendos exigido pela lei porque direcionamos o valor para investimento na própria empresa. Temos 77 mil acionistas, e mais de 76 mil deles são pessoas físicas. Elas sabem que a Sinqia é uma ação de crescimento”, diz Emerson Faria, diretor de Relações com Investidores da companhia.