Cogna (COGN3) tem se apoiado em digital para melhorar margens, mesmo com receitas menores, afirma CEO

Já para 2022, a expectativa é de crescimento de  margem e de receita, com um portfólio muito mais digital, aponta Rodrigo Galindo

Mitchel Diniz

Rodrigo Galindo, da Cogna (Foto: Divulgação)

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SÃO PAULO – Apesar de análises mistas sobre os resultados da Cogna (COGN3) no terceiro trimestre, Rodrigo Galindo, CEO da empresa, se mostra bastante otimista com o que a companhia entregou no período. “Estamos em ponto de inflexão, para que em 2022 a empresa seja mais forte em receita, com crescimento de margens”, afirmou Galindo em entrevista ao InfoMoney.

Entre julho e setembro deste ano, a holding de educação reduziu prejuízo em 25,2% na comparação anual, para R$ 121,8 milhões. A receita líquida somou R$ 1,168 bilhão, sofrendo uma retração de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o lucro antes do juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) 2,7% e a margem Ebitda recorrente alcançou 20,1%, com alta de 1,9 ponto percentual.

Enquanto as receitas do ensino à distância aumentaram em 17%, as do presencial recuaram 26,6%.

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Galindo explica que os números refletem uma estratégia adotada pela companhia em 2017, que deixa o ensino presencial para os cursos com maior LTV (life time value) e deposita o crescimento da economia no ensino digital e híbrido, cujo ticket médio é menor. “É o que está acontecendo. A gente já sabia que teria redução de receitas nos anos seguintes”, explica Galindo.

“A gente já pagou o preço dessa estratégia. Ao mesmo tempo em que ela traz uma redução de receitas, ela traz um aumento de margem. Então as margens estão aumentando por conta dessa decisão estratégica”, complementa o CEO da Cogna.

Para 2022, a expectativa é de crescimento de  margem e de receita, com um portfólio muito mais digital. A Cogna, inclusive, aposta no ensino à distância (EAD), que tem mensalidades significativamente mais baixas, como uma proteção para os efeitos da inflação.

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“Se por um lado a inflação afasta algumas pessoas, por outro, o fato de ter um curso com custo muito mais baixo aumenta sensivelmente a quantidade de pessoas disposta a entrar nesse curso”, explica Galindo.

Todas as unidades para ensino presencial da Kroton, principal fonte de receita da Cogna, voltaram a funcionar no terceiro trimestre. Mas a base de alunos nessa modalidade de ensino recuou 18,6%, apesar das captações terem aumentando 24,5% na comparação anual. Do ponto de vista dos custos, Galindo diz que a empresa conseguiu entregar as reduções necessárias para entregar uma boa margem, mesmo com as atividades presenciais retomadas. “A Kroton entregou 23,4% de margem Ebitda, já com todos os custos do presencial sendo incorridos”, afirmou.

Dentre as estratégias para otimização dos custos, a Cogna apostou na digitalização dos autoserviços para alunos, reduzindo os custos com mão de obra. Também renegociou contratos de aluguel, além de adotar uma estratégia de marketing digital que reduziu os custos de aquisição do cliente e as despesas de vendas. Outro destaque do balanço, foi a menor necessidade de provisão de créditos, por conta da melhora na adimplência.

“A adimplência identifica quantas faturas geradas em um mês foram pagas naquele mesmo mês. Esse indicador cresceu oito pontos percentuais no total”, ressalta Galindo.

A repercussão dos resultados

O Itaú BBA avaliou os resultados da Cogna, apontando que o número maior de matrículas (captações) no segmento presencial foi ofuscado por maiores desistências, já que a base de alunos diminuiu de tamanho. O ensino a distância continuou a ter resultados superiores à média do mercado e a ganhar participação no número consolidado. Segundo os analistas, a composição dos ganhos resultou em uma expansão atrativa da margem – o Ebitda superou a expectativa do BBA em 6%.

O Credit Suisse usou um tom mais pessimista, afirmando que as “as perdas de escala continuam” e destacou o EBITDA negativo em R$ 35 milhões da Vasta Educação, subsidiária da Cogna.

“Dizer que que o terceiro trimestre foi ruim para a Vasta é chover no molhado. Já sabíamos que não seria um ano bom [para a empresa], pois a segunda onda da pandemia coincidiu com a construção do ACV [anual contract value] de 2021. Agora com esse terceiro trimestre, a gente começa um novo ciclo comercial, com todo o esforço comercial para garantir uma boa receita para 2022”, explica Galindo.

“O total de contratos indica que a receita de subscrição vai crescer 32% no ano que vem. Estamos focados em garantir que 2022 seja a retomada da Vasta como 2021 foi a retomada da Kroton”, conclui o CEO.

Às 13h (horário de Brasília), as ações da Cogna caíam 0,72% a R$ 2,76.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados